Suspeitas de fraude paralisam apuração em Honduras

635210103102582634wPor Giorgio Trucchi.

Honduras amanheceu nesta segunda-feira (25/11) com a incerteza pintada no rosto. Ruas semidesertas, caminhonetes repletas de policiais e militares e uns poucos veículos privados e táxis que se “atreveram” a sair depois da convulsa noite de domingo (24), quando o TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) praticamente entregou a faixa presidencial ao candidato oficialista, Juan Orlando Hernández, em meio a fortes sinalizações de irregularidades e até de fraude, denunciadas pelo partido Libre (Liberdade e Refundação) e pelo partido Anticorrupção (PAC).

Com quase três quartos dos votos apurados, os dois partidos anunciaram que não vão reconhecer os resultados apresentados pelas autoridades eleitorais. Durante entrevista coletiva à imprensa, o ex-presidente Manuel Zelaya e toda a direção do partido Libre não aceitaram o resultado, exigiram respeito à vontade popular e asseguraram que, se for necessário, defenderão esse direito nas ruas.

“Não vamos negociar absolutamente nada com essas instituições. Exigimos que se respeite a decisão do povo de que Xiomara seja a sua presidenta. Não importa o que façam, porque esse processo se iniciou e ninguém vai pará-lo”, afirmou Zelaya.

O ex-presidente afirmou que o Libre está pronto para comparar as atas que têm em suas mãos e as que chegaram com as do TSE. “Que nos demonstrem com atas nas mãos que perdemos. Nunca poderiam fazê-lo”, afirmou.

“Plano bem estruturado”

Enrique Reyna, candidato a vice-presidente, disse a Opera Mundi que, à medida em que passam as horas, se torna pública a enorme quantidade de irregularidades que seriam parte de um plano bem estruturado para forjar a fraude eleitoral.

“Não estão contabilizando umas 1.900 atas. Quer dizer, quase 400 mil votos que, em sua maioria, são de zonas onde o Libre ganhou amplamente. Além disso, muitas atas foram retidas por membros do Partido Nacional [de Hernández] e nunca foram contabilizadas”, denunciou Reyna.

Segundo dados do Libre, seria o equivalente a cerca de 40% do total de votos. “A isso, ainda se agregariam outras 900 atas que, tampouco, foram transmitidas porque vêm de zonas onde não nem energia elétrica, nem internet”, explicou Rixi Moncada, delegada do partido no Conselho Consultivo do TSE.

Segundo ela, os mesmos juízes eleitorais tiveram que chamar “a sua própria gente do Partido nacional” para deixarem de reter o envio de atas “onde estava ganhando o Libre”.

Estado de Direito

Salvador Nasralla, candidato do PAC, aprofundou a denúncia e assegurou que, neste momento, não há Estado de Direito em Honduras. “Os resultados estão dramaticamente violentados e não correspondem à realidade”, afirmou, em entrevista a Opera Mundi.

Em sua denúncia, Nasralla disse que, no sábado (23/11), se descobriram dois call center do Partido Nacional, onde se estariam fazendo e escaneando atas, que, depois, seriam enviadas ao centro de apuração, alterando os resultados.

Além disso, ele assegurou que “desconhecidos” haviam subtraído ilegalmente uma grande quantidade de CPU e de modens, para, depois, enviar atas falsas entrando no sistema de transmissão de resultados do CSE.

“Tenho todas as provas e já apresentei uma denúncia à fiscalização. Além disso, o partido do governo comprou muitos dos representantes de mesa do meu partido, para que se retirassem do centro de votação e não defendessem nossos votos”, explicou o candidato do PAC.

Narsalla reafirmou a vontade de não reconhecer os resultados do TSE e pediu novas eleições. “Se Honduras fosse um país decente, repetiria as eleições dentro de seis meses, e com voto eletrônico”, concluiu.

Fonte: Opera Mundi.

Foto: Agência Efe

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