Sobre a pesquisa “Avaliação da qualidade e elaboração do sistema de monitoramento da Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis”

avaliacao-desempenhoJá há algum tempo os trabalhadores das unidades educativas, seja nas formações, via ofícios, CIs, nas ruas e nas lutas nas datas-bases, vêm apontando os principais problemas que hoje enfrentamos em termos de infraestrutura, condições de trabalho, formação e valorização. Os avanços também são apontados, fruto da unidade, organização e luta destes mesmos trabalhadores que diante das adversidades e da batalha cotidiana resistem e insistem em oferecer uma educação pública de qualidade às crianças e suas famílias.

Neste sentido, se os trabalhadores fossem de fato ouvidos e considerados, a SME já teria mapeado quais os principais problemas existentes nas unidades de educação infantil e não precisaria contratar uma empresa para fazer este levantamento.

Ainda que a pesquisa coordenada pela Fundação Carlos Chagas neste primeiro momento se concentre em “avaliar a qualidade dos ambientes das unidades municipais de Educação Infantil”, consta como um dos seus objetivos, “propor recomendações para a SME sobre: a) concepção e o plano de formação continuada; b) acompanhamento do trabalho dos profissionais de educação infantil; c) uma proposta de acompanhamento das crianças ao longo da Educação Infantil¹. Desta forma, fica claro que não é apenas uma pesquisa de levantamento de equipamentos e infraestrutura, mas em se tratando de ambiente também requer pensar sobre os sujeitos que nele atuam mais diretamente, neste caso, professores e crianças.

Somos favoráveis à formação permanente e continuada de todos os trabalhadores da educação e lutamos para que o município a oferte. No entanto, alertamos que esta formação não deve estar atrelada a concepção meritocrática da educação, a estratégias para atingir índices e metas, para cumprir prazos e objetivos de organismos multilaterais como o BID. A troco de um empréstimo financeiro para “expandir e aperfeiçoar a educação infantil e fundamental em Florianópolis”, o “financiador” exige não apenas o pagamento de toda grana investida com juros e correção monetária, como também tenta forjar um modelo de educação tirando o protagonismo dos professores, ao mesmo tempo atribuindo responsabilidades pelos resultados obtidos.

Mesmo tendo o posicionamento político contrário ao projeto BID-SME sobre o qual há algum tempo discutimos e denunciamos, o fato é que, a partir da próxima semana, as unidades de educação infantil receberão os pesquisadores para dar início à coleta de dados. Orientamos para que os professores conversem com os pesquisadores para sanar dúvidas, apontar os principais problemas enfrentados cotidianamente e que garantam a continuidade do planejamento com as crianças sem alterar a rotina da unidade. Também cobraremos para que o dinheiro gasto com esta pesquisa (R$ 1.860.025,20) seja completamente revertido na melhoria dos materiais e espaços educativos, bem como das condições de trabalho e valorização de todos os trabalhadores da educação.

Independente dos dados revelados com esta pesquisa, continuamos lutando pelo pagamento da lei do piso do magistério na carreira, pela valorização das auxiliares de sala, pela ampliação da Hora Atividade em tempo para o magistério, pela melhoria das condições de trabalho; pela garantia e ampliação dos direitos de todos os trabalhadores. Dinheiro público é para o serviço público! Por uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos!

¹ Fundação Carlos Chagas/BID/PMF. Avaliação da qualidade e elaboração do sistema de monitoramento da Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis. Florianópolis. Agosto de 2015.

Fonte: Sintrasem.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.