Estudante trans pode ser expulso de Universidade religiosa caso faça cirurgia no peitoral

Foto: Reprodução

Uma universidade localizada em Utah, nos Estados Unidos, ameaça expulsar um estudante trans, caso ele realize a mamoplastia masculinizadora (a cirurgia que remove a mama e masculiniza o peitoral). Trata-se da Brigham Young University, espaço religioso mórmon.

O estudante Kris Irvin de 31 anos, afirma que entrou na Universidade antes mesmo de se entender enquanto pessoa trans, ainda que soubesse que se identificava com o gênero masculino desde os três anos. Foi durante os estudos que conheceu a palavra “transgênero” e que a ficha caiu.

Kris conta que passou a vida toda com desconforto com os seios, torcendo para que ocorre alguma coisa e que precisasse removê-los. Até que encontrou alguns homens trans no Tumblr e descobriu que existia uma cirurgia que removia a mama e que permitia a reconstrução do peitoral masculino. Foi então que ele correu atrás das cirurgias.

“Adotar o nome Kris aos 18 e fazer a histerectomia (cirurgia que remove o útero) aos 24 foram as melhores coisas que fiz para combater a minha disforia. A cirurgia na parte de cima é a última coisa que preciso para ser feliz”, afirmou ele, que lançou uma vaquinha online no site Go Fund para arrecadar fundos para a operação no peitoral,

Diante da repercussão da vaquinha, o bispo da universidade Jake King chamou o estudante para uma reunião e demonstrou ser contra a cirurgia. Disse que o procedimento pode ser considerado uma afronta aos ensinamentos da igreja, que se trata de uma cirurgia estética e que era preciso desistir da ideia.

Irvin encaminhou um e-mail no dia seguinte, explicando que estavam forçando ele a escolher entre o bem-estar e a fé e que a cirurgia reduziria uma dor física e que ajudaria a superar sua disforia de gênero. Chegou a enviar trechos da Bíblia com a anotação: “Se Deus não comete erros, e nós somos criados à sua imagem, então é lógico que ele me fez transgênero de propósito e por uma razão”.

Na resposta que Irvin forneceu ao The Washington Post, o bispo disse que “nenhuma cirurgia lhe traria paz e confortos verdadeiros. Somente Jesus Cristo, seu salvador, pode fazer isso”.  Vale dizer que a instituição impõe código de honra aos estudantes, bem como  castidade, relações sexuais, intimidade física que atrele sentimentos LGBT, estipula padrões de higiene e roupas, além de morarem em casas segregadas por sexo. O porta-voz Carri Jenkins diz que não há política formal sobre estudantes trans, mas que cada caso é lidado individualmente.

“Até que ponto os meus seios determinam se eu posso participar ou não da igreja?”, questionou Kris, que corre o risco de ser expulso da universidade e excomungado da igreja. Vale destacar que no último ano uma mulher trans que estava na liderança do sacerdócio foi excomungada apenas por ser mulher trans.

Segundo Taylor Petrey, professor associação de religião no Kalamazzo College, em Michigan, todos os estudantes que vão para a universidade têm que passar pela porta de entrada do líder eclesiástico local. “Pode-se encontrar injustiças de todos os tipos e há potencial para abuso espiritual. O caso de Irvin expõe a “pobreza dos ensinamentos da igreja sobre a questão da identidade de gênero”, declarou.

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