Ser mulher e arriscar a vida no México

Foto de arquivo. Cuarto Oscuro.
Foto de arquivo. Cuarto Oscuro.

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

(Português/Español).

No dia 8 de março, todos ao redor do mundo celebraram as mulheres, ao que parece certo grupo de pessoas entendeu que a mulher deve ser celebrada um dia ao ano, o que poucos sabem é que o 8 de março tem em sua origem algo obscuro e inumano já que se comemora a morte de 147 costureiras em uma fábrica têxtil (1991) nos Estados Unidos. Um incêndio onde trabalhavam terminou com suas vidas por estarem impossibilitadas de sair já que seus patrões trancavam bem todas as saídas e janelas para evitar roubos. Como foi aprendido na história, deve ocorrer uma tragédia para que se questione a falta de direitos ou a violação dos mesmos.

A partir daí, movimentos de grupos de mulheres socialistas lançaram um chamado forte para a igualdade de direitos, que fossem bem tratadas como trabalhadoras, salários justos e horários humanos, tal como Luise Ziets e Clara Zetkin haviam proposto em 1910 durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas (em Copenhague). Em 19 de março de 1911 se celebrou pela primeira vez o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, e à lista de petições foi agregado o direito ao voto, o direito a ocupar cargos públicos, a formação profissional e a não discriminação laboral. Foi uma alemã, Alexandra Kollontai que sendo Comissária do Povo para a Assistência Pública logrou o voto para a mulher, a legalidade do aborto e do divórcio, além disso conseguiu que o 8 de março se estabelecesse como festa oficial, ao passar dos anos os países foram adotando essa data e atualmente se perdeu o significado de celebrar ou 8 de março.

No caso mexicano as mulheres recebem rosas e frases sentimentais, entretanto, se esquecem da luta constante da mulher. O México foi fundado na base de uma sociedade machista onde a mulher devia estar em sua casa como uma escopeta, entrelinhas, carregada e atrás da porta. A imagem saída de uma fotografia em preto e branco, nos mostra o homem macho e rancheiro, com botas e sombreiro sentado e ao lado uma mulher submissa com saia longa, o cabelo bem trançado, o pano para carregar ao bebê e cheios de filhos. Esse machismo foi alimentado tanto pelos pais como pelas mães como uma forma de assegurar que as filhas encontrem um bom marido e que os homens sejam capazes de manter uma casa e seguir com a tradição. Uma anedota pessoal, minha avó sempre me repreendeu por não saber fazer tortilhas caseiras e me dizia que não iria casar porque nem cozinhar um arroz conseguia. Já passo dos 20 anos e minha avó atribui minha solteirice ao meu rechaço por entrar na cozinha.

Mas tem sido assim desde sempre, a mulher mexicana tem sido um pilar muito importante na formação do Estado mexicano como o conhecemos hoje em dia. Durante a Revolução Mexicana (1910-1917) as mulheres iam juntas com os soldados insurgentes. As chamavam de “Adelitas”, um número delas serviram como enfermeiras, algumas como soldaderas e outras inclusive chegaram a comandar batalhões com até mil homens em seu comando como a coronela Amélia Robles.

Homenagem as mulheres da Revolução Mexicana em Genebra pela lente de Gustavo Casasola (Foto arch.c.)

Nos trens, os homens e os cavalos ocupavam os vagões. Elas viajavam nos tetos, rogando a Deus que não chovesse.
Sem elas, soldaderas, cucarachas, adelitas, vivanderas, galletas, juanas, pelonas, guachas, essa revolução não teria existido.
Nenhuma recebeu pensão. “ E. Galeano

Em 1940 se inicia uma nova era no México, entretanto foi obscurecida pela corrupção dos novos governantes, mas mesmo assim as mulheres começaram a se organizar para exigir uma participação ativa na política, formaram o Partido Feminista Revolucionário, criaram associações e frentes pró direitos das mulheres, o voto da mulher foi alcançado em 1953. Depois do massacre dos estudantes em Tlatelolco em 1968 na Cidade do México se formou um movimento de feminismo socialista no país (maio de 1971) seguindo a linha das ideias feministas estadunidenses e europeias.

