“Trator e bala”: políticos ameaçam de morte famílias sem-terra acampadas em Alagoas

Segundo MST, ex-vice-prefeito de cidade vizinha e filho do antigo dono sugeriram "passar trator e bala" nos acampados

Trabalhadores vivem há 18 anos no Acampamento Mandacaru – MST. Reprodução Brasil de Fato

Por Erick Gimenes.

Dezenas de famílias sem-terra que vivem no Acampamento Mandacaru, no município de Traipu, no agreste de Alagoas, foram ameaçadas de morte por políticos da região, na noite de segunda-feira (5).

Segundo os acampados e acampadas, as ameaças partiram do ex-vice-prefeito da cidade de Girau do Ponciano (a 28 quilômetros de Traipu), Severino Correia Cavalcante, conhecido como Severino do Chapéu, além de Toinho Monteiro, filho do antigo dono da área.

Acompanhados de capangas, os dois exigiram que os camponeses deixem imediatamente a área, onde vivem por mais de 18 anos, sob ameaça de “passar com trator e bala” por cima de quem estiver por lá.

“Eles estiveram na área, encontraram poucas famílias no momento, pois elas estavam na roça. Além de tirarem a bandeira, deixaram o recado que as famílias teriam até o dia de ontem para sair de lá, porque hoje eles iriam para tirar as famílias à bala e passar o trator por cima das mesmas”, relata Débora Nunes, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

As famílias vivem no local há 18 anos e se dedicam à roça, principalmente à produção de feijão, milho, palma e criação de pequenos animais. Na área, há ainda uma escola de jovens e adultos.

No começo de 2020, mesmo após várias tentativas de negociação com o Poder Público, as famílias foram despejadas da área. Com a pandemia de coronavírus, elas foram autorizadas a voltar para a terra, em abril.

Segundo o MST, os órgãos competentes já foram acionados para acompanhar o caso e garantir a segurança dos acampados. “Nós não podemos permitir que, em tempos de pandemia, em tempos de crise aprofundada, famílias sejam despejadas, percam a possibilidade de estar na terra tirando seu sustento, através da produção de alimentos saudáveis”, afirma Débora Nunes.

A reportagem do Brasil de Fato tentou entrar em contato com Severino Correia Cavalcante e Toinho Monteiro mas não obteve resposta até o momento da publicação.

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