Simulações do USPMUN reproduzem impasses globais na questão migratória

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Por Rodrigo Borges Delfim, com colaboração de Lya Maeda. Para estudantes de diversas universidades, o feriado de Páscoa não foi bem de ovos de chocolate e descanso. Eles estiveram reunidos para a primeira edição do USPMUN (USP Model United Nations), que ocorreu entre os dias 1 e 5 de abril no prédio da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), na zona oeste de São Paulo.

Criada por alunos de diversos cursos da USP, a simulação foi aberta para universitários de todo o Brasil e contou com cerca de cem participantes ao longo do evento, de acordo com a organização. Os participantes agiam como diplomatas representando cada qual um país ou um determinado grupo desse país e seus interesses, simulando assim o funcionamento dos debates nas Nações Unidas.

A edição contou com cinco comitês: Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Supremo Tribunal Federal (STF) e United Nations Security Council (nome em inglês do Conselho de Segurança da ONU). Teve ainda um comitê de imprensa montado especialmente para o USPMUN, divulgando tanto notas das delegações como fazendo análises críticas dos resultados dos debates nos comitês.

“O USPMUN surgiu de um anseio entre modeleiros da USP que sempre viajaram para participar de modelos (alguns até desde o Ensino Médio) e não tinham uma simulação de Ensino Superior na própria faculdade. Importante ressaltar que o USPMUN já nasceu tentando ser o mais horizontal possível. Ainda que a figura do secretário persista, muitas das decisões acerca do evento foram tomadas em conjunto com diretores e diretoras interessados em tocar o projeto para além da parte acadêmica”, disse Bernardo Dantas, estudante do 7º semestre de Direito da USP e que fez o papel de secretário-geral da simulação.

Migrações e trabalho decente em pauta

Os debates foram acalorados e reproduziram muitos dos impasses, dilemas e representações ideológicas que podem ser notadas facilmente no mundo real da política internacional. Entre os debates, o evento abordou a temática de migrações e trabalho decente, sob o escopo da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Tópicos como as condições laborais degradantes de imigrantes nos Emirados Árabes Unidos e questões envolvendo o fluxo de imigrantes entre a fronteira Marrocos-Espanha estiveram presentes nas discussões.

A conclusão dos trabalhos da OIT, infelizmente, reproduziu a realidade que se vê no mundo real. Apesar de todo o empenho, dedicação e paciência dos delegados e de acordo com as previsões da imprensa, não conseguiu aprovar resolução alguma. “Tal acontecimento reforça a incompetência das representações em questão – as quais, por motivos fúteis, negligenciaram o sofrimento diário de centenas de milhares de imigrantes, regulares ou irregulares, que são alvo de xenofobia e não possuem a mínima dignidade em seu labor. Por conta da falta de disciplina dos membros da OIT, sua pena, infelizmente, continuará por tempo indeterminado”, analisa o setor de imprensa do USPMUN que fez a cobertura do evento.

Lisellote Lundgren Martinez, estudante o terceiro semestre de RI na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), foi uma das delegadas na simulação da OIT, que debateu migrações e trabalho decente. Para ela, embora as resoluções não tenham sido aprovadas, a simulação foi importante para entender o funcionamento das políticas adotadas e o contexto no qual foram geradas.

“Além de você compreender o órgão que tenta discutir as premissas da migração, você entende as políticas e as situações atuais dos países envolvidos nesse assunto. Além disso, se compreende as estruturações que levaram aqueles países a adotar aqueles contextos de imigração e emigração.”

Balanço

Para Dantas, o balanço do primeiro USPMUN é positivo e mostrou uma vontade dos estudantes de se apropriar de debates importantes da atualidade – tanto nacionais como internacionais. “Acho que tivemos um aspecto muito bom de horizontalidade no evento. A própria abertura, que ocorreu num molde participativo, com falas dos próprios delegados, foi um marco muito bom e que pretendemos manter para os próximos eventos.”

A próxima edição do USPMUN deve acontecer no ano que vem.

Foto: Reprodução/MigraMundo

Fonte: MigraMundo

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