Rede latino-americana pela alimentação saudável começa a atuar no Brasil

Grupo vai analisar a produção, publicidade, regulamentação, abastecimento e consumo. E a partir daí produzir conhecimento científico para respaldar a criação de políticas públicas para alimentação saudável

No Brasil, o desafio é frear a interferência negativa da indústria alimentícia e do agronegócio na implementação de políticas públicas favoráveis aos sistemas alimentares saudáveis (Foto: Articulação Nacional de Agroecologia)

Redação: Cida de Oliveira – Edição: Helder Lima, da Rede Brasil Atual.

Uma rede que trabalha por políticas públicas voltadas à alimentação saudável para todos começa a atuar no Brasil a partir desta quarta-feira (10). Trata-se da Comunidade de Prática América Latina e Caribe Nutrição e Saúde (Colansa), que reúne pesquisadores e organizações da sociedade civil e academia para o desenvolvimento de sistemas alimentares saudáveis, sustentáveis, equitativos e inclusivos. Ou seja, para melhorar a nutrição e saúde das populações da região.

A comunidade conta com organizações de mais de 20 países, entre eles, Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México e Uruguai.

O grupo irá analisar e estudar todos os processos envolvidos na alimentação, como a produção, publicidade, regulamentação nacional, abastecimento e consumo. E a partir daí produzir conhecimento científico e evidências para embasar a criação de políticas públicas que ajudem no desenvolvimento saudável e sustentável da região.

Lei de alimentação saudável

Um exemplo exitoso é a “lei de alimentação saudável”, implementada pelo Chile em 2016. A iniciativa serviu como modelo para que o Brasil pudesse avançar na regulamentação dos rótulos dos alimentos vendidos ao consumidor em 2020.

“No Chile, os alimentos processados têm rotulagem frontal de advertências, não podem conter publicidade infantil e não podem ser distribuídos ou vendidos nas escolas. Aqui no Brasil não conseguimos ainda um resultado tão bom. Mas sem dúvida é um modelo que seguimos”, disse a nutricionista Ana Paula Bortoletto, consultora técnica do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) – órgão que integra a Colansa.

Ana Paula avalia que a chegada da Colansa vai proporcionar a troca de experiência entre países e o avanço na implementação e acompanhamento de políticas públicas, independentemente do contexto político.

“Conhecer os desafios e experiências bem-sucedidas dos países, suas pesquisas produzidas, metodologias e ferramentas utilizadas nos ajuda a antecipar movimentos que podem pôr em risco a saúde das pessoas e nos ajuda a construir argumentos e posicionamentos embasados em evidências e ciência”, disse.

Indústria alimentícia e agronegócio

“O Brasil, em termos de volume de calorias consumidas, por conta do seu tamanho e população, se destaca no consumo de ultraprocessados. Nosso grande desafio aqui no país é o de frear a interferência negativa da indústria alimentícia e do agronegócio na implementação de políticas públicas favoráveis aos sistemas alimentares saudáveis”, disse a nutricionista. “Um dos principais desafios e expectativas da Colansa para o Brasil será o de equilibrar essas relações para garantir que as políticas públicas de proteção à saúde sejam priorizadas em relação aos interesses comerciais”.

Os países da região têm muitas semelhanças quanto ao padrão alimentar. Ainda que os alimentos saudáveis sejam preferência, tem-se registrado o crescimento exponencial do consumo de ultraprocessados, como as comidas congeladas.

Para marcar a chegada da comunidade ao Brasil, haverá um debate virtual nesta quarta-feira (10), transmitido pelo canal do Idec no Youtube, a partir das 14 horas. Está confirmada a participação de Fábio Gomes, assessor regional de Nutrição e Atividade Física da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas); Roberto Bazzani, do International Development Research Centre (IDRC); Camila Corvalan, pesquisadora do Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos da Universidade do Chile (Inta) e Ana Paula Bortoletto, do Idec.

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