Salvando a Camada de Ozônio

Por Orfilio Peláez, traduzido por Elissandro dos Santos Santana, para Desacato.info.

Como signatária do Convênio de Viena e do Protocolo de Montreal, Cuba cumpre os compromissos contraídos para diminuir de forma progressiva o uso de substâncias esgotadoras do bem chamado Escudo da Vida, com resultados tangíveis em diferentes esferas.

O doutor Nelson Espinosa disse que como a maioria das SAO é de potentes gases de efeito invernador, sua progressiva redução contribui também para o enfrentamento do aquecimento global.

Em meio a um dos momentos econômicos mais difíceis vividos pelo país após a queda do campo socialista europeu e do desaparecimento da União Soviética, o governo cubano ratificou em 1992 o Con­vênio de Viena e o Protocolo de Montreal, instrumentos internacionais multilaterais voltados para a proteção da camada de ozônio, assinados em março de 1985 e setembro de 1987, respectivamente.

Para dar resposta ao objetivo de coordenar, dirigir e implementar as ações destinadas à redução  gradual e sustentável do consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio (SAO), em 1995, surgiu o Escritório Técnico de Ozônio, conhecido por suas siglas OTOZ e adstrito, então, ao recém criado Ministério de Ciên­cia, Tecnologia e Meio Ambiente.

Resulta conveniente precisar que o ozônio é um gás presente de maneira natural na atmosfera e constitui uma forma instável do oxigênio. Cada molécula de ozônio contém três átomos de oxigênio e sua fórmula química é O3.

Dão-lhe o nome de camada à zona da estratosfera (entre os 12 e 50 quilômetros de altura), onde sua concentração é maior.

Esta tem a função de absorver as radiações ultravioletas emitidas pelo Sol, que em doses elevadas e acumulativas podem ser muito prejudiciais para a saúde do homem, dos animais e das plantas. Inclusive, se chegassem com toda sua intensidade à superfície terrestre tornariam impossível qualquer forma de vida no planeta.

Roteiro

Sob a orientação do OTOZ, Cuba cumpre estritamente os compromissos contraídos como signatária do Convênio de Viena e do Protocolo de Montreal nos prazos estabelecidos, ações respaldadas por uma excelente legislação ambiental e pela capacitação de milhares de mecânicos, técnicos, inspetores e especialistas da Aduana.

O doutor em Ciências, Nelson Es­pinosa, diretor fundador dessa entidade, afirmou a Granma que dentre os impactos mais notáveis desses 20 anos figuram a eliminação quase total, e em um tempo bem curto, dos clorofluorcarbonos (CFC) na refrigeração doméstica, algo não conseguido até agora por nenhuma nação do mundo.

Sobressai, ademais, a supressão completa do brometo de metila na agricultura ao deixar de se empregar como pesticidas na pulverização de plantações de tabaco e em cultivos protegidos de hortaliças, flores, plantas ornamentais e viveiros de café.

Este trabalho, disse, implicou uma introdução na prática produtiva de métodos biológicos alternativos de controle de pragas e da tecnologia de bandejas flutuantes, que protege as posturas do ataque de fungos e de outros micro-organismos nocivos.

Também, ficou proibido de se aplicar com este fim no saneamento subterrâneo (silos), armazéns e instalações da indústria de moinhos, que guardam arroz, feijão e vários produtos alimentícios e nos veículos destinados ao transporte das citadas mercadorias.

Além de afetar a camada de ozônio, o brometo de metila provoca efeitos nocivos na saúde humana e no ambiente, daí a importância deste resultado.

A relação de contribuições inclui a reconversão tecnológica da Plan­ta de Aerosóis da Empresa Far­ma­cêutica Reinaldo Gutiérrez, úni­ca fabricante em Cuba de inaladores de dose de metrada como o salbutamol e a fluticasona para o tratamento da asma bronquial e de outras doenças respiratórias agudas.

Financiada pelo Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, o investimento permitiu substituir os CFCs por propelentes não nocivos à camada de ozônio na elaboração desses medicamentos tão importantes. Comprovadas a eficacia e a inoquidade, o produto recebeu a aprovação do Centro para o Controle Estatal de Medica­mentos, Equipes Dispositivos Mé­dicos (Cecmed).

Também contemplou a criação de um novo laboratório com equipamento de última geração, a introdução e a assimilação de uma nova tecnologia, garantindo o cumprimento das normas internacionais de boas práticas de fabricação e a segurança do processo produtivo, em harmonia com a proteção do entorno.

Como assegura o doutor Nelson Espinosa, uma parte essencial dos esforços nacionais está direcionada, na atualidade, para a erradicação paulatina dos hidroclorofluorcarbonos (HCFC), compostos muito utilizados na climatização e na refrigeração industrial que deterioram a camada de ozônio e acentuam o aquecimento da atmosfera terrestre.

Durante o ano 2015, Cuba reduziu em 10 % o consumo destes gases, enquanto o cronograma estabelecido prevê uma diminuição de 35,55 % no ano 2020; 67,5 para o ano 2025, e de 97,55 no ano 2030, afirmou.

Entre as ações empreendidas para alcançar dito propósito, se destaca o início da reconversão de cinco empresas que fabricam espumas rígidas de poliuretano destinadas à produção de painéis de isolamento empregados nos tetos, paredes, porões, câmaras frigoríficas, salas frigoríficas, edifícios de temperatura controlada, silos e navios, a tecnologias livres de SAO não prejudiciais ao chamado Escudo da Vida e com baixa incidência no aumento da temperatura média do globo.

Fonte: Granma.

Fonte da foto: Jose M. Correa.

 

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