Fonte: VoicesYouth. Org

Na atualidade as mulheres mexicanas devem lidar com o machismo que segue vigente, a violência intrafamiliar, o crime organizado, a insegurança, a guerra contra o narcotráfico em algumas regiões, a discriminação por pertencer a certo povo originário e com o Estado. Porque muitas mulheres não são somente mães, estudantes, trabalhadoras ou profissionais, algumas decidem ser defensoras dos direitos humanos e com isso ser alvo de ameaças e prisões; também se vive uma época onde no território os feminicídios estão crescendo (3 mil 892 mulheres vítimas de feminicídio entre 2012 e 2013), sendo um novo fenômeno as mulheres que são assassinadas por seus parceiros quando os mesmos descobrem que serão pais, casos de abuso sexual, tráfico de pessoas, desaparecimentos forçados e escravidão laboral estão também na ordem do dia sem que o Estado imponha justiça, de maneira que impera a impunidade já que as autoridades protegem igual ao que maltrata, ao que assassina, sequestra, viola ou tortura.

A mulher mexicana enfrenta as mesmas desigualdades históricas, as mulheres seguem sendo o sustento do lar (porque geralmente o pai desaparece), assumem sozinhas as tarefas domésticas; o acesso ao poder e a tomada de decisão é limitada, os postos públicos e representação no Congresso é simbólica e simulada: trabalham em média 19 horas mais que os homens; a população feminina segue sendo considerada como um grupo minoritário; é reiterado o não cumprimento de leis em matéria de direitos das mulheres, que segue no meio de um clima de impunidade e corrupção generalizada, restringe a participação política, assim como exacerba e normaliza a cultura de discriminação e violência.

Fonte: Diario Ciudadano.

Alguns dados sobre a população feminina no México:

Mais de 61 milhões são mulheres e 58 milhões são homens.

Ocupação laboral remunerados ou não remunerados: do total de horas dedicadas ao trabalho, remunerado ou não, os homens contribuem com 40% enquanto as mulheres com 60%. 20 708 939 mulheres se encontram trabalhando em empregos formais e informais.

México ficou posicionado em um índice médio no que se refere a equidade de gênero. De acordo com o Relatório Global das Diferenças de Gênero 2015, publicado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), México ocupa o lugar 71º em 145 países.

Feminicídios: segundo dados do Observatório Cidadão Nacional do Feminicídio, se calcula que entre 2013 e 2014, em média, foram assassinadas sete mulheres diariamente no país. 38 de cada 100 foram enforcadas, as estrangularam, as afogaram, as queimaram ou lesionaram com objetos cortantes ou golpearam com outros objetos. A maioria dos casos de feminicídio tem a ver com questões culturais e não pelas condições de violência que existem no país. 31 defensoras dos direitos humanos e jornalistas foram assassinadas entre 2010 e 2014.

Violência intrafamiliar: de acordo com os dados do Censo Nacional sobre a Dinâmica das Relações Domésticas (Endireh na sigla em espanhol) do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI), em dados de 2011 revelam que 63 de cada 100 mulheres de 15 anos ou mais passou por um incidente de violência em geral.

Acesso ao poder: somente uma única governadora em 32 estados; duas ministras de 11 na Suprema Corte de Justiça da Nação; 47 senadoras de 128; 212 deputadas federais de 500. E no gabinete presidencial, somente três de 19 cargos de alto nível são ocupados por mulheres. No poder Judicial de 11 ministros somente duas são mulheres.

Por último considero que as campanhas sobre os direitos das mulheres tem sido errôneas quando se busca minimizar a violência e a discriminação já que vitimizam a mulher em lugar de dar-lhe um sentido de igualdade, além disso considero que é na educação e nos valores que se devem ensinar as futuras gerações para garantir o respeito e o reconhecimento do trabalho, da participação e da existência da mulher.

Tradução: Thiago Iessim para Desacato.info.


Ser mujer y rifársela en México.

