Tribunal de Israel declara morte da ativista Rachel Corrie um acidente

(Português de Portugal).

Segundo o juiz, a morte de Corrie não se deveu a negligência do Estado, nem do exército, não sendo estes responsáveis por nenhuns danos causados, uma vez que os factos ocorreram no âmbito de “acções de tempos de guerra”. A activista poderia ter-se salvo afastando-se da zona de perigo “como qualquer pessoa razoável faria”, justificou o juiz Oded Gershon, ao apresentar a sua deliberação.

Com esta decisão, fica arquivado o processo civil que fora interposto pelos pais da activista, os quais acusavam o exército israelita de ter morto Corrie – ilegalmente, intencionalmente ou mesmo por grave negligência – e as autoridades israelitas de não terem levado a cabo uma investigação credível. O juiz determinou não haver direito a nenhuma compensação pela morte e determinou que os pais da activista, Cindy e Craig Corrie, oriundos de Olympia, no estado de Washington, paguem os custos do processo.

“Estamos obviamente profundamente tristes e perturbados com o que ouvimos do juiz Gershon. Achamos que a morte de Rachel podia ter sido evitada”, afirmou a mãe da activista já após a leitura da sentença. “Sabíamos claro, e desde o início, que um processo civil seria uma batalha muito difícil, pois Israel tem um sistema bem oleado para proteger os seus militares”, criticou ainda.

Rachel Corrie fora morta a 16 de Março de 2003, aos 23 anos de idade, na cidade de Rafah, na região sul da Faixa de Gaza, quando integrava um grupo de oito activistas do International Solidarity Movement, os quais se colocaram como escudos humanos para tentar deter o exército israelita de demolir casas de palestinianos em redor daquela cidade.

Naquela altura, a demolição de casas palestinianas na região por parte das autoridades israelitas era bastante comum, numa fase de uma grande intensidade de violência no conflito israelo-palestiniano, em que se registavam ataques de bombistas suicidas palestinianos com enorme frequência e o exército israelita agia com todo o seu poderio militar para combater os rebeldes.

Uma investigação feita pelo exército israelita à morte de Rachel Corrie concluíra não haver responsabilidades a ser atribuída aos militares, sustentando que a área em que os factos ocorreram estava a ser usada por rebeldes e que os activistas não deveriam estar numa zona militar.

Este inquérito concluiu ainda que a activista norte-americana não foi vista pelos soldados que avançavam com os bulldozers, tendo morrido devido à queda dos destroços da casa sobre ela – muito embora fotografias tiradas na ocasião, a mostrem envergando um colete de segurança, cor de laranja, e empunhando um megafone, parada no topo de um monte de terra em frente de um bulldozer militar que se aproximava para derrubar a casa de uma família palestiniana.

Testemunhas entre os activistas e palestinianos afirmaram em tribunal que o protesto feito no dia em que a activista foi morta durou mais de duas horas e que todos envolvidos na manifestação estavam claramente bem à vista do condutor do bulldozer. Para estes, Corrie foi deliberadamente esmagada.

Fonte: http://www.publico.pt/

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