She’s Beautiful When She’s Angry: o documentário que você precisa assistir

Por Catarina Ferreira.

She’s beautiful when she’s angry, ou, em português, “Ela é linda quando está nervosa”, é um documentário que trata da luta de gêneros nos Estados Unidos na década de 1960. Com direção de Mary Dore, o filme mostra como surgiram os movimentos de libertação feminina e nos traz a visão das moças que ajudaram a fazer a história do feminismo.

Por que essas mulheres são parecidas com você?

O documentário mostra o início das reivindicações feministas, os seus questionamentos, inseguranças e dúvidas. A vida da grande maioria das moças se estruturava de uma maneira na qual os homens tomavam a frente das coisas. Os cargos de chefia, o protagonismo no mercado intelectual e de trabalho, a autoridade familiar, mas sobretudo, o homem tinha o controle sobre o seu próprio corpo e detinha poder de escolha.

Essas inquietações uniram mulheres dentro de suas universidades e de suas comunidades para que debatessem e compartilhassem suas experiências. Com isso, elas tiveram a certeza de que não estavam sozinhas, de que juntas elas se compreendiam e que poderiam questionar, pois a mudança era necessária. Elas procuraram uma voz coletiva, e encontraram. Vê a semelhança com os dias de hoje?

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Voltando à década de 1960, e à discriminação no mercado de trabalho, o filme cita que anúncios de emprego eram muitas vezes voltados especificamente para homens, sendo que a produção intelectual de artigos e livros também era patriarcal. Apenas 6% dos livros vendidos eram escritos por mulheres.

Outro ponto que ligou as mulheres na luta feminista foi a legalização do aborto. Ainda hoje, em que os métodos contraceptivos não alcançam toda a população, imagine como a situação era mais grave em 1960. Em Massachussets, por exemplo, os métodos contraceptivos eram ilegais. O pensamento conservador os condenava, logo, um dos maiores medos da população feminina era uma gestação indesejada. E os motivos para temê-la eram muitos: a situação financeira, a condição física, e, no caso de problemas de saúde, os abusos poderiam resultar num bebê. As mulheres queriam poder escolher, afinal o corpo é delas.

Desse debate, surge algo que chama muito a atenção: o posicionamento do movimento negro em relação ao aborto no que diz respeito às mulheres afro-americanas. A comunidade negra, em sua maioria, enxergava o aborto como uma espécie de genocídio. E essa foi apenas uma das diferenças que as moças afro-americanas encontravam em relação à luta feminista que era majoritariamente branca.

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Dentro dos coletivos surgiram outros recortes. A comunidade lésbica precisava de voz, suas dúvidas e seus questionamentos precisavam (e precisam) ser ouvidos. As classes mais baixas precisavam de voz. O depoimento de Roxanne Dumbar, ativista do movimento da libertação feminina, diz que ela acreditava que tudo aquilo que ocorria de ruim na sua vida (inclusive o que ela mais tarde identificou como misoginia) era devido à sua classe social.

O direito de escolha, a necessidade de condições de trabalho dignas, de salários equiparados, de creches para que seus filhos estivessem bem cuidados enquanto elas trabalham, poder cuidar do próprio corpo e da carreira da maneira que lhe for melhor, é o que a luta feminista pede. Segurança para andar nas ruas, criminalizar o estupro e atribuir a culpa ao agressor e não à vítima. Poder escolher quando ter filhos, poder escolher o próprio futuro.

Essas moças começaram a mudança da qual hoje nós somos protagonistas. Mulheres como Virginia Whitehill, a primeira mulher que falou à Suprema Corte americana sobre a legalização do aborto. As fundadoras do coletivo Jane, que prestavam auxílio às mulheres que procuravam o aborto quando este ainda era ilegal nos EUA, ou o coletivo feminino de saúde de Boston que montou um curso sobre a anatomia feminina (Our bodies Ourselves, que posteriormente tornou-se um livro) , incentivando milhares de mulheres a conhecer seu corpo, se sentirem confortáveis com ele, buscarem satisfação nas relações sexuais e em sua aparência. A luta delas começou com diálogos e questionamentos, adquirindo cada vez mais informações. E devemos continuar a luta.

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Fonte: Lado M

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