Trabalhadores dos Correios seguem em Greve Nacional com mais de 30 sindicatos em luta

O desmonte do Estado brasileiro ganhou mais um capítulo esta semana com o anúncio de que os Correios podem ser os próximos a entrar na lista de privatizações do governo golpista de Michel Temer. Por esta e outras razões, como a restrição do ticket alimentação, mudanças no pagamento do plano de saúde e reajuste salarial, os funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) completam quarto dia da greve, neste sábado.

Como justificativa para a venda da estatal, o governo alega que a empresa registrou um déficit de R$ 1,5 bilhão no ano passado. Contrária à privatização, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect) diz que descapitalização da empresa ocorreu por conta da redução de investimentos para garantir o superávit primário. Segundo o secretário-geral da entidade, José Rivaldo da Silva, os Correios têm solução e basta vontade política para fazer a estatal voltar a lucrar.

Segundo ele, o governo vem transferindo parte dos negócios para a iniciativa privada, fechando agências próprias, o banco postal e o serviços logísticos que atendem ao e-commerce. “Nós queremos fortalecer a empresa. Além da marca, que é muito grande, os nossos serviços sempre foram bons. A solução não é privatizar. Os Correios têm solução, tem muito serviço a prestar”, ressalta.

Por meio da Assessoria de Imprensa, os Correios disseram que a privatização é uma “questão de Estado” e que, atualmente, a estatal passa por um “processo profundo de reestruturação para reerguer a empresa com a ajuda de todos os empregados”.

Para José Rivaldo, os Correios poderiam também atuar para garantir a presença do Estado nas pequenas cidades, prestando serviços à população, e, assim, cumprindo um papel social. “Os Correios são uma empresa de integração nacional, têm muitas cidades do país que só têm os Correios, nem a presença do governo federal têm. Poderia ser criado um modelo de negócio para os Correios oferecerem outros serviços, dando cidadania às pessoas, tirar o RG nos Correios, fazer a carteira de trabalho nos Correios”, afirma.

Segundo a Fentect, que reúne 31 sindicatos da categoria, antes da deflagração da greve, foram mais de 50 dias de negociação sem sucesso. A paralisação atinge 21 estados e o Distrito Federal e, apesar de parcial, o movimento vem ganhando adesão. Os Correios contam com mais de 6.500 agências próprias pelo país, fora as mil franqueadas, que não participam da greve. Os empregados lutam por um reajuste salarial de 8% mais a correção inflacionária e contestam a venda da empresa e a demissão de funcionários.

Em nota, a empresa “afirma que continua disposta a negociar e dialogar com as representações dos trabalhadores na busca de soluções” e informou que 91.3% do efetivo está trabalhando, assim organizará um mutirão neste fim de semana para colocar em dua a entrega de cartas e encomendas.

 

 

Fentect prepara Ato Nacional em Brasília

Em nota oficial, a Fentect alega que a ECT não apresentou nenhuma proposta formal e aguarda audiência de mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que poderá ser realizada na próxima segunda-feira (25) ou terça-feira (26). A Federação, ligada à CUT,  chama atenção quanto à proposta genérica apresentada à Findect, outra federação que reivindica a representatividade da categoria, que não possui valor legal frente ao MTE. Assim, o Comando Nacional de Mobilização e Negociação da FENTECT (CNMN-FENTECT) orienta os sindicatos a fortalecerem a greve (hoje são 30 que participam do movimento paredista) e informa que um ato nacional em Brasília em protesto contra a privatização dos Correios está em preparação para esta próxima semana.
Já a Findect, Federação interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios, afirma que em negociação com a empresa conseguiu assegurar a proposta de reposição da inflação que está em 2,71% mais ganho real de 0,29%, a partir de janeiro e convoca assembleia para 26 de setembro para avaliação.

Com informações de Brasil de Fato e Fentect e Findect

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