PT não abre mão da candidatura de Lula, afirma Dilma

Por Lilian Milena.

A ex-presidente Dilma Rousseff realizou no início da tarde desta segunda-feira (22) um discurso em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no seminário Diálogos Internacionais sobre Democracia, que acontece durante todo o dia na Federação dos Trabalhadores do Sistema Financeiro (Fetrafi), em Porto Alegre.
Dilma fez um balanço breve sobre a forma como o processo aberto contra Lula tramita rapidamente e sem provas materiais no caso do Triplex acrescentando que não existem “notícias de que os processos legais da justiça tenham esse tratamento” e que não vão desistir do direito de candidatura de Lula.
“Essa contradição não é nós que vamos resolver, entre o fato de o presidente Lula ser inocente e ser considerado culpado. Para nós é inocente e a pessoa inocente pode concorrer”, completando que será necessário às frentes populares buscarem como caminho democrático todas as instâncias jurídicas possíveis além da pressão das ruas.
“Se você está sob o estado de direito as relações entre  [agentes do setor] Judiciário, Político e Econômico não podem ser comprometidas pela suspeita de não neutralidade jurídica, porque a base do estado democrático de direito é que todos somos iguais perante a lei”, completou em outro momento da palestra.
Lula foi condenado a 9 anos e seis meses de prisão em 1ª instância pelo juiz Sérgio Moro no caso Triplex. O coordenador da Lava Jato alega que o ex-presidente é culpado por corrupção e lavagem de dinheiro recebendo o apartamento do Guarujá em troca de contratos que teriam beneficiado a OAS junto à Petrobras. Porém, o imóvel nunca esteve em nome de Lula ou de algum familiar próximo e chegou a ser usado em negociação da OAS junto a credores como massa falida de um braço da empresa.
No discurso em defesa do colega de partido, Dilma lembrou que na ocasião do impeachment previram que a crise institucional seria aprofundada com o golpe.
“Dissemos que o processo levaria, necessariamente, a instabilidade institucional e o que vimos nos últimos tempos é um conflito inequívoco entre as três esferas do poder”, pontuando que por trás de todo o trâmite judicial existe um objetivo único que é acelerar a condenação de Lula nas instâncias superiores para impedir sua candidatura às eleições em 2018.  Dilma explicou, no entanto, que ao apontar movimentos antidemocráticos dentro do Judiciário está falando apenas de parte do corpo da instituição.
“Quando a gente fala do Judiciário não é ele integralmente, é parte e temos chances em 2018 de iniciar o processo em que acredito que o Brasil tem que reencontrar para não permitir  qualquer tentativa de a eleição ser ganha no tapetão”.
A ex-presidente pontuou, ainda, que independente da decisão do TRF-4, onde a apelação de Lula será julgada na próxima quarta-feira (24), o petista e os movimentos que o apoiam não podem desistir de sua candidatura. “Durante o impeachment, além da pressão, muitos me pediram para renunciar como se fosse um gesto meu de grandeza. Que nada! Era uma tentativa de mascarar o golpe”, da mesma forma pedir para que Lula não participe dessas eleições e desista do seu direito de recorrer na Justiça segue a lógica de mascarar a continuidade do golpe.
E sobre o discurso da defesa de um nome “novo” para a política, Dilma apontou que é preciso ter cuidado lembrando que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi considerando o “novo” da política.  “Tem vários ‘novos’ ocorrendo por aí, essa conversa do novo não pode ser [usada] para fazer retrocessos como vimos quando nós falamos de políticas sociais”.
Dilma também falou da necessidade dos movimentos populares construírem uma narrativa consistente para se chegar a um caminho democrático.
“O Brasil precisa desta possibilidade de se reencontrar consigo mesmo e daí vai se abrir um período de transição construído sobre um entendimento entre [várias vertentes institucionais] desse Brasil tão ferido. É isso que queremos a partir de 2018, que se abra um período de transição, sobretudo que se negocie um país que respeite a democracia”.
O seminário Diálogos Internacionais sobre Democracia faz parte de uma série de atividades que se seguem até o dia 24 de janeiro quando o TRF-4 irá fazer o julgamento do ex-presidente Lula.
Fonte: Jornal GGN

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