Suazilândia, um reino quase desconhecido

Por Roberto Correa Wilson*.

Prensa Latina – Suazilândia é o menor dos três reinos que existem no continente africano, onde após obter a independência, depois de quatro séculos de domínio de potências europeias, a maioria dos países se converteu em repúblicas.

O nome da Suazilândia é pouco conhecido no contexto internacional, ainda que ao mencioná-lo deduz-se que se trata de um estado africano. Não é de estranhar a existência de reinos no continente.

Na realidade esse tipo de organização política não foi totalmente alheia na história da África. À chegada dos navegantes portugueses, os primeiros europeus a chegarem à costa continental no século XV, já existiam reinos bem estruturados com um notável desenvolvimento para a época.

Em regiões do ocidente houve reinos como no Congo com Makoko, rei dos Tekes; em Angola, o rei Ngola conseguiu unificar os Estados Kwanza; em Benin (antiga Dahomey), coexistiam três reinos: Allada, Porto Novo e Abomey, entre outras nações onde teve essa estrutura política.

Também na África existiram impérios.

Mali foi assento dos grandes impérios Gana e o homônimo do Mali, que dominou uma região de três milhões de quilômetros quadrados, governada durante mais de quatro séculos pela dinastia koita; ou o importantíssimo Monomatapa em Moçambique, que enfrentou aos conquistadores lusos na sua chegada a essa zona.

A Suazilândia está rodeada em sua totalidade pela África do Sul exceto pelo leste, que limita com Moçambique. Mais de 95 por cento dos habitantes pertencem ao grupo étnico dos swazis, e também convive uma minoria de euro-africanos.

Como ocorreu com muitos cidadãos do continente, a localização geográfica da nação, bem afastada das regiões ocidentais, evitou que os swazis fossem vítimas do tráfico de escravos para América.

A escravatura, que se traduziu em trabalhos em plantações agrícolas no chamado Novo Mundo, e crueldades cotidianas, não foi a única forma de opressão sofrida pelos africanos.

O continente inteiro foi submetido à opressão colonial, na qual os autóctones eram explorados, humilhados e careciam de direitos elementares, enquanto viam partir para as metrópoles as riquezas naturais de seus países. Outra forma de escravatura.

EMIGRANTES

Os habitantes que hoje ocupam a zona dos rios Pongolo e Usutu viveram originalmente no sudeste da África do Sul, de onde emigraram nos primeiros anos do século XIX.

A Suazilândia está dividida geograficamente em três regiões: Veld alto, médio e baixo, todas rochosas e úmidas, ainda que a umidade é maior nas zonas montanhosas do leste e no planalto central. No leste, o clima é subtropical.

BRITÂNICOS

Nessa última zona, a fertilidade da terra, a abundante caça e a possibilidade de que existissem filões minerais no terreno atraíram aos colonos britânicos, que se estabeleceram em 1878. Essa foi a primeira presença dos súditos do Reino Unido.

Os representantes da coroa britânica também receberam numerosas concessões do chefe dos swazis, as quais se estendiam não só a posses de terra, minerais, bosques, como também sobre comunicações e manufaturas, incluindo o direito a cobrar impostos.

O conjunto das concessões deu início ao controle do país pelo Reino Unido. O primeiro governo com participação dos britânicos estabeleceu-se em 1890, em forma provisória, com a representação também da república sul-africana e dos swazis.

Um ano mais tarde, 1891, a república sul-africana tomou a direção do país, sem incorporar a essa nação. Finalizada a guerra anglo-bôer (bôeres, grupo originário da Holanda que habita o território sul-africano), em 1904, o governador britânico anunciou a responsabilidade total sobre a Suazilândia.

Essa foi a forma em que se iniciaram as relações diretas dos swazis com a nação europeia. Esses vínculos produziram-se porque os swazis preferiram associar aos britânicos e aceitar seu protetorado ante a atitude de violência e hostilidade dos bôeres.

Estes roubavam suas terras e gado e os submetiam ao trabalho escravo, uma condição que os swazis nunca tinham padecido. Os colonialistas britânicos, contrariamente, assumiram uma atitude “paternalista”. Uma opressão menos onerosa, ainda que carente de liberdades e faculdades políticas.

Em 1907, por decisão britânica, o Alto Comissionado da África do Sul, até então posse de Londres, fez-se cargo dos assuntos da Suazilândia.

Um terço do país foi adjudicado a Reino Unido e os outros dois aos colonos europeus, o que provocou protestos dos nativos ante o governo britânico. As reclamações resultaram inúteis, pois os colonialistas não aceitavam que suas decisões fossem questionadas.

Dois anos depois, em 1909, mediante um Ata da União subscrita sem conhecimento dos swazis pelo governo britânico e pelos bôeres, a Suazilândia foi incorporada à União Sul-africana. Simultaneamente, o Reino Unido concedeu a Portugal o território swazi que circundava uma zona denominada Namachacha.

PASSO A PASSO

O Reino Unido não podia deixar de ouvir permanentemente as demandas de liberdade dos autóctones. Em 1921 constituiu-se o Conselho Consultivo. A posição do chefe supremo como autoridade nativa foi definida em 1941.

O rei Sobhuza II, conhecido desde 1921 como o “leão”-cabeça da nação swazi, solicitou em 1956 a restituição de seus direitos sobre as riquezas minerais, que foi recusada pela autoridade colonial.

O governo do protetorado e o rei dos swazis designaram em 1960 um Comitê Constitucional. Este organismo publicou dois anos depois um relatório que consolidava os direitos econômicos e políticos dos colonialistas.

A população autóctone continuou suas reclamações e em 1963 celebraram-se em Londres conversas conjuntas para o estabelecimento de uma Constituição, que em definitivo reafirmou a carência de direitos dos africanos e consolidou o poder executivo nas mãos do Comissionado britânico.

