Sionismo catalão, revoltas árabes e islamofobia

(Português/Español).
Por Abdennur Prado*.

Entrevista com Josep María Navarro Cantero, co-fundador de ONGD SODEPAU, professor da Escuela Universitaria de Treball Social e perito em projetos de mediação comunitária para a Câmara Municipal de Barcelona (Ajuntament de Barcelona).

Ambos temos sido vítimas mediáticas do sionismo catalão, que controla grande parte da imprensa catalã. Como podemos explicar a implantação do sionismo na Catalunha, tendo em conta que o número de cidadãos judeus é muito escasso?

— Na minha opinião, bem como na opinião de um grupo de amig@s no seio do qual discutimos e refletimos sobre o assunto, o sionismo em Catalunha, tal como no País Valenciano e nas Ilhas Balneares, não está relacionado à presença da população de confissão ou tradição judaica. O sionismo tem um enorme impacto entre nós porque é una ideologia nacionalista de construção de um estado nacional, rodeado de “inimigos”, além de que representa (o sionismo) para os sectores desse “catalanismo político pro-sionista” uma referência de modernidade e de “democracia”, em oposição aos “mouros”, que seriam, como sempre, o paradigma de tradicionalidade, ancestralidade, primitivismo… ditadura….para além de que “se aliaram com Franco para destruir o país” (Catalunha, país Valenciano e Ilhas).

Sobretudo em Catalunha, mas também no País Valenciano, um sector significativo e apreciado da intelectualidade do que se poderia chamar o stablishment nacionalista hegemónico, têm um grande reconhecimento institucional e popular, além de uma significativa implantação na imprensa e meios de comunicação “da ordem” e do “sistema”, claro.

Ora bem…, esta hegemonia, que continua a existir, tem sido amplamente contestada nos últimos 6 anos, desde as grandes manifestações contra a guerra e invasão do Iraque, a favor da Palestina, contra os ataques sionistas a Gaza…; a verdade é que agora esse sector, apesar da sua massiva presença nos meios de comunicação dostablishment, é fortemente contestado por uma multiplicidade de publicações, blogs, webs, pelo que ganhou muitíssimo terreno uma perspectiva não-sionista do pensamento político catalão, seja nacionalista, independentista, ou de outras opções liberais, de esquerda, ecologista, etc…. Isto colocou esses sectores muito nervosos pois viram amplamente questionada a sua hegemonia e implantação, seja porque se estabeleceram limites à sua influência como pensamento dominante, assim como na maneira de pensar, quer em relação ao papel do Estado de Israel na geopolítica mediterrânea e mundial, quer sobre a construção de um possível Estado independente em Catalunha e nos países catalães com base numa perspectiva sionista…; mas atenção, esta perspectiva sionista continua sendo muito forte, muito consolidada.

Qual o papel da islamofobia na geopolítica internacional?

— Coincidimos na afirmação de que a islamofobia é o novo antissemitismo do século XXI. As supostas ameaças a Europa e Ocidente continuam a ser as procedentes dos países muçulmanos; a renovada força que se quer promover e impor via OTAN, assim como os novos projetos defensivos… para defender o “mundo livre” constroem-se com base na perspectiva e ideia de que a ameaça procede de países muçulmanos e algum outro mais como Coreia do Norte e talvez a China…, na realidade tudo soa à velha tese de Huttington do “choque de civilizações”.

A “quinta coluna” que quer socavar desde dentro as sociedades “livres da Europa”, é a que que se constrói e promove nas “catacumbas” das mesquitas e oratórios muçulmanos… Eu acredito que essas ideias defendidas tanto pelos populistas de estrema-direita, como pelos liberais e social-democratas, em geral, configuram as ideologias de fundo, de profundidade, que expressa o novo e renovado antissemitismo (com todas as suas particularidades e renovadas características) que se filtra na perspectiva geopolítica europeia-ocidental, apesar de que estas ideias e orientações sofreram um sério revés com a experiência das revoltas “árabes”.

