Protestos do dia 15 contra reforma da Previdência ganham força

Por Railídia Carvalho.

Os atos são iniciativa conjunta das centrais de trabalhadores e das frentes Brasil Popular. Estão programados para acontecer em todas as capitais brasileiras e em diversas outras cidades. O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que o MTST deve comparecer ao ato da Avenida Paulista, em São Paulo, nesta quarta com cerca de 25 mil militantes. “Vai ter bastante gente não só em São Paulo mas em todo o Brasil. Toda a mobilização está bem expressiva. Muitas categorias vão fazer paralisação. Da parte do movimento (MTST) existe uma clareza de que é preciso fazer encaminhamento mais amplo, que é a defesa da Previdência Social”, explicou Boulos. O projeto de reforma da Previdência Social apresentado por Michel Temer tramita em comissão especial da Câmara dos Deputados através da Proposta de Emenda Constitucional 287/2016.

Na opinião de sindicalistas, economistas, parlamentares e trabalhadores, a iniciativa de Temer acaba com a possibilidade do brasileiro se aposentar. O governo Temer defende a adoção da idade mínima de 65 anos para homens, mulheres, trabalhadores rurais e urbanos. Em 19 cidades brasileiras, a expectativa de vida é de 65 anos, ou seja, muitos trabalhadores sequer estarão vivos quando chegar a idade de se aposentar. Os mais penalizados serão os mais pobres que entram mais cedo no mercado de trabalho.

Adesão da população

No caso dos trabalhadores rurais, que trabalham mais de 41 anos para ter acesso à aposentadoria de um salário mínimo, a reforma de Temer é perversa. Carlos Gabiatto, secretário de Assalariados(as) Rurais e de Políticas Sociais na área da Previdência Social da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Paraná (Fetaep), observou que à medida que a população tem contato com o projeto tende a aderir aos protestos. “Vi com alegria quando estivemos, na semana passada, em Maringá, Curitiba e Cascavel e vi a participação da população no comércio, carros buzinando em apoio à manifestação contra a reforma da Previdência. Estamos ganhando adesão”, disse Gabiatto. Ele lembrou que a expectativa de vida do trabalhador do campo é menor do que a do trabalhador da cidade.

O alegado deficit da Previdência que é o argumento do governo para a reforma é contestado pelas entidades de trabalhadores rurais. Documento da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Contag) afirma que a Previdência Rural “produz melhoria na qualidade de vida de várias famílias do campo”. Também fortalece o comércio de mais de 70% dos municípios brasileiros.

Contraponto

Rogério Nunes (foto), secretário de políticas sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), tem boa expectativa em relação aos atos de quarta-feira. “Trabalhadores da educação pública e privada, condutores, metroviários, trabalhadores da água e esgoto devem paralisar unidades da Sabesp, entre outras categorias. Há um forte movimento aqui em São Paulo que tem a expectativa de levar cem mil pessoas para a Paulista”, contou. Na opinião de Rogério, os movimentos sociais e sindicatos estão conseguindo furar um pouco da propaganda do governo Temer, que faz terrorismo com o fim da Previdência, e dos grandes meios de comunicação que apoiam a reforma.  “Apesar da nossa divulgação ser insuficiente comparada com os grandes meios, estamos fazendo esse contraponto. A população está sendo bombardeada e mesmo assim começa a ficar preocupada. Acho que pode ser um prenúncio de uma futura convocação de uma greve geral”, avaliou Rogério.

Ataque ao Prouni

Para a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral, começa a ficar claro para a maioria da população os prejuízos que a reforma trará para a população brasileira em geral e a juventude em particular.  “A juventude será a mais prejudicada com a reforma da Previdência porque o jovem nunca mais vai poder se aposentar a menos que comece a trabalhar aos 16 anos e nunca deixe de ter o emprego com carteira assinada e de contribuir”, enfatizou.

De acordo com ela, a reforma de Temer vai extinguir 600 mil vagas do Prouni (Programa Universidade para Todos). “Uma das coisas que nos une na rejeição à PEC é o tema do fim da filantropia nas universidades como PUC e Mackenzie. Essas instituições trocam seus impostos por bolsas e o relator incluiu o fim da filantropia na reforma da Previdência, ou seja, menos 600 mil bolsas do Prouni no Brasil inteiro, o que pra gente é um tema muito caro”, esclareceu Carina. Boulos acredita que haverá adesão nos protestos de quarta de parcelas que não fazem parte do movimento social. “Mas não será apenas neste dia, o processo continua na Câmara quanto no Senado. No meu entendimento está numa crescente. A mobilização popular contra a reforma começa a se tornar mais crítica.”

De acordo com Gabiatto, uma estratégia que precisa ser intensificada pelo movimento social é a pressão aos deputados nas bases eleitorais. “É diferente um sindicalista dizer pra um deputado que a reforma é prejudicial do que aquele eleitor que o parlamentar vai procurar o ano que vem pra pedir voto e ouvir que ele não concorda com a reforma. Conversar com o deputado no gabinete é importante mas não é tão forte do que alguém com uma faixa na frente da casa do deputado”, defendeu o dirigente.

Confira a Agenda:

Acre

Rio Branco

Alagoas

– Maceió

10h

Praça dos Martírios

– Arapiraca

9h

Praça Luiz Pereira Lima

Amazonas

Manaus

16h

Praça do Congresso

Amapá

Paralisações descentralizadas

Bahia

Salvador

15h

Campo Grande

Ceará

Fortaleza

8h

Praça da Bandeira

Distrito Federal

Brasília

8h

Catedral

Espírito Santo

Vitória

7h

Pracinha das Goiabeiras

Goiás

Goiânia

9h

Centro da Cidade

Maranhão

Sao Luís

Mato Grosso

Cuiabá

16h

Praça do Ipiranga

Mato Grosso do Sul

Paralisações descentralizadas

Minas Gerais

-Belo Horizonte

10h

Praça da Estação

-Uberlândia

16h

Praça Ismene Mendes ( antiga Tubal Vilela)

-Governador Valadares

16h

Praça dos Pioneiros

-Teofilo Otoni

9h

Câmara Municipal

Pará

Belém

9h

Praça da República

Paraíba

João Pessoa

14h

Ministério da Previdência, próximo à Lagoa

Paraná

Curitiba

10h

Praça Tiradentes

Pernambuco

Recife

9h

Praça Oswaldo Cruz

Piauí

Paralisações descentralizadas

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

16h

Candelária

Rio Grande do Norte

Natal

14h

Praça Gentil Ferreira

Rio Grande do Sul

Porto Alegre

18h

Esquina Democrática

Rondônia

Porto Velho

9h

Praça Estrada de Ferro Madeira Mamoré

Roraima

Boa Vista

8h

Assembleia Legislativa

Santa Catarina

Florianópolis

16h

Praça Miramar

São Miguel do Oeste/SC

09h

Salão Paroquial

São Paulo

-São Paulo

16h

MASP

-Piracicaba

9h

Poupatempo

-São José do Rio Preto

15h

Terminal Central

-Ribeirão Preto

17h

Terminal Dom Pedro II

-Sorocaba

7h

Praça Coronel Fernando Prestes

-Americana

16h

Praça Comendador Muller

Sergipe

Aracaju

14h

Praça General Valadão

Tocantins

Palmas

8h30

Colégio São Francisco

Fonte: Portal Vermelho. 

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