Ante os protestos de agrupamentos políticos e a realização de movimentos grevistas dos trabalhadores, o governo colonial prometeu que modificaria a proposta. Estabeleceu-se uma Constituição ao amparo da qual em 1964 se efetuaram eleições para um Conselho Legislativo.

A 6 de setembro de 1968, o rei e seu filho acordaram com as autoridades britânicas o fim do protetorado exercido durante 70 anos. Os swazis viveriam, ao fim, em um Estado independente.

*Jornalista cubano especializado em política internacional, tem sido corresponsável em vários países africanos e é colaborador da Prensa Latina.

Swazilandia, reino casi desconocido

Por Roberto Correa Wilson.

Swazilandia es el más pequeño de los tres reinos que existen en el continente africano, donde después de obtener la independencia, tras cuatro siglos de dominio de potencias europeas, la mayoría de los países se convirtió en república.

El nombre de Swazilandia resulta poco conocido en el contexto internacional, aunque al mencionarse se deduce que se trata de un estado africano. No es de extrañar la existencia de reinos en el continente.

También en África existieron imperios.

Malí fue asiento de los grandes imperios Ghana y el homónimo de Malí, que dominó una región de tres millones de kilómetros cuadrados, gobernada durante más de cuatro siglos por la dinastía koita; o el importantísimo Monomatapa en Mozambique, que enfrentó a los conquistadores lusitanos a su arribo a esa zona.

Swazilandia está rodeado en su totalidad por Suráfrica excepto por el este, que limita con Mozambique. Más del 95 por ciento de los habitantes pertenecen al grupo étnico de los swazis, y también convive una minoría de euroafricanos.

La esclavitud, que se tradujo en labores en plantaciones agrícolas en el llamado Nuevo Mundo, y crueldades cotidianas, no fue la única forma de opresión sufrida por los africanos.

El continente entero fue sometido a la opresión colonial, en la cual los autóctonos eran explotados, humillados y carecían de derechos elementales, mientras veían partir hacia las metrópolis las riquezas naturales de sus países. Otra forma de esclavitud.

Y llegaron los británicos

En esa última zona, la fertilidad de la tierra, la abundante caza y la posibilidad de que existieran vetas minerales en el terreno, atrajeron a los colonos británicos, quienes se establecieron en 1878. Esa fue la primera presencia de los súbditos de Reino Unido.

Los representantes de la corona británica también recibieron numerosas concesiones del jefe de los swazis, las que se extendían no sólo a posesiones de tierra, minerales, bosques, sino también sobre comunicaciones y manufacturas, incluyendo el derecho a cobrar impuestos.

El conjunto de las concesiones dio inicio al control del país por Reino Unido. El primer gobierno con participación de los británicos se estableció en 1890, en forma provisional, con la representación también de la república surafricana y de los swazis.

Un año más tarde, 1891, la república surafricana tomó la dirección del país, sin incorporarla a esa nación. Finalizada la guerra angloboers (boers, grupo originario de Holanda que habita en territorio surafricano), en 1904, el gobernador británico anunció la responsabilidad total sobre Swazilandia.

Esa fue la forma en que se iniciaron las relaciones directas de los swazis con la nación europea. Esos vínculos se produjeron porque los swazis prefirieron asociarse a los británicos y aceptar su protectorado ante la actitud de violencia y hostilidad de los boers.

Estos robaban sus tierras y ganado y los sometían al trabajo esclavo, una condición que los swazis nunca habían padecido. Los colonialistas británicos, contrariamente, asumieron una actitud “paternalista”. Una opresión menos onerosa, aunque carente de libertades y facultades políticas.

En 1907, por decisión británica, el Alto Comisionado de Suráfrica, por entonces posesión de Londres, se hizo cargo de los asuntos de Swazilandia.

Un tercio del país fue adjudicado a Reino Unido y los otros a los colonos europeos, lo que provocó protestas de los nativos ante el gobierno británico. Las reclamaciones resultaron inútiles pues los colonialistas no aceptaban que sus decisiones fueran cuestionadas.

Dos años después, en 1909, mediante un Acta de Unión suscrita a espaldas de los swazis por el gobierno británico y los boers, Swazilandia fue incorporada a la Unión Surafricana. Simultáneamente, Reino Unido concedió a Portugal el territorio swazi que circundaba una zona denominada Namachacha.

Paso a paso

El Reino Unido no podía desoír permanentemente las demandas de libertad de los autóctonos. En 1921 se constituyó el Consejo Consultivo. La posición del jefe supremo como autoridad nativa fue definida en 1941.

El rey Sobhuza II, conocido desde 1921 como el “león”-cabeza de la nación swazi, solicitó en 1956 la restitución de sus derechos sobre las riquezas mineras, que fue rechazada por la autoridad colonial.

El gobierno del protectorado y el rey de los swazis designaron en 1960 un Comité Constitucional. Este organismo publicó dos años después un informe que consolidaba los derechos económicos y políticos de los colonialistas.

La población autóctona continuó sus reclamos y en 1963 se celebraron en Londres conversaciones conjuntas para el establecimiento de una Constitución, que en definitiva reafirmó la carencia de derechos de los africanos y consolidó el poder ejecutivo en manos del Comisionado británico.

Ante las protestas de agrupaciones políticas y la realización de movimientos huelguísticos de los trabajadores, el gobierno colonial prometió que modificaría la propuesta. Se estableció una Constitución al amparo de la cual en 1964 se efectuaron elecciones para un Consejo Legislativo.

El 6 de septiembre de 1968, el rey y su hijo acordaron con las autoridades británicas el cese del protectorado ejercido durante 70 años. Los swazis vivirían, al fin, en un Estado independiente.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.