Segurando prancha, Evo Morales exige saída ao mar

evoImagem da capa de “La Poderosa” coloca prancha sob os braços de Morales, em que se lê: “Urgente, um mar para a Bolívia”

 

O presidente da Bolívia, Evo Morales, reforçou em entrevista a uma publicação argentina a exigência por uma saída ao mar. A secular reivindicação boliviana, desta vez, ganhou uma imagem inusitada: na capa da revista independente La Garganta Poderosa, o presidente do país andino aparenta segurar uma pequena prancha de bodyboard em que se lê — nas cores da bandeira boliviana — a frase “Urgente, um mar para a Bolívia”.

“O governo chileno, e não o povo chileno, tem a obrigação de nos devolver o mar e ressarcir todo o dano econômico causado por esse isolamento”, disse o presidente da Bolívia, em longa entrevista concedida à revista argentina.

Morales disse também que o ambiente na América Latina é favorável ao pedido boliviano. “Quase todos os presidentes estão a nosso favor. E, em reuniões reservadas, se discute como chegar a uma solução pacífica e duradoura”, completou.

Na edição, o presidente — que foi líder cocaleiro — falou ainda sobre a proibição da folha de coca, a desigualdade social e o “imperialismo ao qual o continente latino-americano sempre esteve submetido”.

“Que descobrimento da América? Que encontro de culturas? Que civilização? Como alguns dizem, aqui não chegou a civilização, e sim a ‘sifilização’. As lutas por independência ou pela fundação de repúblicas foram feitas enfrentando tanto o colonialismo interno, quanto o externo.”

A revista La Garganta Poderosa é uma publicação independente e alternativa na Argentina. Suas pautas procuram tratar de temas e culturas marginalizadas. O nome da publicação faz referência à motocicleta (“La Poderosa”) que Che Guevara e seu amigo Alberto Granado utilizaram para percorrer o continente.

Contexto histórico

A Bolívia reivindica uma saída soberana ao oceano Pacífico que perdeu em uma guerra travada no século XIX contra o Chile, e desde então sua aspiração de recuperá-la marcou as relações bilaterais, que estão suspensas desde 1978 em nível de embaixadores.

No mês de janeiro, na Celac (Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), o governo boliviano fez mais uma ofensiva pública sobre o tema. Na ocasião, em Santiago, o presidente Evo Morales reivindicou perante mais de 30 países da região um acesso ao mar e denunciou que o Chile viola o Tratado de 1904, que pôs fim à guerra entre ambos os países.

Em resposta, o presidente chileno Sebastián Piñera disse que seu governo já ofereceu à Bolívia uma saída ao mar na zona fronteiriça com o Peru. Segundo o mandatário, a Bolívia teria autonomia, mas não soberania, na região.

 

Fonte: Opera Mundi

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