Segundo turno: nossa posição

Em momento algum dos 11 anos do Portal Desacato sua linha editorial mudou. Houve sim um aprofundamento das percepções que nosso veículo tem sobre a vida política nacional, regional e mundial. Alargou-se nossa relação direta com os movimentos sociais e setoriais, raciais, étnicos, de gênero, culturais, de diversidade e de modos de produção coletiva. Nessa direção houve uma radicalização editorial em algumas escolhas que já existiam desde início em nossa produção e reprodução comunicacional.

O dado interno ao nosso projeto cooperativo comunicacional de descrença na democracia representativa burguesa não mudou. No entanto, não houve nunca radicalismos irresponsáveis que desdenhassem presunçosamente dessa ferramenta precária porque outra não foi construída ainda pela sociedade. Sempre nos posicionamos editorialmente ao longo dos pleitos municipais e federais para deixar claro que não acreditamos na democracia representativa, mas, até participamos dela. Somos também cidadãs e cidadãos do Brasil, ainda insatisfeitos por não ter um instrumento direto para o exercício da cidadania.

Isso posto, é necessário continuar consolidando a credibilidade do nosso veículo e das nossas produções nos manifestando de forma transparente e firme ante o momento assombroso e péssimo que vive a democracia representativa brasileira. Preciso é deixar clara nossa visão antes do segundo turno da eleição presidencial no Brasil e para governador no estado de Santa Catarina onde estão nossas sedes.

A Cooperativa Comunicacional Sul, feminista, latino-americanista, defensora dos excluídos em todos os aspectos, e dos majoritários que produzem a riqueza do país faz um jornalismo de classe e, portanto, tem um lado. Esse lado tem uma posição clara a respeito dos segundos turnos do dia 28 de outubro.

Não cabe em homenagem ao jornalismo de contraste, muito salutar em momentos normais da democracia e do jornalismo investigativo, se eximir da responsabilidade e limitar nossa produção a mostrar partes e contrapartes como se todo fosse um jogo apenas democrático, onde os atores agem da mesma maneira e contam com as mesmas armas no embate eleitoral. Não é esse o momento nem é essa a circunstância.

O Brasil vive um momento histórico do qual pode se lamentar durante décadas. As oligarquias, as transnacionais e os bancos, as mineradoras, os latifundiários, os apátridas, todos juntos, comandados pelos interesses de Washington, Israel e alguns países imperialistas da Europa, vêm pelo saque final à nossa soberania nacional.

Implica isso na destruição total do próprio Estado nacional burguês, da invasão exploradora da parte do território nacional ainda brasileira, do extermínio de mais etnias indígenas, do arrocho dos trabalhadores e trabalhadoras, da perseguição de negros e negras, a violência brutal contra pessoas com diversa orientação sexual, do assédio à mulher feminista e aos trabalhadores estrangeiros que moram no território nacional. Trata-se, em soma, de mergulhar o país nas trevas, de renunciar à sua existência real e entregá-lo como objeto de caça, em troca de torná-lo um subimpério regional capaz de controlar qualquer destelho independentista e soberano na região.

O candidato do fascismo e da entrega nacional venceu o primeiro turno com folga. A mentira, o amedrontamento, a violência e o medo foram seus principais argumentos práticos. A ameaça às classes trabalhadoras e aos excluídos do sistema capitalista, a constante programática. Não é possível não denunciar, rechaçar, desprezar e condenar essa caricatura de democracia medieval que nos oferece esse candidato rodeado do pior que há na política nacional. Ele Não, Ele Nunca, Ele Jamais.

Do outro lado, um leque progressista, e por vezes de esquerda, integrado por partidos, centrais sindicais e movimentos sociais históricos, que não soube reagir ao golpe de 2016, à perda de conquistas históricas e ao visível avanço do atraso social, intelectual, organizacional, moral, ético e à entrega da soberania nacional. Não soube e talvez ainda não saiba como reagir. Talvez demore alguns anos. Mas, essa demora não pode ser às custas da destruição da sociedade, das esperanças de velhas e novas gerações, da vida humana, animal e da natureza.

Apesar de tais fracassos, de tais dificuldades que impediram mobilizar o país na defesa de conquistas e direitos, na defesa da democracia; apesar da impossibilidade da crítica e autocrítica de todos os atores de esquerda e do campo popular e progressista, esse campo é a única escolha. Terá que vencer e renovar-se, atualizar-se, voltar ao chão da fábrica, às escolas e universidades, ao chão da lavoura, e sobretudo, terá que voltar às ruas, porque não é ganhando no dia 28 de outubro que se recupera a democracia pequena que perdemos. Recriá-la e não perdê-la como se perdeu em 2016, exige voltar às ruas, para a gente simples, para a classe de onde saíram essas centrais, movimentos e partidos.

Então, pelo dito, o Portal Desacato.info e suas redes e a Cooperativa Comunicacional Sul declaram com responsabilidade e compromisso de fiscalização em caso de vitória, e dentro da tarefa que nos concerne, que apoiam com ênfase e responsabilidade de jornalistas, trabalhadores e trabalhadoras, Fernando Haddad e Manuela D’Ávila no segundo turno.

Por uma Frente Única, Classista, Social e Política, por um Brasil Livre e Soberano, votaremos 13 e, no dia seguinte voltaremos à contraparte e à fiscalização. Esta é hora de obstruir a intentona fascista. Depois seguimos conversando.

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