Quatro anos após crime de Mariana (MG), Vale amplia lucros e não garante reparação

Atingidos denunciam atuação do consórcio Samarco, que despejou 39 milhões de m³ cúbicos de lama no Rio Doce

Danilo Chammas | Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale. Após crime da Vale em Mariana, Brumadinho também sofre as consequências do lucro do capital.

A Barragem do Fundão, da mineradora Samarco/Vale/BHPBilliton, se rompeu em Mariana (MG) no dia 5 de novembro de 2015. Mais de 39 milhões de metros cúbicos de lama se espalharam pela bacia do Rio Doce, deixando um rastro de destruição que chegaria até o litoral do Espírito Santo.

Quatro anos depois, o rio está morto, atingidos estão sem casa, e famílias choram a morte de 19 pessoas. A mineradora, por outro lado, fechou o terceiro trimestre de 2019, com um lucro de US$ 1,6 bilhões (R$ 6,5 bilhões) e aumentou em 20,2% a extração de minério de ferro na comparação com o trimestre anterior.

Brasil de Fato MG produziu um tabloide especial sobre os quatro anos do crime intitulado “A Vale destrói, o povo constrói”. O material especial narra a luta dos trabalhadores e o esforço dos movimentos populares para garantir uma vida digna às famílias atingidas pela lama.

HISTÓRICO

O primeiro aditivo ao Termo de Compromisso Socioambiental (TCSA), obrigando que a Samarco pague renda mínima para pessoas afetadas pela lama no Rio Doce, foi assinado em dezembro de 2015. Em março do ano seguinte, mineradoras, governo federal e governos de Minas Gerais e do Espírito Santo firmaram uma termo para reparação dos danos, calculados em R$ 20 bilhões. O Ministério Público Federal (MPF) e os movimentos populares afirmam que acordo era ruim para as vítimas.

Em maio de 2016, o MPF entrou com uma ação para a total reparação dos danos, no valor de R$ 155 bilhões. A quantia é oito vezes maior que o acordo feito pelos governos com as mineradoras.

A partir de então, descobriu-se que a Vale adulterou relatórios para confundir investigação, perseguiu manifestantes e ocultou estudos que mostram contaminação na poeira das casas de Mariana.

A criação da Fundação Renova, para gerir as ações de reparação dos danos, não ajudou em nada, segundo os atingidos. Na direção, estão funcionários das empresas responsáveis pelo rompimento, Vale e BHPBilliton.

Em novembro de 2016, 22 pessoas e quatro empresas foram denunciadas por crimes na tragédia de Mariana.

Até hoje, ninguém foi condenado.

Acesse o especial.

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