Queermuseu estreará no Rio e já enfrenta ataques: Malafaia pede classificação indicativa

Após muita pressão de setores reacionários a primeira exibição da mostra foi suspensa em setembro do ano passado. Obras foram censuradas diretamente, inclusive com ofensivas e lunáticas afirmações do MBL , que nas redes sociais rotulava a exposição de “depravada” , “pornográfica” e “imoral”.

Depois de toda a polêmica e o cancelamento da exposição, o MPF reconheceu em ofício “que as obras que trouxeram maior revolta em postagens nas redes sociais não tem qualquer apologia ou incentivo à pedofilia,” e afirma “que o precedente do fechamento de uma exposição artística causa um efeito deletério a toda liberdade de expressão artística, trazendo a memória situações perigosas da história da humanidade”, referindo-se a destruição de obras consideradas “Arte Degenerada” (Entartete Kunst) sob o regime nazista.

Agora o pastor Silas Malafaia contra-ataca: pediu ao Ministério Público do Rio de Janeiro que haja uma classificação indicativa de 18 anos quando for aberta a exposição na capital fluminense, no próximo dia 18, que somente será reaberta devido a realização de uma campanha de crowdfounding.

Não está prevista na legislação a obrigatoriedade da classificação indicativa para exposições e mostras de artes visuais. O que existe é uma portaria do Ministério da Justiça que tem como função regular as obras audiovisuais, cênicas e videogames.

Silenciar a arte em suas mais diversas manifestações é não encarar de frente os debates que se colocam através da arte e dos diálogos e reflexões que esta descortina. Sobretudo, a igreja tentar com tanta força colocar a mão da censura e falsa moral nas produções artísticas denota não somente a intenção clara de manutenção do pensamento conservador bem como a tentativa clara de paralisar quaisquer manifestações que apontem para a desnaturalização dos absurdos que a burguesia, a igreja e os patrões tentam a todo custo impor.

Fabio Szwarcwald, diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, disse à Folha de São Paulo que tudo está sendo feito conforme o ECA e a Constituição. “A gente vai deixar em todas as entradas das salas um aviso bem grande falando sobre o conteúdo da exposição e aconselhando menores de idade a entrarem acompanhados de seus pais e responsáveis” .

O conteúdo do aviso será: “Esta exposição contém obras de arte com conteúdo sexual e uso de simbologia religiosa que poderão ofender os valores morais de alguns. Recomendamos levar isso em consideração antes de entrar na sala de exposição. O conteúdo desta exposição não é recomendado para menores desacompanhados de seus pais ou responsáveis. Proibido fotografar”.

Agora o MP já tem um inquérito aberto para acompanhar realização da mostra. O órgão tem recolhido informações para que a mostra ocorra sem violação de direitos de crianças. “Mas esse inquérito era desnecessário, já íamos cumprir a lei. Imagino que em breve seja arquivado”, afirma Demian Guedes, da assessoria jurídica do Parque Lage.

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