Em SODEPAU realizaram diversos encontros para analisar as revoltas árabes. Quais são as tuas principais conclusões, com a perspectiva que hoje temos?

— As revoltas árabes tiveram um impacto muito importante, apesar das suas limitações evidentes e reais e as suas características diferenciadas. Permitiram concluir que uma coisa são os regimes árabes, autoritários ou totalitários, pouco respeitadores dos direitos humanos, proclives à corrupção, e algo distinto nesses países são as sociedades civis, bem como grandes sectores da população, que nada têm que ver com os regimes, e que a insustentável ideia do orientalismo quanto à incompatibilidade entre islão, árabes e democracia, ou o que poderia ser algo parecido ao que chamamos democracia na Europa e ocidente, é falsa, absolutamente falsa e indefendível.

Isto é o fundamental, porque haveria que aprofundar muito em pormenorizar aspectos concretos e específicos para cada país, situação, contexto, para fazer uma avaliação rigorosa.

Caíram grandes tópicos, grandes mentiras, a falsidade duns mitos absurdos relativamente a certos povos e ás suas particularidades culturais e civilizatórias.

Crês que o islão (br. islã) teve algum papel nas revoltas?

— O Islão (br, Islã) como base civilizatória? Bem, claro… o islão impregna a realidade cultural e quotidiana dessas sociedades, o islão mostra-se como crença, como cultura, como maneira de ser…, tanto desde a perspectiva das elites autocráticas, como desde a perspectiva dos movimentos sociais revolucionários, claro, em diferentes doses e medidas, uns reclamando o islão como base, como referência, como tradição renovada, como fonte de pensamento de transformação, outros desde o liberalismo, ou a esquerda, ou o nacionalismo, aportando uma visão mais ou menos enraizada na cultura e na civilização, mas desde uma perspectiva laica e aconfessional.

Não são só revoltas de jovens liberais, nacionalistas, diplomados, mas também revoltas interclassistas, de base popular, com uma forte relação com as antigas ou tradicionais lutas sindicais, pelas liberdades, pelos direitos humanos, pela pluralidade política e liberdade de expressão…

No seu recente discurso na ONU, a Ministra espanhola de Exterior qualificou a Israel como “lar nacional para o povo judeu”, opondo-se ao direito de regresso dos palestinianos (br. palestinos). Como valorizas este discurso?

— É ir contra as resoluções da mesma ONU para com o povo palestiniano (br. palestino). O direito ao regresso, ou o direito a serem indemnizados pelo espolio da limpeza étnica de 1947 até 1949, é a peça fundamental e chave de um verdadeiro processo de paz na região. A nossa Ministra deve ser ignorante desta questão, ou talvez tenha uma grande necessidade de se congratular com Israel…., por que motivo?

O atual governo de Espanha vai à deriva, em todas as suas dimensões, e também na sua política internacional e suas perspectivas e análises geopolíticas. Que pena!!! dão pena!!! esta socialdemocracia fracassada é uma grande desgraça!!! […]

Abdennur Prado: Faz quase quinze anos que foi publicado o livro ‘El Islam en las aulas’ (“O Islão na escola”), no qual referes a visão negativa apresentada nos manuais escolares sobre o Islão (br. Islã) e o al-Andalus. Acha que o panorama descrito nesse livro mudou?

— Josep María Navarro Cantero: Sinceramente não temos seguido de forma rigorosa os manuais que se têm publicado atualmente. O trabalho de investigação que referes integrava um projeto europeu dirigido pelo profesor Falaturi, iraniano residente na Alemanha, que procurava restituir uma imagem correta e rigorosa do Islão nas escolas dos países da União Europeia, naquela altura.