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

La otra semana todos alrededor del mundo celebraban a las mujeres, porque al parecer a un grupo de personas se les ocurrió que la mujer debe ser celebrada un día al año. Lo que pocos saben es que el 8 de marzo tiene un origen algo oscuro e inhumano  ya que se conmemora la muerte de 147 costureras fallecidas en una fábrica de textil (1991) en Estados Unidos, un incendio donde laboraban terminó con su vida debido a que no pudieron salir porque sus patrones cerraban bien todas las salidas y  ventanas para evitar robos.  Como se ha aprendido en la historia, debe ocurrir una tragedia para que se cuestione la falta de derechos o la violación a los mismos.

A partir de ahí, movimientos de grupos de mujeres socialistas lanzaron un llamado fuerte para la igualdad de derechos, mejores tratos como trabajadoras, sueldos justos y horarios humanos, tal como Luise Ziets y Clara Zetkin lo habían propuesto en 1910 en la II Conferencia Internacional de Mujeres Socialistas (en Copenhague). El 19 de marzo de 1911 se celebró por primera vez el Día Internacional de la Mujer Trabajadora y a la lista de peticiones se había agregado el derecho al voto, el poder ocupar cargos públicos, a la formación profesional y a la no discriminación laboral.  Es una alemana, Alexandra Kollotai quien siendo Comisaria del Pueblo para la Asistencia Pública logró el voto para la mujer, la legalidad del aborto y el divorcio, además consiguió que el 8 de marzo se estableciera la fiesta oficial, al pasar de los años los países fueron adoptando esta fecha  y en la actualidad se ha perdido el significado de celebrar o conmemorar el 6 de marzo.

En el caso mexicano a las mujeres les llenan de rosas y frases cursis, sin embargo, se olvida la lucha constante de la mujer. México se fundó en la base de una sociedad machista donde la mujer debía estar en su casa como una escopeta, es decir, cargada y detrás de la puerta. Imágenes salidas de una fotografía en blanco y negro, nos muestran al hombre macho y ranchero, con botas y sombrero sentado y a lado una mujer sumisa con faldones, el cabello bien trenzado, el rebozo para cargar al niño y llenos de hijos. Este machismo ha sido alimentado tanto por los padres como por las madres como una forma de asegurar que las hijas encuentren buen marido y que los hombres sean capaces de mantener una casa y seguir con la tradición. Una anécdota personal, mi abuela siempre me regañó por no saber hacer tortillas a mano y me decía que no iba a casar porque ni cocinar un arroz puedo. Ya paso de los 20 años y mi abuela atribuye mi soltería a mi rechazo a entrar a la cocina.

México 2

Pero no siempre ha sido así, la mujer mexicana ha sido un pilar muy importante en la formación del Estado mexicano como lo conocemos hoy en día. Durante la Revolución Mexicana (1910-1917) la mujer iba a la par con los soldados insurgentes. Les llamaban “Adelitas”, un número de ellas sirvieron como enfermeras, algunas como soldaderas y otras inclusos llegaron a comandar batallones con hasta mil hombres a su cargo como la coronela Amelia Robles.

HomenajeHomenaje a las mujeres de la revolución mexicana en Ginebra bajo el lente de Gustavo Casasola (foto  arch.c.)

“En los trenes, los hombres y los caballos ocupaban los vagones. Ellas viajaban en los techos, rogando a Dios que no lloviera.
Sin ellas, soldaderas, cucarachas, adelitas, vivanderas, galletas, juanas, pelonas, guachas, esa revolución no hubiera existido.
A ninguna se le pagó pensión.” E. Galeano

En 1940 se inicia una nueva era en México sin embargo fue opacada por la corrupción de los nuevos gobernantes, aun así las mujeres empezaron a organizarse para exigir una participación activa en la política, formaron el Partido Feminista Revolucionario, crearon asociaciones y frentes Pro Derechos de la mujer, el voto de la mujer se logró en 1953. Después de la masacre de los estudiantes en Tlatelolco en 1968 en la ciudad de México se formó un movimiento de feminismo socialista en el país (mayo de 1971) siguiendo la línea de las ideas feministas estadounidenses y europeas.

