‘Retornamos à ditadura, com o Parlamento fechado para o povo’, diz senadora

Por Hylda Cavalcantti.

Passadas mais de cinco horas de discursos, a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela os gastos públicos por 20 anos, ainda não havia sido iniciada porque os senadores travavam forte embate entre os que defendiam os manifestantes que estavam do lado de fora do Congresso Nacional e os que queriam manter o esquema que consideram “de segurança” para os parlamentares.

Os manifestantes que chegaram à frente do Congresso em passeata foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e cassetetes pela Polícia Militar e seguranças legislativos. No meio da confusão uma estudante passou mal. Ainda não foram divulgados dados sobre prisões prisões ou pessoas que tenham ficado machucadas com a repressão policial, mas a situação tensa entre manifestantes e policiais preocupa os senadores. A Polícia Militar empregou a força para impedir que as pessoas se aproximassem do Congresso e, segundo relatos, continuou em perseguição a manifestantes pela Esplanada.

O acesso às entradas e saídas da Câmara e do Senado estiveram fechadas desde o início da tarde e restritas a poucos assessores parlamentares. Quem está dentro do Congresso e resolver sair, não consegue retornar para a sessão das duas Casas legislativas hoje. As galerias do Senado estão vazias em pleno dia de sessão plenária.

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Vanessa: ‘Se isso é medo que o povo saiba o que representa essa PEC, não vai adiantar’

‘Diálogo dos golpistas’

“Isso é um absurdo. Basta a gente circular pelos corredores do Senado, chegar numa das vidraças, para vermos as bombas de gás lacrimogêneo e os cassetetes lá fora. Não é desta forma que se trata o povo”, protestou Lindbergh Farias (PT-RJ). O senador disse que a prática é “a forma de dialogar dos golpistas” e fez vários apelos à mesa diretora para autorizar a entrada dos manifestantes.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), argumentou que não se vê em condições de liberar a entrada dos manifestantes. “Diante do que já aconteceu e do que está chegando até nós sobre o que há lá fora, não temos clima para fazer a abertura das galerias neste momento”, justificou-se.

“Retornamos à época da ditadura, em que o parlamento é vetado para o povo. Se por acaso isso é medo de que o povo saiba o que representa essa PEC, não vai adiantar. Os que estão lá fora já sabem e os que estão em suas casas, nos assistindo pela TV, eu digo agora: essa PEC é danosa para o país, vai prejudicar nossas vidas por 20 anos”, destacou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). “É uma matéria muito grave para ser decidida, porque vai acabar com os gastos sociais. É isso que este governo ilegítimo não quer que seja propagado.”

Fonte: Rede Brasil Atual

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