Este projeto adaptado à realidade da Península Ibérica e nossa experiência histórico-social da civilização andaluzi, de certa forma alterou a orientação da investigação e as propostas no Estado Espanhol. Por exemplo, os manuais escolares de diferentes disciplinas, em geral, não é que transmitissem uma má visão do Al-Andalus, senão que alguns, por exemplo Filosofia, ignoravam o tema, porque não encaixava nos parâmetros e na maneira de entender a história do pensamento europeu ocidental; outros livros e manuais de outras disciplinas, falavam bem do Al-Andalus, mas como sendo uma civilização estranha à identidade dos povos y nações ibéricas. Portanto, Al-Andalus bem, perfeito, mas estrangeiro, forasteiro, desintegrado da construção identitária, nem da ideia de Espanha, nem da ideia das nações e povos que formam a Península Ibérica. Esta perspectiva mantem-se nos manuais escolares, não houve muitas alterações, pelo pouco que pude constatar e analisar, sem muito rigor, confesso..

Relativamente aos temas mais relacionados com o Islão, civilização islâmica, culturas muçulmanas…, sociedades muçulmanas.., as coisa pioraram e muito. Pelo pouco que podemos observar, registaram-se certas evoluções positivas em algumas editoras pequenas e regionais, mas não nas grandes, de âmbito estatal…

Para que estes trabalhos, como o nosso, o de Gemma Martín Muñoz e outros, tivessem uma certa continuidade e impacto deveriam dar-se as condições para que uma espécie de observatório fizesse um seguimento e valorização, talvez cada cinco anos, bem como houvesse uma exigência e procura de maios rigor por parte dos cidadãos, das comunidades muçulmanas ibéricas e dos/as profissionais da educação… E claro que existissem editoras que apostasse pela inovação e outras maneira de oferecer visões e perspectivas alternativas.

Não obstante, apareceram coisas inovadoras: materiais, algumas propostas inovadoras para tratar estes temas em alguns textos de editoras pequenas. Por exemplo, eu mesmo participei numa experiência fomentada pelos Fundos de Cooperação ao Desenvolvimento (associações de câmaras municipais para a cooperação) de Catalunha, Menorca, Mayorca e as Pitiüses (ilhas mais pequenas), para elaborar uns materiais didáticos que mostravam essa perspectiva mais intercultural relativamente ao Islão (br. Islã), Al-Andalus, etc… na conformação da história e identidade atual do que chamamos Países Catalães.

* Ensaísta, filósofo e poeta catalão.

Tradução: sionismo.net

 

Sobre sionismo catalán, revueltas árabes e islamofobia

Por Abdennur Prado*.

Entrevista con Josep María Navarro Cantero, amigo y militante, uno de los fundadores de la ONGD SODEPAU, profesor de la Escuela Universitaria de Treball Social, y trabaja en proyectos de mediación comunitaria para el Ajuntament de Barcelona.

Abdennur Prado: Hace ya casi 15 años de ‘El Islam en las aulas’, en el cual se muestra la visión negativa que sobre el islam y al-Andalus se da en los libros de enseñanza. ¿Crees que el panorama descrito en este libro ha cambiado sustancialmente?

— Josep María Navarro Cantero: Sinceramente no hemos seguido de forma rigurosa los manuales que se van “produciendo” actualmente, y se debería hacer, porque la variedad de editoriales y sensibilidades, a veces, es más importante de lo que se cree. El trabajo de investigación al que haces referencia formaba parte de un proyecto europeo dirigido por el profesor Falaturi, iraní, residente en Alemania, y que trataba de restituir una imagen correcta y rigurosa del Islam en las escuelas de los países de la UE, de aquellos momentos.

