UàE manifesta-se sobre a deportação sumária do prof. Adlène Hicheur

PROFESSOR

Na sexta-feira, 16 de julho, o prof. Adlène Hicheur, físico de partículas e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, teve seu visto de trabalho temporário suspenso e sofreu a deportação sumária do Brasil. Policiais Federais abordaram o professor por volta das 9h00, interrompendo uma conferência que realizava no momento e lhe deram uma hora para reunir pertences pessoais antes de ser conduzido coercitivamente ao aeroporto Tom Jobim (Galeão), de onde foi enviado para a França por volta das 22h00.

Apesar da intervenção do ANDES-SN e da Reitoria da UFRJ, que cobravam do Ministério da Justiça o direito à ampla defesa não houve sucesso, em nota o ministério afirmou:

“O Ministério da Justiça e Cidadania comunica que, acolhendo recomendação do Departamento de Polícia Federal, fundada no Estatuto do Estrangeiro e respectivo regulamento (2º do art.57 da lei nº86.715, de 1981), tendo em vista o indeferimento do pedido de prorrogação de autorização de trabalho no país, e dada a conveniência ao interesse nacional, autorizou a deportação sumária do cidadão franco-argelino Adlène Hicheur”.

O Prof. Adlène Hicheur foi condenado em 2009 por associação terrorista por acessar sites e trocar mensagens em um fórum. Seu processo judicial foi um dos exemplos mais polêmicos de condenação sem a existência de provas concretas de crimes. Apesar disso, o prof. Hicheur cumpriu sua pena e desligou-se de seu cargo em uma das mais prestigiadas instituições de Física de Partículas do mundo, transferindo-se para o Brasil na tentativa de construir uma nova vida. No início de 2016, a Revista Época levantou notícias de tabloides procurando associar o professor ao terrorismo internacional e convencer o público de que as agências de pesquisas, a UFRJ e o Governo Federal seriam coniventes com sua presença no Brasil. A ação virulenta realizada pelos jornalistas Filipe Coutinho, Ana Clara Costa e Hudson Corrêa, autores da notícia de tabloide, traz agora severas consequências para a vida do prof. Hicheur.

A deportação ocorre apenas um dia após o último 14 de julho, data nacional de comemoração da tomada da Bastilha, quando ocorreu novo atentado terrorista na França, na cidade de Nice, matando dezenas de pessoas e ferindo pelo menos uma centena – incluindo brasileiros. Portanto, não é difícil perceber o tom de histeria coletiva à qual o Governo brasileiro responde com uma deportação sumária, irresponsável e injusta – que nada mais fará do que contentar o gênero dos imbecis e envergonhar o país inteiro.

Sem esquecer que essa ação foi orquestrada ainda pelas mãos de Aloízio Mercadante, então Ministro da Educação, concedendo às inúmeras pressões políticas realizadas pelos monopólios de imprensa durante o processo de desestabilização política da presidenta Dilma – o golpe! – contudo, sua responsabilidade certamente deverá ficar para sempre registrada pelas mãos algozes do temporário Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

O editorial do UFSC à Esquerda condena veementemente a deportação sumária do prof. Adlène Hicheur. Contamos agora uma vergonha a mais para o país em nome de um pretenso “interesse nacional”. Felicitamos a reitoria da UFRJ pela responsabilidade e a coragem de estar do lado da verdade e da justiça, mas sobretudo pelo reconhecimento que as inúmeras contribuições do prof. Adlène Hicheur à consolidação da Física lhe daria, no mínimo, o direito de construir uma nova vida no Brasil. Por fim, o Terror do terrorismo não será extinto com os terrores de uma falsa-democracia. Fora Temer!

Fonte: Ufsc à Esquerda.

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