Quem carregará o féretro?

Por Paulo Alves de Lima.

Acabou-se o governo Temer. O golpe parlamentar engasgou de morte a contrarrevolução, vítima de sua dieta predileta, dinheiro extorquido de capitalistas ou presenteado por estes aos caciques partidários por via de seus estafetas. Estes, por sua vez, operarão por intermédio dessa máxima expressão do valor, todas as operações vitais do corpo mercantil da política burguesa nativa. Corrupção para aprovar leis, ganhar cargos e licitações e um sem número de artimanhas e falcatruas seja com dinheiro público ou privado. De preferência, de longe, o público.

Flagrado em palavras condescendentes com o relato maroto dos crimes aos que se dedicava Joesley Batista, à noite, em sua residência no Jaburú, Temer, o esperto, foi gravado à sua revelia e ao que parece com conhecimento da PF. Fato inquestionável, letal. Um meteoro sobre a arte do traidor que realizava o trabalho sujo que o capital lhe incumbira: fazer passar as reformas retrogradantes do estatuto da venda da força de trabalho. Quanto às leis trabalhistas e leis de seguridade social.

Desmoralizado, o Bloco 4B, a base parlamentar capitalista que traíra e sentenciara Dilma se vê na iminência de sentenciar com igual morte o traíra presidente, ainda que isso a enterre no atoleiro dessa tempestade amazônica, deixando-a a meio caminho do paraíso escravocrata que se abrira como única oportunidade histórica.

Se as Tabaranas parlamentares obrigam o Traíra a renunciar, despedem-se das reformas de seus maiores sonhos. Em troca, diminuem as lesões que nas eleições daqui a meio ano poderão estar cicatrizadas. Mantendo-o no poder, cercados no congresso e nas ruas, desmoralizados, entrarão aos pedaços no palco eleitoral, cheirando a cadáver.

Com bom desempenho nas eleições, poderão, quem sabe, recompor a sua esmagadora maioria atual, sua ditadura democrática. O odor, ao contrário, cadavérico afastará até os mais ingênuos e, sem dúvida, liquidará o retorno deste regime dos seus sonhos.

É justo que prefiram os nobres capitalistas parlamentares e sua classe, carregarem aos prantos o féretro suicidado e assim manterem a esperança de alegrias futuras, do que suportarem com asco a decomposição do cadáver desse peixe nada nobre e sepultarem em 2018 as mais simplórias esperanças.

Eis o dilema da contrarrevolução. Apanhada em pleno voo por uma carga certeira de chumbo seis de uma Braecker calibre 12, do cano shok, cano esquerdo.
São Paulo, 18 de maio de 2017.

Fonte: IELA.

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