Bueno, este proyecto adaptado a la realidad de la Península Ibérica y nuestra experiencia histórico-social de la civilización andalusí, cambió en cierta manera la orientación de la investigación y las propuestas en el Estado Español. Por ejemplo, los libros de texto de diferentes disciplinas, en general, no es que dieran una mala visión de Al-Andalus, si no que unos, por ejemplo Filosofía, la ignoraban porque no entraba en los parámetros y la manera de entender la historia del pensamiento europeo-occidental; otros libros de otras disciplinas, sí hablaban bien de Al-Andalus, claro¡¡ cómo no¡¡, pero era una civilización extranjera a la identidad y devenir de los Pueblos y naciones Ibéricas. Nuestro trabajo de investigación se desarrolló en base a equipos de personas de diferentes zonas de la Península: Andalucía, país Vasco, Galicia, Catalunya y País Valencià, y también en base a sus libros de texto y editoriales específicas y los de referencia Estatal. Por tanto, Al-Andalus bien, perfecto, pero extranjero, foráneo, no integrado en la construcción identitaria, ni de la idea de España, ni de la idea de las naciones y pueblos que conforman la península Ibérica más allá o más acá del Estado español propiamente dicho. En este sentido, esta perspectiva se mantiene en los libros de texto, no ha habido demasiados cambios, por lo poco que he podido ver y analizar, sin mucho rigor tengo que decir… también…

En referencia a aquellos temas más relacionados con Islam, civilización islámica, culturas musulmanas, sociedades musulmanas, bueno…, aquí sí las cosa empeoraban y mucho. Actualmente ¿Se han modificado en positivo? Por lo poco que he podido ver y analizar, pero superficialmente, sí, hay algunos cambios en positivo, algunos, pero habría que concretar esto en algunas editoriales pequeñas, y territorializadas, no en las grandes, ni de ámbito estatal…

Para que estos trabajos, que se realizaron en su momento, el nuestro, el de Gemma Martín Muñoz, y otros, tuvieran una cierta continuidad e impacto deberían darse las condiciones para que una especie de observatorio hiciera un seguimiento y evaluación, quizás cada cinco años, y que a la vez, hubiera una exigencia y demanda de más rigor por parte de la ciudadanía, de las comunidades musulmanas ibéricas, y de los/las profesionales de la enseñanza… Y por supuesto que hubiera editoriales que apostaran por la innovación, y otras maneras de ofrecer visiones y perspectivas alternativas.

Ya digo… No obstante, han aparecido cosas innovadoras: materiales, algunas propuestas innovadoras para tratar estos temas en algunos textos de editoriales pequeñas. Por ejemplo, yo mismo participé en una experiencia fomentada desde los llamados Fondos de Cooperació al Desenvolupament (asociaciones de ayuntamientos para la cooperación) de Catalunya, Menorca, Mallorca, y las Pitiüses (islas más pequeñas), para elaborar unos materiales didácticos que mostraban esa perspectiva más intercultural respecto del islam, Al-andalus, etc… en la conformación de la historia y la identidad actual de lo que llamamos Països Catalans.

Ambos hemos sido víctimas mediáticas del sionismo catalán, que tiene controlada una buena parte de la prensa catalana. ¿Cómo podemos explicar la implantación del sionismo en Cataluña, teniendo en cuenta que el número de ciudadanos judíos es muy escaso?

— Bueno, a mi entender, y así lo compartimos un grupo de amigos/as que discutimos y reflexionamos al respecto, el sionismo en Catalunya, también en el País Valencià y las Illes, no está ligado con la presencia de población de confesión o de tradición judía. El sionismo tiene un gran impacto entre nosotros/as porque es una ideología nacionalista de construcción de un estado nacional, y recuperación de una lengua (en el caso sionista-israelí, del hebreo) en un país pequeño, rodeado de “enemigos”, y que además representa (el sionismo) para los sectores de ese “catalanismo político pro-sionista” un referente de modernidad y de “democracia”, frente a los “moros”, que serían, como siempre, el paradigma de tradicionalidad, ancestralidad, primitivismo…dictadura….y además “se aliaron con Franco para destruir el país” (Catalunya y país Valencià, Illes).

