Turquia: partido de Erdogan vence eleições e consegue maioria no Parlamento

Partidárias do AKP celebram a vitória do partido nas ruas de Istambul

O AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento), do presidente Recep Tayyip Erdogan, conseguiu recuperar a maioria no Parlamento turco nas eleições realizadas neste domingo (01/11).

Com 97% das urnas apuradas, o governante AKP somava 49,4% dos votos, enquanto o social-democrata CHP (Partido Republicano do Povo), principal partido de oposição, somava 25,4%. O partido de centro-esquerda pró-curdo HDP (Partido Popular Democrático) e o ultradireitista MHP (Partido da Ação Nacionalista) superaram o mínimo de 10% de votos e também terão representação no Parlamento.

O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu, do AKP, declarou após a divulgação dos resultados que hoje era “um dia de vitória”. “Espero que nós possamos servi-los bem pelos próximos quatro anos”, disse em evento com apoiadores. Já a co-líder do HDP, Figen Yuksekdag, afirmou em entrevista coletiva que o resultado das eleições de hoje são resultado de uma política deliberada de polarização levada a cabo por Erdogan.

As eleições deste domingo foram convocadas em agosto por Erdogan após falharem as negociações para a formação de uma coalizão de governo no Parlamento. A convocação de novas eleições foi considerada uma manobra do AKP para conseguir maioria absoluta e governar sozinho, o que de fato se concretizou: projeções indicam que o partido pode conseguir 325 das 550 cadeiras do Parlamento, superando com folga as 276 cadeiras que configuram maioria.

Nos últimos meses na Turquia houve uma série de violentos ataques que atingiram especialmente os apoiadores da esquerda, em especial o HDP. Em junho, dois dias antes das eleições, um atentado durante o comício do líder do partido, Selahattin Demirtas, deixou dois mortos e 100 feridos.

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Agência Efe O presidente turco, Recep Erdogan, saúda apoiadores após votar hoje em Istambul. EFE

Em outubro, a Turquia sofreu o maior atentado de sua história recente, em que mais de 100 pessoas morreram na explosão de bombas durante uma manifestação convocada pela esquerda em prol da paz no país, na capital Ancara. Após a tragédia, pela qual o governo culpou o Estado Islâmico, o HDP acabou cancelando a maior parte dos eventos e diminuindo a intensidade de sua campanha. O partido passou dos 13% de votos que tinha conseguido em junho para pouco mais de 10% nas eleições realizadas hoje.

Além disso, com o rompimento do cessar-fogo entre membros do PKK (Partido de Trabalhadores do Curdistão, banido no país) e forças do governo em julho e a escalada da violência entre os dois lados, Erdogan foi acusado de usar o medo da população para conseguir votos para seu AKP, que insistiu durante a campanha que era o único partido capaz de restaurar a estabilidade no país.

Opositores do AKP tinham a esperança de que estas eleições pudessem ser uma oportunidade para frear o que consideram as crescentes tendências autoritárias de Erdogan, que se mostram, por exemplo, na perseguição a jornalistas.

Na última sexta-feira (30/10), dois dias antes das eleições, mais de 50 editores de diferentes veículos internacionais – como New York Times, France Presse e El Pais, entre outros – assinaram uma carta aberta a Erdogan para alertá-lo a respeito das violações que o país vem cometendo contra a imprensa. Em ranking realizado em 2015 sobre liberdade de imprensa, a Turquia ficou na posição 149, sendo o primeiro lugar ocupado pelo país com a maior liberdade; 180 países foram ranqueados.

Fonte: Opera Mundi.

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