Soberania alimentar: desmonte de políticas públicas impacta na mesa dos brasileiros

Segundo pesquisadora, já é possível prever como o consumidor será afetado pelas políticas do governo Bolsonaro.

Foto: Comunicação MST

Por Jaqueline Deister.

Você sabia que a diversidade de alimentos que você encontra quando vai à feira ou ao mercado está relacionada à soberania e segurança alimentar? E que o conceito está ligado também ao modo de produção do pequeno agricultor? Boa parte da população ainda desconhece a importância da defesa da soberania, segurança alimentar e nutricional, mas elas incidem diretamente na nossa mesa e saúde.

O dia 16 de outubro é celebrado como o Dia Mundial da Alimentação pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Renata Bravin, agrônoma e integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Rio de Janeiro, explica que um dos princípios da busca por mais autonomia para os pequenos agricultores estabelecido pela soberania alimentar reside em resgatar e valorizar antigos modos de produção.

“Tentamos resgatar o conhecimento do agricultor, porque a conservação de sementes são coisas que são feitas milenarmente pela agricultura familiar. A passagem de semente de geração em geração, o material se reproduzindo e guardando. Então, na verdade, a gente tenta resgatar para que essas espécies voltem a ser cultivadas e também tenta trabalhar o mercado para que esse alimento tenha valor reconhecido”, conta.

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Políticas públicas

Para a pesquisadora Mariana Santarelli que integra o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, uma das organizações responsáveis pelo Informe Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas (DHANA), o Brasil está passando por um período preocupante, pois diversas políticas públicas que fomentavam a agricultura familiar e alimentação saudável estão sendo desmontadas. Segundo ela, ainda é difícil medir o impacto das medidas adotadas pelo atual governo, mas já é possível prever como o consumidor poderá ser afetado.

“Do ponto de vista da agroecologia tem um prejuízo grande, porque a gente estava conseguindo investir em pesquisa, circuito de comercialização, feiras e coisas desse tipo, vai dificultar a produção e a chegada desse tipo de alimento que acaba encarecendo e tornando o acesso cada vez mais restrito. E tem todo o outro lado que afeta o consumidor que é da agenda regulatória. Estavam acontecendo muitas negociações e conversas sobre as escolhas alimentares que não está mais”, relata.

Mesmo com os retrocessos, os movimentos que atuam em defesa da soberania, segurança alimentar e nutricional seguem fazendo a sua parte. Desde o dia 8 de outubro o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) realiza a Jornada de Lutas por Soberania Alimentar e Poder Popular. As atividades acontecem em universidades e no espaço Raízes do Brasil, em Santa Teresa, as atividades reúnem feiras, lançamentos de livros, documentários e palestras. A programação do evento vai até o dia 18/10. A programação do encontro está disponível num evento no Facebook.

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