Temer nomeia executivos da Shell e empresas imperialistas nos mais altos cargos da Petrobras

Candidatos indicados para a disputa por vagas no Conselho de Administração (CA) e no Conselho Fiscal (CF), que são os mais altos órgãos de decisão da Petrobrás, são ligados a empresas imperialistas, como a Shell, com interesses diretos na entrega das riquezas nacionais ao capital estrangeiro.

Foto: Reprodução

Por Breno Cacossi.

Na última semana foi divulgada lista dos candidatos indicados aos mais altos cargos de decisão da Petrobrás. Para gestão do Conselho Administrativo estão indicados o seguintes nomes que já estavam no cargo, para se manter na mesma função: Luis Nelson Guedes de Carvalho, Pedro Parente, Francisco Petros Papathanasiadis, Jeronimo Antunes e Segen Farid Estefen.

São indicados também nomes novos, que são: José Alberto de Paula Torres Lima, Clarissa de Araújo Lins, Ana Lúcia Poças Zambelli. Analisemos a trajetória e a quais interesses estes novos nomes estão ligados:

José Alberto de Paula Torres Lima tem sua trajetória ligada à petrolífera internacional Shell, tendo sido gerente de finanças e planejamento corporativo (1989-1996), presidente da Shell US Gas & Power (2002-2006), vice-presidente da Shell Upstream Americas (2009-2012) e vice-presidente da Shell Chemicals (2012-2016). Vale lembrar que a Shell esteve envolvida nos últimos anos numa política ostensiva sobre o governo brasileiro para abertura da Petrobrás aos seus interesses econômicos, portanto, conflitando com os próprios interesses da Petrobrás. Vazamentos de documentos internos, inclusive, revelaram busca de interferência direta da empresa imperialista na política brasileira.

Clarissa de Araújo Lins tem no currículo o cargo de presidente do comitê externo independente da Shell, e é hoje diretora executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), IBP atua exatamente de acordo com os interesses da indústria petrolífera no Brasil com propostas de privatização e desnacionalização do atual governo junto ao Ministério de Minas e Energia (MME).

Ana Lúcia Poças Zambelli foi presidente da Schlumberger Brasil (2007-2011), foi presidente da Transocean América do Sul (2012-2015) e vice-presidente da Maersk Drilling (2015 a 2017). Estas empresas privadas são contratadas terceirizadas nas áreas de processamento sísmico, prospecção, perfuração, manutenção de poços, e fornecimento de porta-contentores e navios. Portanto, Ana Lúcia, à frente da Petrobrás, abre caminho aos negócios de empresas particulares.

Os nomes que já estavam no cargo e que são indicados para se manter também estão na mesma lógica de entrega das riquezas nacionais aos interesses imperialistas, e sua atuação na Petrobrás nos últimos anos confirma este fato.

Estes nomes indicados a se manterem revelam interferência direta do capital financeiro sobre os rumos da companhia, pois estão nomeados aos mais altos cargos exatamente atores econômicos e políticos vinculados a grupos que possuem interesses diretos na entrega da Petrobrás. Luis Nelson Guedes de Carvalho atua também no conselho administrativo da BM&FBovespa, Francisco Papathanasiadis foi presidente da Associação Brasileira de Mercado de Capitais, Jerônimo Antunes tem atuações nas Câmaras de Arbitragem e Mediação do CIESP-FIESP, OAB e Câmara de Comércio Brasil-Canadá e no Poder Judiciário, e na BR Distribuidora.

Pedro Parente, assim como Luis Nelson Guedes de Carvalho, mantém seu posto no Conselho Administrativo da BM&F Bovespa. Esta companhia tem realizado desinvestimentos e abertura de capitais de algumas de suas subsidiárias, Parente também atuou como CEO da Bunge, grande interessada na área de atuação da Petrobras Biocombustíveis, também privatizada. Parente é também proprietário da a Prada Ltda., empresa de gestão financeira de ativos de famílias bilionárias, tendo sua esposa, ligada ao JP Morgan e do Credit Suisse, como sócia, além de uma gestora egressa do setor financeiro da Booz Allen. Depois de Parente ter sido nomeado presidente da BM&F Bovespa e da Petrobras, a Prata Ltda. passou do atendimento de 20 famílias, todas com patrimônio acima de 20 milhões de reais, a atender 91 famílias e 4 empresas, tendo clientes com patrimônios bilionários.

Além disso, Parente é também conselheiro da RBS, filial da Rede Globo, e do Grupo ABC, onde possui relações com grandes bancos e fundos internacionais interessados nos pacotes de desinvestimentos da Petrobras.

Essas indicações ao Conselho Administrativo de grandes executivos de empresas privadas são parte de uma ofensiva para entregar todas as riquezas nacionais ao imperialismo. Esta entrega está a todo vapor, por exemplo, a poucos dias atrás foi anunciada a venda de 4 refinarias e 12 terminais. A não ser para os donos do poder, os grandes bilionários capitalistas internacionais, a nenhum trabalhador brasileiro interessa que a Petrobrás sirva apenas aos negócios imperialistas, e este Conselho Administrativo possui exatamente este papel, pelo contrário, é necessária sua total estatização, colocando-a sobre controle operário, ou seja, sob uma administração democrática de seus trabalhadores, para que toda sua riqueza seja voltada para o povo trabalhador, e não aos interesses mesquinhos de um punhado de bilionários.

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