Temer segue o desmonte e quer 40% do ensino médio à distância

O governo já deu início às tratativas de aplicação da medida e, após a definição das diretrizes, quer que cada rede pública ou escola privada regulamentar formatos e ferramentas desse modelo de ensino.

A proposta autoriza que qualquer conteúdo escolar previsto no currículo possa ser dado a distância, o que levaria os alunos ter dois dias de aulas por semana fora da sala.

Segundo o governo, a medida “visa permitir a experimentação de novos recursos na educação”. No entanto, especialistas acreditam que a proposta vai precarizar o ensino, principalmente na rede  pública, que representa 88% das matrículas do ensino médio.

A proposta de educação a distância estabelece que ela pode ser realizada “desde que haja suporte tecnológico – digital ou não – e pedagógico apropriado”. Nas escolas de ensino médio do país, 60% não têm laboratório de ciências, 16% não têm laboratórios de informática e 34%, bibliotecas.

Com a reforma do ensino médio, aprovada em 2017, Temer encontrou uma brecha para o chamado “ensino online”, estipulando que 60% da carga horária contemple conteúdos comuns, a partir do que constar na Base Nacional Comum Curricular para a etapa .

Para as matéria à distância, isto é, com 40% restantes, haverá cinco opções (se houver oferta): linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. Porém, mais da metade dos municípios do país só tem uma escola de ensino médio, dificultando a oferta de cinco opções para os estudantes.

Mas acredita-se que o governo queira resolver o problema da falta de professores colocando 40% no ensino à distância.

Para o professor Nelson Pretto, da UFBA (Universidade Federal da Bahia), pesquisador em tecnologia e educação, a medida é sinal de esvaziamento do ensino público de qualidade e falta de compromisso com investimentos.

“Fica claro um movimento de desresponsabilização do Estado brasileiro com a formação crítica e sólida da juventude, e também com a infraestrutura escolar”, disse ele à Folha, reforçando que “um processo dessa forma, joga ao cidadão toda a responsabilidade”.

Enquanto muitos especialistas apontam a necessidade do ensino integral para melhorar a formação de alunos, o governo corta em praticamente a metade. O próprio governo anunciou, junto com a reforma do ensino médio, um programa de incentivo a escolas de tempo integral (com ao menos 7 horas por dia).

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