Sofrimento ignorado: suicídio de crianças indígenas é 18 vezes maior

Estudo da Fiocruz comparou taxa de suicídio de crianças indígenas e não indígenas; número é maior principalmente entre crianças de famílias com histórico de suicídio.

Foto: Reprodução da internet

Por Maria Fernanda Garcia.

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado agora em 2019 na revista científica ‘Cadernos de Saúde Pública’, revela que a mortalidade por suicídio entre crianças indígenas é 18,5 vezes maior do que entre crianças não indígenas.

Entre os anos de 2010 e 2014, a taxa de mortalidade por suicídio entre crianças indígenas foi de 11 casos para cada 100 mil crianças, enquanto a de não indígenas foi de 0,6 para cada 100 mil. As principais vítimas de suicídio entre crianças indígenas são meninas (58,2%). O enforcamento foi o meio utilizado com mais frequência (96,4%).

Os pesquisadores observaram também que o número de suicídios era maior entre crianças de famílias que tinham histórico de suicídio.

Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou o relatório ‘Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de 2018’, que atestou que somente no ano passado ocorreram 101 suicídios de indígenas no país.

O relatório, que utilizou a base de dados da Sesai via Lei de Acesso à Informação (LAI), afirmou que os estados com maiores números de casos registrados foram Mato Grosso do Sul (44) e Amazonas (36). Em 2017, o Mato Grosso do Sul registrou 31 ocorrências de lesão autoprovocada, enquanto no Amazonas foram 54 mortes do tipo.

O estudo do CIMI também analisou outros pontos que levam a uma queda na qualidade de vida das tribos indígenas, como a violência por omissão por parte do poder público. A mortalidade infantil (0 a 5 anos), por exemplo, chegou a 591 casos. Das 591 mortes, 219 ocorreram no Amazonas, 76 em Roraima e 60 no Mato Grosso.

Segundo o estudo, a mortalidade indígena se concentra principalmente na infância e juventude e na faixa etária de 25 a 40 anos.

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