Rosa Luxemburgo, nome chave do socialismo

Por Alexandre de Paula.
Ícone do pensamento de esquerda, Rosa Luxemburgo sempre foi uma figura que gerou polêmica. Mas, mesmo diminuída por colegas como Lênin e mal interpretada pelo estalinismo, a obra de Rosa sobreviveu ao tempo e fez dela uma das mais importantes intelectuais do socialismo.

Foi para retratar Rosa e as suas várias facetas, que a quadrinista e ativista britânica Kate Evans escreveu e ilustrou a HQ Rosa vermelha — Uma biografia em quadrinhos de Rosa Luxemburgo. A obra acaba de ser lançada no Brasil pela editora Martin Fontes.
Kate foi convidada pela Fundação Rosa Luxemburgo para tocar o projeto. Ela não conhecia profundamente a história da autora polonesa assassinada em 1919, mas aceitou mesmo assim. “Concordei com a proposta imediatamente. E só então eu fui buscar conhecê-la mais e descobri o projeto incrível que assumi”, contou em entrevista ao site americano TruthOut.
Para o projeto, Kate leu tudo de Rosa publicado em inglês. Ela escolheu, inclusive, citar trechos diretos do texto da autora no quadrinho. Ensaios, e até cartas pessoais, foram levados para a HQ.
“Comecei lendo a recente tradução The letters of Rosa Luxemburg (As cartas de Rosa Luxemburgo, em tradução livre). Eu imediatamente soube que tinha algo realmente especial. Eu gosto de muitos aspectos das ideias políticas, mas fiquei realmente inspirada pela poesia de suas cartas pessoais”, contou Kate.
Esse é, de fato, um dos aspectos mais evidentes na HQ. Além de apresentar o pensamento de Rosa Luxemburgo, o livro mostra também a personalidade da autora e desmistifica algumas características.
Um grande desafio para Kate foi transmitir em quadrinhos ideias econômicas e filosóficas de Rosa. “Em primeiro lugar, quando eu estava ilustrando suas teorias econômicas, eu estava ciente de que eu precisava criar uma carga de metáforas visuais interessantes e criar modos de levar o leitor nessas ideias abstratas”, detalha.
Para Kate, Rosa, em muitos aspectos, tinha um pensamento que estava à frente do tempo em que vivia. “Ela estava escrevendo em um momento em que ainda não existiam conceitos como o produto interno bruto ou a dívida nacional. No entanto, ela conseguiu construir uma imagem maior”, acredita a quadrinista.
Fascínio
Colaboradora da Fundação Rosa Luxemburgo e professora aposentada do Departamento de Filosofia da Unesp, Rosa Loureiro assina a apresentação da edição brasileira da HQ. No texto, ela destaca o fascínio dos jovens com o pensamento e a história de Rosa Luxemburgo.
“Isso se explica pelo fio vermelho que atravessa seu pensamento: a defesa apaixonada da liberdade, pública e individual, e a esperança quase ilimitada que depositava na sabedoria espontânea das camadas oprimidas da sociedade”, escreve.  “A Rosa de Kate Evans é sobretudo uma figura divertida, ousada, à frente do seu tempo, inimiga da grandiloquência, não a heroína assexuada e pudica, mostrada em outras biografias.”
Fonte: Correio.

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