Segurança patrimonial da Vale agride produtores rurais de Canaã dos Carajás (PA)

Thiago Santos, 23 anos, filho do produtor rural, agredido pelos seguranças da Vale S/A (Foto: Reprodução)
Thiago Santos, 23 anos, filho do produtor rural, agredido pelos seguranças da Vale S/A (Foto: Reprodução)

Por Lilian Campelo.

O produtor rural Jorge Martins dos Santos, 46, e seu filho Thiago Sales dos Santos, 23, foram agredidos por funcionários da Prosegur, que faz a segurança patrimonial em uma propriedade da empresa Vale S/A em Canaã do Carajás (PA).

Nesta segunda-feira (27), pai e filho faziam o conserto de uma cerca que faz a divisa entre as duas propriedades para evitar que o gado dos Santos passasse para a propriedade da mineradora, como, segundo ele, já havia ocorrido outras vezes.

O produtor rural afirma que a cerca deveria ter sido construída pela Vale S/A, conforme acordo estabelecido após ação judicial movida pela empresa para dar passagem ao ramal ferroviário que liga o Projeto S11D à Estrada de Ferro Carajás. A ferrovia corta em três a fazenda São Jorge, da família de Santos.

O acordo seria que a empresa construiria a cerca ao longo do ramal ferroviário, para impedir que o gado e outros animais invadissem a ferrovia e causassem acidentes.

“Os vigilantes viram a gente fazer o reparo. Eles já me conheciam, mas chegaram com grande violência, vestidos de toca ninja e tudo, espancado a gente, torturando eu e meu filho”, relata Jorge Martins.

Acusações

A Vale S/A afirmou, por meio de nota, que a abordagem foi feita, primeiramente, a partir do diálogo, mas, segundo a empresa, os seguranças foram surpreendidos “com agressão física por parte dos invasores, que fraturaram o nariz do inspetor de segurança”.

Santos, o pai, nega a acusação de violência contra o segurança e questiona: “Como que duas pessoas desarmadas sem facão sem nada vão enfrentar oito vigilantes todos armados? ”

Ele conta que os vigilantes usaram spray de pimenta e, após a agressão, amarraram as mãos de pai e filho com Tarap, popularmente chamado de “enforca gato”, e os conduziram até a delegacia. No meio do percurso, o produtor rural disse que, mesmo com as mãos presas, o inspetor da segurança os agrediu.

“Depois de algemado e torturado em cima da caminhonete, o inspetor ainda socou meu filho e eu”, afirma.

Santos afirma que já fez cinco boletins de ocorrência contra a empresa Vale sobre o problema das cercas. Nesta quinta-feira (2), ele esteve em audiência no Ministério Público do Estado (MPE), relatando o ocorrido.

O Sindicato dos Produtores Rurais de Canaã dos Carajás (Sicampo) divulgou nota de repúdio ao que ocorreu com a família Santos e informa que a assessoria jurídica do sindicato foi acionada.

Nota

A Vale S/A afirma, em nota, que “houve tentativa de invasão” da fazenda Boa Sorte, de propriedade da empresa, pelo produtor rural e mais um grupo de cerca de dez pessoas, e que a equipe de segurança não “chegou com truculência, como foi relatado por Santos”. Segundo a empresa, devido à agressão que um dos seguranças sofreu, a “equipe da empresa agiu em ato de legítima defesa”.

Sobre a cerca, a Vale S/A argumenta que não procede qualquer pendência de sua parte, afirmando que “a propriedade continha as devidas cercas, e que as mesmas já foram quebradas cinco vezes, conforme boletim de ocorrência registrado na Polícia de Canaã, mesmo com a placa de ‘propriedade particular’”.

Além disso, a mineradora diz que o produtor rural estaria construindo uma cerca a mais de quilômetro além da área que ele possui, o que caracterizaria “invasão de propriedade”.

A Prosegur, também por meio de nota, afirma que os funcionários passam por treinamentos específicos e que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.

Fonte: Sul 21.

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