Tô em bloco de sujo, mas tô limpo!


Por Celso Vicenzi.

Olha o Carnaval aí, gente! Dizem que o ano só começa, no Brasil, depois do Carnaval. Verdade ou não, o que se sabe é que com tantos escândalos em território nacional, há mais blocos de sujos do que se imagina.

Embora o país tenha se transformado numa imensa passarela de corruptos desfilando em tapetes vermelhos, de Norte a Sul, de Leste a Oeste e, principalmente, no Planalto Central, o povo por esses dias só quer saber de outro tipo de folia. Dos desfiles de escolas de samba e, principalmente, dos blocos de sujo, porque bom mesmo é brincar de graça, nas ruas e nas praças, com os amigos do bairro, do local de trabalho ou por livre e espontânea vontade ao primeiro bloco que estiver passando.

E se tem uma coisa que faz o Brasil parar, mais do que muitos governos corruptos e ilegítimos, é o Carnaval, com muito samba, suor e cerveja.

Alguns desses grupos começam com poucos amigos e amigas e, com o tempo, vão reunindo cada vez mais adeptos. O segredo é boa música, criatividade, alegria e, claro, um bom nome para o bloco.

E o que não faltam, por todo o Brasil, são nomes engraçados, bizarros, maliciosos e até – por que não? – recatados e familiares (não tanto como a primeira-dama!).

Alguns já viraram grifes famosas, como os baianos Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê e o carioca Cordão da Bola Preta, entre outros. Mas o que diverte mesmo são os nomes e a irreverência dos blocos mais improvisados.

A maioria usa frases de duplo sentido, com segundas e terceiras intenções,  brincando com a sexualidade.

Outros fazem trocadilho com os lugares onde foram criados, como Eu Choro Curto mas Rio Comprido, Vai Tomar no Grajaú, Balança meu Catete, Largo do Machado mas não Largo do Copo.

Há aqueles com nomes que não enrubescem os mais tímidos, como o Simpatia é Quase Amor, Vizinha Fofoqueira, Pipoca no Mel, Acorda e Vem Brincar, Concentra mas não Sai, News Kid on the Bloco, Meu Bem eu Volto Já, Inimigos da Segunda, Deixa a Língua no Varal.

Tem a turma dos amigos e amigas de uma determinada profissão, como o Imprensa que eu Gamo, Te Vejo Por Dentro Sou da Radiologia, Inova que eu Gosto (da Finep) e o Quero Exibir meu Longa, que começou com uma turma de cineastas.

Às vezes, por trás (ôps!) de um nome que carrega muita malícia, a história se revela bem singela. O bloco Senta Que Eu Empurro, por exemplo, é formado por amigos cadeirantes e deficientes visuais.

Tem muito bloco fazendo troça com bebida. Exemplos: Quem não Guenta Bebe Água, Nunca Mais Eu Bebo Ontem, Melhor ser Bêbado do que ser Corno, Largo da Mulher mas não Largo da Cerveja, Bloco do Isopor, Boteco sem Lei, Parei de Beber para não Mentir.

Em Florianópolis tem o Berbigão do Boca, Sou Mais Eu, Vento Encanado, Baiacu de Alguém e o Pauta Que Pariu, dos jornalistas e amigos do pessoal da imprensa.

Alguns dos mais engraçados, Brasil afora (e adentro): o baiano Siri com Tódi, o paulista Arrianu Suassunga, o piauiense Se Fui Pobre Não me Lembro, os pernambucanos Eu tô Liso mas tô na Mídia, e Antes Aqui que na UTI, o mineiro Trema na Linguiça, e os cariocas iPad que eu Dou, Já Comi Pior Pagando, e Quem Vai Vai Quem Não Vai Não Cagueta.

E, finalmente, uma pequena lista dos mais sacanas: Põe na Quentinha, Só o Cume Interessa, Se não Quiser me Dar me Empresta, É Mole mas é Meu, Não Dou Meu Cuati (lá em Santarém/PA), É Pequeno mas vai Crescer, Já que tá Dentro Deixa, Vai Tomar no Cooler, Filhos de Glande, Hoje a Mangueira Entra, Enxota que eu Vou, Mostra o Fundo que eu Libero o Benefício.

Mas, em tempos de Lava Jato, Odebrecht e escândalos do Oiapoque ao Chuí, melhor é pular (fora) com o bloco carioca O Negócio Tá Feio e o teu Nome Tá no Meio.

Fonte: celsovicenzi.com.br

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