UERJ será a primeira universidade a ser fechada pelo PMDB

O último período foi marcado por uma mudança profunda na fotografia do acesso ao ensino superior no Brasil. Entre 2002 e 2014, as vagas passaram de 113.263 para 245.983. Em 2002, 45 universidades federais e 148 campi estavam registradas, mas em 2014 já eram 63 universidades e 321 campi. A quantidade de cursos aumentou de 2.047 em 2002 para 4.867 em 2014. A principal iniciativa nesse campo foi o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) criado pelo Decreto 6.096/2007.

Outras ações contribuíram com a alteração desse quadro: Programa Universidade para Todos (Prouni) que oferece bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior fez a diferença no acesso dos estudantes de baixa renda; e também a ampliação de recursos para o  Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em cursos superiores não gratuitas na forma da Lei 10.260/2001.

Desde que Temer assumiu a condução do país em maio de 2016, temos registrado a mudança de rota na priorização da educação, em especial, do ensino superior. O corte de recursos no orçamento para custeio das universidades e para a pesquisa, a não abertura de novos investimentos na área, além da aprovação da PEC 55 que vai congelar os gastos públicos por 20 anos e impactando fortemente a educação.

A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), não é vinculada diretamente ao Governo Federal, mas não está isolada numa ilha. A mesma política aplicada pelo PMDB de Temer está em voga há algum tempo no Estado do Rio de Janeiro. E os efeitos? Serão os mesmos. Sucateamento, fechamento e, quando oportuno, privatização de equipamentos e empresas públicas.

Hoje (10), o reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, com apoio de antecessores, divulgou uma carta em que acusa o governo do estado de “desprezar o ensino superior” e “de forçar o fechamento” da universidade. No documento, chamado “A Uerj e o futuro do Rio de Janeiro”, ele cita a importância da Uerj — a 11ª colocada em qualidade entre as 195 universidades brasileiras, segundo ranking da Times Higher Education de 2016, e a 20ª entre todas as universidades da América Latina — para a economia do estado. Ao final, o reitor destaca que a Uerj vem sendo sucateada, “numa absoluta falta de visão estratégica por parte dos governantes do nosso estado”, e, sem citar o nome do governador Luiz Fernando Pezão, diz que “a Uerj e o estado são perenes, os governantes não”.

A carta é assinada também pela vice-reitora, Maria Georgina Muniz Washington, e tem o apoio dos ex-reitores Ivo Barbieri, Hésio Cordeiro, Antonio Celso Alves Pereira, Nilcea Freire, Nival Nunes de Almeida e Ricardo Vieiralves de Castro.

Garcia Marques afirma no documento que a Uerj, que vem agonizando com a crise financeira do estado, tem 35 mil alunos em seus cursos de graduação, mais de quatro mil em cursos de mestrado e doutorado e cerca de dois mil em cursos de especialização, além de 1,1 mil nos ensinos fundamental e médio (Instituto de Aplicação – CAp-Uerj). Fora o Campus Maracanã e das unidades externas, ele ressalta que a Uerj conta com o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), com mais de 500 leitos, dez mil internações ao ano e mais de 180 mil consultas ambulatoriais especializadas anuais.

Leia a carta na íntegra:

A Uerj e o Futuro do Rio de Janeiro

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ao longo das suas mais de seis décadas de existência, cresceu e firmou-se como uma das principais universidades do País. Atualmente, é a 11ª colocada em qualidade entre as 195 universidades brasileiras, segundo o ranking da Times Higher Education de 2016, e a 20ª entre todas as universidades da América Latina.

Quando se considera o item “inserção de seus alunos no mercado de trabalho”, a Uerj ocupa o 8º lugar e, no item “produção científica”, ela é a 9ª, segundo o ranking das universidades brasileiras da Folha de São Paulo.

São cerca de 35 mil alunos em seus cursos de graduação, nas modalidades presencial e de ensino a distância, mais de 4 mil em cursos de mestrado e doutorado, cerca de 2 mil em cursos de especialização e 1,1 mil nos ensinos fundamental e médio (Instituto de Aplicação – CAp-Uerj). Além do Campus Maracanã, dispõe-se em 13 unidades externas, constituindo seis campi regionais espalhados pelo Estado do Rio de Janeiro, colaborando com seu desenvolvimento regional.

São também da Uerj unidades de saúde, como o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), a Policlínica Piquet Carneiro (PPC) e a Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI), esta última um importante projeto de extensão, com várias premiações internacionais.

O HUPE é um dos maiores e melhores hospitais do Rio, com mais de 500 leitos, 10.000 internações/ano e mais de 180.000 consultas ambulatoriais especializadas/ano. A PPC é responsável por mais de 200.000 consultas/ano e cerca de 8.000 cirurgias ambulatoriais/ano.

Fica clara, portanto, a importância da Uerj no cenário educacional de nosso Estado, bem como seu impacto positivo para a nossa economia, preparando recursos humanos muito qualificados para as áreas da indústria, da tecnologia, do comércio, da educação, da saúde e da pesquisa avançada. Um sem-número de nossos alunos tornam-se inovadores e empreendedores, gerando empregos e riquezas para o Rio de Janeiro.

Todos sabemos que a criação de novas indústrias no Rio de Janeiro é um ambicioso projeto de nossos governantes. Como elas poderão se instalar e continuar a oferecer empregos, sem a geração da mão de obra necessária? Como produzirão renda, sem a capacidade instalada laboratorial necessária para gerar inovação? Como produziremos riqueza, sem o conhecimento?

Não há progresso sem educação! São senhores do tempo aqueles que elegem a educação como prioridade, ninguém mais duvida disso.

Foram tempos difíceis aqueles em que a educação não era considerada um direito. Árduos tempos em que se tenta a efetivação do direito à educação em todos os níveis.

Há anos, um enorme esforço tem sido exigido por nossa sociedade nesse sentido. O esforço de um batalhão de operários da educação, em todos os níveis, tem sido recompensado por instituições educacionais mais pujantes para abraçar os ideais de uma sociedade justa e fraterna.

Entretanto, a Uerj está sendo sucateada, numa absoluta falta de visão estratégica por parte dos governantes do nosso Estado, a quem incumbe o financiamento de uma universidade pública e inclusiva como a nossa.

Desprezar o ensino superior, a pós-graduação e a pesquisa é apostar na miséria, na violência e num futuro sem perspectivas positivas.

Forçar o fechamento da Uerj é não pensar no futuro de nosso estado e de nosso país.

A Uerj e o Estado são perenes, os governantes não.

Ruy Garcia Marques – Reitor

Maria Georgina Muniz Washington – Vice-reitora

Com o apoio de ex-reitores da Uerj: Ivo Barbieri, Hésio Cordeiro, Antonio Celso Alves

Pereira, Nilcea Freire, Nival Nunes de Almeida, Ricardo Vieiralves de Castro

Com informações dos jornais O Globo e Extra

Foto: Governo do Rio.

Fonte: Alerta Social.

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