En Catalunya sobre todo, pero también en el País Valencià, un sector significativo y apreciado de la intelectualidad de lo que se podría llamar el stablishment nacionalista hegemónico, tienen un gran reconocimiento institucional, y también popular, y una significativa implantación en la prensa y medios de comunicación “de orden” y del “sistema”, por supuesto, y como Dios manda…

Ahora bien…, esta hegemonía, que sigue siéndolo, ha sido ampliamente contestada en los últimos 6 años, desde las grandes manifestaciones contra la guerra e invasión de Irak, en favor de Palestina, contra los ataques sionistas a Gaza…; la verdad es que ahora ese sector, a pesar de su masiva presencia en los medios de comunicación del stablishment, es contestado de forma muy viva y masiva por multiplicidad de publicaciones, blogs, webs, y la verdad es que ha ganado muchísimo terreno una perspectiva no-sionista del pensamiento político catalán, sea nacionalista, independentista, o de otras opciones liberales, de izquierda, ecologista, etc….Esto ha puesto muy y muy nerviosos a esos sectores y se nota, y se percibe, pues han visto ampliamente cuestionada su hegemonía e implantación, ya sea porque se han puesto límites a su influencia en tanto que pensamiento dominante, así como en la manera de pensar tanto el papel del Estado de Israel en la geopolítica mediterránea y mundial, como en la construcción de un posible Estado independiente en Catalunya y els Països Catalans en base a una perspectiva sionista…; pero atención, esta perspectiva sionista sigue siendo muy fuerte, y muy consolidada…

¿Qué papel juega, en tu opinión, la islamofobia en la geopolítica internacional?

— Coincidimos en la afirmación de que la islamofobia es el nuevo antisemitismo del siglo XXI. Las supuestas amenazas a Europa y Occidente siguen siendo las procedentes de los países musulmanes; la renovada fuerza que se quiere promover e imponer via OTAN, así como los nuevos proyectos defensivos… para defender al “mundo libre” se construyen en base a la perspectiva y la idea de que la amenaza procede de países musulmanes y algún otro como Corea del Norte y quizás China…, en realidad todo suena a la vieja tesis de Huttington del “choque de civilizaciones”.

La “quinta columna” que quiere socavar desde dentro a las sociedades “libres de Europa”, es la que que se construye y se promueve en las “catacumbas” de las mezquitas y oratorios musulmanes… Yo creo que esas ideas defendidas tanto por los populistas de extrema derecha, como por liberales y socialdemócratas, en general, configuran las ideologías de fondo, de profundidad, que expresa el nuevo y renovado antisemitismo (con todas sus particularidades y renovadas características) que se filtra en la perspectiva geopolítica europea-occidental, aunque es cierto que estas ideas y orientaciones han sufrido un serio revés con la experiencia de la revueltas “árabes”.

Desde SODEPAU habéis realizado diversos encuentros para analizar las revueltas árabes. ¿Cuáles serían tus principales conclusiones, con la perspectiva que hoy tenemos?

— Bueno, las revueltas árabes han tenido un impacto muy importante, a pesar de sus limitaciones evidentes y reales, y sus características diferenciadas. Han permitido visibilizar que una cosa son los regímenes árabes, autoritarios o totalitarios, poco respetuosos con los DD.HH., proclives a la corrupción, y por otra parte que en estos países las sociedades civiles, y muchos y grandes sectores de la población, no tienen nada que ver con los regímenes, y que la insostenible idea del orientalismo respecto de la incompatibilidad entre islam, árabes y democracia, o lo que podría ser algo parecido a lo que llamamos democracia en Europa y occidente, es falsa, absolutamente falsa e indefendible.

Para mi esto es lo principal, porque habría que entrar mucho en pormenorizar aspectos concretos y específicos para cada país, situación, contexto, para hacer una evaluación rigurosa.

Han caído los grandes tópicos, las grandes mentiras, la falsedad de unos mitos absurdos respecto de unas poblaciones, y sus particularidades culturales y civilizatorias.

