Protesto em apoio à greve dos rodoviários termina com detenções em Porto Alegre

Por Ramiro Furquim/Sul21

Cerca de mil pessoas marcharam na última sexta-feira (31/1) em apoio à greve dos rodoviários em Porto Alegre. A concentração ocorreu às 18h em frente à prefeitura e a caminhada seguiu até o ginásio Tesourinha, na Avenida Érico Veríssimo, onde os trabalhadores realizavam uma assembleia que decidiu pela continuidade da paralisação deflagrada na segunda-feira (27). No final do protesto, pelo menos quatro ativistas foram levados até a 3ª Delegacia de Polícia e liberados durante a noite.

A manifestação contou com gritos contra a Copa do Mundo, contra o aumento da passagem no transporte público da Capital neste ano e pela aprovação do passe livre municipal. Além disso, outras frases bastante ouvidas foram: “rodovíario é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo!” e “apoio os rodoviários! é passe livre e aumento de salário!”.

A caminhada teve início por volta das 19h10min e chegou às 19h40min no ginásio Tesourinha. O trajeto, de cerca de três quilômetros, foi percorrido de forma rápida porque os manifestantes queriam chegar ao local antes que terminasse a assembleia dos rodoviários. A marcha seguiu pelas avenidas Borges de Medeiros, Aureliano de Figueiredo Pinto e Érico Veríssimo.

Quando chegaram ao ginásio, os ativistas foram recebidos com festa pelos trabalhadores. Muitos se juntaram aos jovens e pulavam ao som das batucadas, entoando as palavras de protesto.

Neste momento, foi aberto um período para comunicações no carro de som. Trabalhadores de diversas áreas, como a saúde municipal e os Correios, se pronunciaram. Os rodoviários declararam que não pretendem encerrar a greve se não houver atendimento a suas demandas e que só colocarão 100% dos ônibus em circulação na segunda-feira (3/2) se as catracas forem abertas.

Os trabalhadores também questionaram a associação entre o reajuste dos seus salários e a necessidade de aumento da tarifa. “Os empresários vão tirar dinheiro para pagar os rodoviários da caixa preta que será aberta no dia 12”, disse um trabalhador, em referência ao julgamento que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) fará no dia 12 de fevereiro a respeito do relatório de inspeção especial realizado nas planilhas de aumento tarifário dos anos de 2011, 2012 e 2013. Neste documento, os auditores verificaram o faturamento e o lucro das 12 empresas privadas que operam o setor sem licitação.

Uma das lideranças da comissão de rodoviários que defende a permanência da greve e se opõe à atual gestão do sindicato da categoria, o motorista de ônibus da Carris Luís Afonso Martins estava praticamente sem voz após a assembleia. No microfone do carro de som, ele disse que “a unidade entre o Bloco de Luta e os rodoviários está apenas começando, vamos parar Porto Alegre e não vai ter Copa”.

Perto das 20h20min, uma militante disse no microfone que “uns dos maiores inimigos desta greve e de qualquer mobilização dos trabalhadores são grupos de comunicação como a RBS” e convocou os manifestantes a seguirem até a sede da empresa, situada a poucos metros do ginásio Tesourinha, na mesma avenida.

Os ativistas então marcharam até a sede do Grupo RBS. Em frente ao local, criticaram as coberturas que os veículos da empresa têm feito a respeito da greve e algumas pessoas jogaram várias pedras e outros objetos – como garrafas de vidro – no prédio, quebrando diversas janelas. A Brigada Militar chegou em seguida e se posicionou com efetivos da cavalaria e da tropa de choque em frente ao edifício, mas não houve nenhum confronto entre os manifestantes e a polícia militar.

A permanência do grupo em frente à sede da RBS durou cerca de dez minutos. Muitas pessoas recuaram quando a marcha se dirigiu ao local, o que gerou alertas no carro de som para que ninguém tivesse medo da Brigada Militar. Após pedras serem jogadas no prédio, alguém pegou o microfone para dizer que não deveriam atacar o edifício, pois havia trabalhadores lá dentro.

A rota de saída se deu pela Avenida Ipiranga em direção às avenidas Getúlio Vargas e Aureliano de Figueiredo Pinto. Em seguida, o grupo ingressou na Rua João Alfredo, no bairro Cidade Baixa, e encerrou a marcha no Largo Zumbi dos Palmares.

No encerramento, manifestantes alertaram para o fato de que a dispersão deveria ser feita em grupos. No último ato, na quinta-feira (23), várias pessoas foram detidas ou revistadas pela polícia na saída do protesto.

Desta vez não foi diferente. A reportagem do Sul21 flagrou pelo menos três abordagens e a detenção de dois manifestantes. Pelo menos outros dois ativistas foram encaminhados à 3ª Delegacia de Polícia. De acordo com advogados do Bloco de Luta, todos foram liberados durante a noite. A próxima assembleia do movimento ocorrerá na terça-feira, às 18h. O local ainda não foi definido e será informado pela página do grupo no Facebook.

Foto: Ramiro Furquim

Fonte: SUL 21

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