Que o amor e o conhecimento norteiem teu voto no próximo domingo

Imagem: Pixabay

Por Elissandro Santana, para Desacato. info.

Há uma perspectiva antropológica que sempre me chamou a atenção, aquela que parte do pressuposto de que primeiro olhamos e depois vemos como agimos e é isso que venho fazendo nos últimos meses, como inquieto intelectual que sou, observando, lendo e tentando compreender os novos roteiros do Brasil caso o fascista Bolsonaro chegue ao poder.

Para aqueles que não conseguem entender as semânticas por trás do léxico fascista, sugiro, educado e amorosamente, que façam leituras em âmbitos diversos acerca do vocábulo, pois o nosso grande inimigo da diferença, este capitão portador da ojeriza à pluralidade brasileira do ser e de estar no mundo, um país que tem de tudo para ser melhor (e não estou sendo um Policarpo Quaresma), mas que sempre sofre os baques da tacanhice da elite colonial xenófoba interna e no âmbito da América Latina, mas vira-lata em relação aos Estados Unidos, atrasada nas bases, sempre desejosa de que as minorias estivessem em posições subjugadas, subalternas, na base piramidal, se encaixa totalmente em toda a semântica, semiótica e semiologia do terrível fascismo. 

O pior de tudo é que ao observar, de repente, me dei conta de que esse ser retrógrado se alimenta do medo e dos anseios sociais, um grande vampiro nutrindo-se de desespero, da alienação e a grande mídia conservadora, de blogs difusos e obtusos na internet aos canais abertos de cunho fanático religioso ou apologista da ditadura como o foi e é a Rede Gloplimplim, se converteu no soldado contra a esperança construída no Brasil nos últimos 13 anos, ainda que de forma incipiente ou mínima, mas que demonstrava que algo estava acontecendo e abalando a pirâmide maldita da opressão, lavando os cérebros nacionais fazendo-os acreditarem que a corrupção nascera no PT e, por isso, desta forma, fomentando o ódio acima de qualquer situação, tanto que o lema da campanha de Bolsonaro seria bem mais representativo se fosse repensado da seguinte forma: O ódio acima de tudo e todos!

Percebam que a hipótese levantada acima se confirma no fato de que Bolsonaro, o impronunciável, mas que, por uma questão de combate, resolvi evocá-lo, só cresce entre aqueles que, por mais que não sejam fascistas ou neofascistas, estão sob a égide do desespero e da desesperança, deixando, de forma inerte, que o ódio seja o antagonista vencedor do pleito atual, tanto que quem ganha não é Bolsonaro, mas o voto do ódio, do PT nunca mais tão repetido na campanha desse indivíduo promovido pelo corte, pela faca…

Ao longo dos últimos meses, também percebi que a maior parte do povo alienado pela desinformação fala de amor e que, de verdade, sonha com o melhor para o país, ainda que dentro dos limites de interpretação e de compreensão da realidade, mas as inversões da mass media com apoio de todos os setores do atraso da nação a partir do projeto egocêntrico por e para tornar o Brasil um grande museu de novidades a partir de um futuro repetindo o passado em um eterno pesadelo de tradução de tradições que se perderam no tempo, mas que, causam saudosismo, demonstra que o problema não está em quem vota nesse câncer para a democracia representado pelo projeto do desespero, mas de todos esses maldosos de plantão a serviço daqueles que dominam o jogo no país. São esses escrotais que entontecem o coração e a mente até mesmo daqueles que, ao longo de toda a vida, viveram experimentaram o amor cristão e tiveram a empiria do encontro com o Cristo que foi ao madeiro e que, mesmo diante das injustiças em seu julgamento, não levantou uma mão sequer para seus opressores.

O exemplo do filho de Deus faz-me lembrar de outro caso grandioso, o de Malala, a menina paquistanesa, vencedora do Nobel da paz em 2014, uma sonhadora e lutadora por igualdade de gênero e educação para todos, que mesmo levando uma bala no rosto na região dos olhos, proferiu que somente por meio da educação será possível mudar a realidade do mundo e não pelas balas.

De tanto observar acena política, bizarra, no geral, coloquei em baliza os dois projetos, o de Haddad – ser odiado pelos segmentos mais conservadores que detestam, com todas as forças e poucos neurônios, o PT – e de Bolsonaro – essa coisa que nem ser é, de tão desumano e maldoso – que não entende de nada, mas que em meio ao caos e à crise, diante da cegueira político-social que adoeceu até mesmo parte das minorias sociais tão atacadas por este ser dominado pelo ódio e pela aversão às diferenças, sem contar a necedade que o domina e o aprisiona no próprio caldeirão da maldade, tanto que foi atacado pela faca em decorrência do ódio metafórico-concreto que tanto disseminou e dissemina, provando do próprio veneno, um verdadeiro Anticristo aclamado em inversão como evocação do divino, soube costurar os discursos em sintonia com as dores do povo.

Por fim, não quero atacar os meus irmãos tão sofridos historicamente e que se tornam moedas de uso para seres dados à maldade e à irresponsabilidade intelectual somente por conta de um autoprojeto de promoção do ódio através de fake news e de outros meios desonestos, mas conclamar aqueles que ainda não sofreram lavagens cerebrais irreparáveis e que, por isso mesmo, ainda têm jeito, que optem pelo caminho da democracia, do amor, ainda que tenham e possuam as maiores críticas a Haddad e ao Partido dos Trabalhadores. Com eles – os petistas – nos acertamos depois, mas contra o fascismo não, pois com Ele, esse monstro que parecia sepultado e cremado para sempre, nem liberdade de expressão teremos!

 

Elissandro Santana é professor da Faculdade Nossa Senhora de Lourdes e do Evolução Centro Educacional, membro do Grupo de Estudos da Teoria da Dependência – GETD, coordenado pela Professora Doutora Luisa Maria Nunes de Moura e Silva, revisor da Revista Latinoamérica, membro do Conselho Editorial da Revista Letrando, colunista da área socioambiental, latino-americanicista e tradutor do Portal Desacato.

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