¿Crees que el islam ha jugado algún papel en las revueltas?

— ¿El Islam como base civilizatoria? Bueno, claro… El islam impregna la realidad cultural y cotidiana de esas sociedades, el islam se muestra como creencia, como cultura, como manera de ser…, tanto desde la perspectiva de las élites autocráticas, como desde la perspectiva de los movimientos sociales revolucionarios, claro, en diferentes medidas y dosis, unos/as reclamando el islam como base, como referente, como tradición renovada, como fuente de pensamiento de transformación, otros/as desde el liberalismo, o la izquierda, o el nacionalismo, aportando una visión más o menos enraizada cultural y civilizatoriamente, pero desde una perspectiva laica y aconfesional.

No son solo revueltas de jóvenes liberales, nacionalistas, diplomados, sino revueltas interclasistas, de base popular, con una relación muy fuerte con las antiguas o tradicionales luchas sindicales, por las libertades, por los DD.HH., por la pluralidad política y libertad de expresión…

En su reciente discurso en la ONU, la Ministra española de Exteriores calificó a Israel como “hogar nacional para el pueblo judío”, oponiéndose al derecho al retorno de los palestinos. ¿Cómo valoras este discurso?

— Es ir en contra de las resoluciones de las mismas NN.UU. para con el pueblo palestino. El derecho al retorno, o el derecho a ser indemnizados por el expolio de la limpieza étnica del 1947 y hasta el 1949, es la pieza fundamental y clave de un verdadero proceso de paz en la región. Nuestra Ministra debe ser ignorante de esta cuestión, o quizás tenga una inmensa necesidad de congratularse con Israel…. ¿por qué motivo?

El actual gobierno de España va a la deriva, en todas sus dimensiones, y también en su política Internacional y sus perspectivas y análisis geopolíticos. ¡Qué pena¡ ¡dan pena¡¡¡ ¡esta socialdemocracia fracasada es una gran desgracia¡¡¡

Me gustaría conocer tu opinión sobre la evolución en Marruecos. ¿Se esta viviendo realmente un proceso de democratización, se detecta una mejora en materia de derechos humanos?

— La democracia avanza y retrocede de una manera dialéctica, contradictoria, y a veces surrealista.

Parecía que los DD.HH. y la democracia avanzaban y esa perspectiva de hace 10 años, ha sufrido un retroceso porque por un lado los movimientos sociales y el tejido social no son lo suficientemente fuertes y consistentes, los partidos políticos están totalmente cooptados por el “makhzen” (el aparato de estado, el núcleo del poder de estado); los movimientos islamistas de carácter pacífico (Justicia y Caridad, por ejemplo..) están controlados por los servicios de inteligencia y policía y muy limitados; el potente movimiento de DD.HH. marroquí tiene sus limitaciones en su incidencia, y posibilidades. Pero también es cierto que dentro del mismo Makhzen hay pugnas, debates, contradicciones,..hay sectores liberales que no están de acuerdo con las derivas autoritarias…, es decir, en el Makhzen las contradicciones son múltiples y la cohesión no es tal. Pero, cuidado, es el núcleo de poder político, y quiere seguir siéndolo por muchos siglos…

Hay mucho terreno por recorrer, pero nada está ganado de antemano.

Por último, me gustaría conocer tu valoración de Webislam.

— ¡Muy bien, me parece super! Muy interesante. Utilizo algunos materiales vuestros, sobre todo vídeos, documentales, vuestros comentarios, y los utilizo para dar mis clases en la Escuela de Trabajo Social de la Facultad de Pegagogía de la UB.

Es muy necesaria vuestra web, y hay que garantizar la perspectiva, la visión y la expresión, también los sentimientos y la emoción… de los y las musulmanas de los pueblos ibéricos. Son claves, necesarios. Ahora más que nunca, en estos tiempos difíciles, de incertidumbre y de agresión a las clases y sectores populares.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.