En la actualidad las féminas mexicanas deben lidiar con el machismo que sigue vigente, la violencia intrafamiliar, el crimen organizado, la inseguridad, la guerra contra el narco en algunas regiones, la discriminación por pertenecer a cierto pueblo originario y el Estado. Porque muchas mujeres no solo son madres, estudiantes, trabajadoras o profesionistas algunas deciden ser defensoras de los derechos humanos y con ello ser blancos de ataques, amenazas y arrestos; también se vive una época donde en el territorio los feminicidios van a la alza (3 mil 892 mujeres víctimas de feminicidio entre 2012 y 2013), un nuevo fenómeno es que las mujeres son asesinadas por sus parejas sentimentales al enterarse que van a ser padres, casos de abuso sexual, trata de blancas, desapariciones forzadas y esclavitud laboral están a la orden del día sin que el Estado imponga justicia, de hecho impera la impunidad porque la autoridad protege igual al que maltrata, al que asesina, secuestra, viola, tortura o asesina.

La mujer mexicana enfrenta las mismas  desigualdades históricas, las mujeres siguen siendo el sostén del hogar (porque generalmente el padre se desaparece), asumen solas las tareas domésticas; el acceso al poder y la toma de decisión es limitada, los puestos públicos y representación en el Congreso es simbólica y simulada: trabajan en promedio de 19 horas más que los hombres; la población femenina sigue considerándose como un grupo minoritario; el reiterado incumplimiento de leyes en materia de derechos de las mujeres, que sucede en medio de un clima de impunidad y corrupción generalizada, restringe la  participación política, a la vez que exacerba y normaliza la cultura de discriminación y violencia.

Algunos datos sobre la población femenina en México:

Más de 61 millones son mujeres y 58 millones son hombres.

Ocupación laboral pagada o no pagada: Del total de horas dedicadas al trabajo, pagado y no pagado, los hombres contribuyen con 40%, mientras que las mujeres con 60%. 20.708.939 féminas se encuentran laborando en empleos formales e informales.

México se ubica en un índice medio en cuanto a equidad de género. De acuerdo con el Reporte Global de la Brecha de Género 2015, publicado por el Foro Económico Mundial (WEF, por sus siglas en inglés), México ocupa el lugar 71 de 145 países.

Feminicidios: según datos del Observatorio Ciudadano Nacional del Feminicidio, se calcula que entre el 2013 y el 2014, en promedio, fueron asesinadas siete mujeres diariamente en el país. 38 de cada 100 las ahorcaron, las estrangularon, las ahogaron, las quemaron o las lesionaron con objetos punzocortantes o a golpes con objetos, la mayoría de los casos de feminicidio tienen que ver con cuestiones culturales y no por las condiciones de violencia que existen en el país. 31 defensoras de derechos humanos y periodistas han sido asesinadas entre 2010 y 2014

Violencia intrafamiliar, de acuerdo a los datos de la Encuesta Nacional sobre la Dinámica de las Relaciones en los Hogares (Endireh) del Instituto Nacional de Estadística y Geografía (INEGI), en datos del 2011 revelan que 63 de cada 100 mujeres de 15 años o más padeció un incidente de violencia en general.

Acceso al poder: Una sola gobernadora en 32 estados; dos de 11 ministros en la Suprema Corte de Justicia de la Nación; 47 de 128 senadores; 212 de 500 diputados federales. En el gabinete presidencial, solo tres de 19 cargos de alto nivel son ocupados por mujeres. En el Poder Judicial de 11 ministros solo dos son mujeres.

Por último considero que las campañas sobre los derechos de las mujeres han sido erróneas sí se busca minimizar la violencia y la discriminación ya que victimizan a la mujer en lugar de darle un sentido de igualdad, además considero que es en la educación y en los valores que se deben inculcar a las futuras  generaciones para garantizar el respeto y el reconocimiento del labor, la participación y la existencia de la mujer.

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