Seis dos 21 deputados que vão julgar Cunha respondem a processos

Por Eduardo Militão.

Pelo menos 29% dos deputados que integram o órgão que julgará se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve ser cassado por mentir ao esconder contas no exterior respondem a processos na Justiça.

São pelo menos seis entre os 21 parlamentares do Conselho de Ética alvo de 14 procedimentos judiciais no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Justiça do Rio. São três ações penais, uma de improbidade e 10 inquéritos por crimes diversos. O campeão de processos é Washington Reis (PMDB-RJ), ex-prefeito de Duque de Caxias — com seis processos e uma batida da Polícia Federal no “currículo”.

Segundo depoimento do lobista Fernando Baiano, foi o próprio Cunha quem o apresentou ao operador que fechou delação premiada na Operação Lava-Jato. No entanto, Baiano disse que não fez negócios com Reis. No STF, o deputado responde a uma ação penal por formação de quadrilha e crimes contra o meio ambiente.

Reis também é acusado de improbidade administrativa na 2ª Vara Cível do Rio por supostas irregularidades em obras públicas quando era prefeito. Em 28 de agosto do ano passado, o STF ordenou que a PF cumprisse ordens de busca e apreensão, em plena campanha eleitoral, em residências do deputado no Rio e em Brasília e em empresas.

O objetivo era levantar provas em investigação para saber se ele participa de esquema para fraudar licitações. Reis foi conduzido à polícia, mas acabou liberado depois. A reportagem procurou os seis parlamentares investigados desde a semana passada. Reis e seus assessores não prestaram esclarecimentos ao jornal.
Em segundo lugar está Vinícius Gurgel (PR-AP), alvo de três investigações por problemas eleitorais. No inquérito 4038, originado no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, houve um pedido de busca e apreensão. No 3944, apura-se se ele comprou votos nas eleições. No 3940, a acusação é de que tirou uma fotografia quando estava em frente da urna eletrônica.

Mas o Ministério Público propôs fazer um acordo, chamado de “transação penal”, pelo qual o processo é extinto se houver prestação de serviços comunitários e pagamento de cestas básicas. Gurgel não esclareceu à reportagem se aceitará o acordo. O deputado Wladimir Costa (SD-PA) e seu irmão Wlaudecir Costa respondem a ação penal por peculato ou desvio de dinheiro. Segundo o MP, eles montaram um esquema entre 2003 e 2005, pela contratação de três assessores parlamentares fantasmas em Belém.

Júlio Delgado (PSB-MG) responde a inquérito da Lava-Jato no STF. O dono da UCT Engenharia, Ricardo Pessoa, disse que se reuniu com ele e acertou doação de campanha ao PSB em 2014, o que o parlamentar confirma. Mas nega  ter prometido, como disse o empreiteiro, proteger o executivo na CPI mista da Petrobras realizada.

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