Temer afirma que golpes e ditaduras ocorrem “porque o povo também quer”

Por Fernando Pardal.

Nessa quarta-feira, 15, no dia da proclamação da República, Michel Temer fez um discurso de cerca de vinte minutos na cidade paulista de Itu. Ele compareceu à cidade para participar de uma cerimônia de entrega de título de cidadão ituano a seu amigo, o advogado José Eduardo Bandeira de Mello.

Mas não perdeu a oportunidade de falar absurdos sobre os brasileiros. Temer, em seu discurso, justificou a ditadura militar afirmando que era uma vontade popular. Ele disse: “Convenhamos, quando os movimentos centralizadores ocorrem no país não é por simplesmente um golpe de Estado. É porque o povo também quer. Acaba desejando. No fundo é isso. Eu me recordo, nos idos de 64, os vários movimentos que pleiteavam a concentração de poderes. E com isso destruiu-se um dos princípios republicanos que era a harmonia e a independência entre os poderes”.

Sendo ele mesmo um golpista, que por meio dos acordos parlamentares sequestrou o resultado eleitoral expresso por dezenas de milhões de votos, faz bastante sentido que Temer procure conferir a esse tipo de medida autoritária um caráter democrático. Contudo, sua própria popularidade entre o povo brasileiro, que gira em torno de 7%, é uma imensa prova de que os golpes – sejam institucionais ou militares – ocorrem contra a vontade popular e em benefício de uma ínfima minoria de patrões e capitalistas que querem intensificar ainda mais a exploração dos trabalhadores.

As marchas que ocorreram pedindo o golpe militar na década de 1960, como a “marcha da família com Deus pela liberdade” correspondiam às exigências desse setor. Como nas manifestações pró-impeachment, fartamente financiadas por setores patronais como a FIESP e sustentadas em movimentos de juventude como MBL e Revoltados Online, que recebem dinheiro diretamente do capital financeiro imperialista, as marchas pré-golpe de 64 eram regadas pelo capital americano, por sua campanha de mentiras e difamação e sua articulação política e militar incansável que implantou ditaduras sangrentas em toda a América Latina.

O golpista Temer representa uma versão repaginada de uma marionete – como foram os governos militares – a serviço dos patrões nacionais e imperialistas, em defesa de seus lucros. Não há nada de popular a sustentá-lo, como também não houve na ditadura sangrenta que calou os trabalhadores na base da repressão, tortura e retirada de direitos elementares como o direito de greve e de livre manifestação.

Fonte: Esquerda Diário

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