Professoras criam rede de apoio a vítimas de violência sexual na USP

vítimasReunião com quase 100 professoras criou grupo na noite desta quinta-feira. Grupo vai acolher vítimas e criar campanha contra violência sexual na USP.

Por Ana Carolina Moreno.*

Um grupo de quase 100 professoras e pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) criou, na noite desta quinta-feira (23), uma rede de apoio às alunas e alunos vítimas de violência sexual e de gênero nos campi da instituição. Batizada de “Quem cala consente?”, a rede teve sua primeira reunião no auditório da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que foi um dos principais alvos de denúncias de estupro e violação de direitos humanos em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) entre dezembro de março deste ano.

No início de abril, um estudante prestes a se formar no curso de medicina foi considerado culpado de “infrações disciplinares” pela FMUSP, após um processo disciplinar onde ele respondeu por duas acusações de estupro. O estudante já cumpriu todos os créditos exigidos no curso de graduação. A punição definida pela comissão processante foi de 180 dias de suspensão.

Segundo Vera Paiva, professora do Instituto de Psicologia da USP e uma das organizadoras da rede, mais de 200 professoras e pesquisadoras já manifestaram, pela web, o apoio à iniciativa, representando cerca de 70% de todas as unidades da instituição.

Na reunião, foram criados quatro grupos de trabalho para o enfrentamento da violência sexual e de gênero na USP, segundo Vera.

Grupos de trabalho
Entre as frentes de atuação do grupo estão a organização do acolhimento às alunas e alunos vítimas de violência, com pontos focais nas unidades e treinamento, com base nas experiências de acolhimento às vítimas de violência, para o atendimento dos estudantes.

O segundo grupo de trabalho vai elaborar uma campanha educacional para desnaturalizar a violência sexual e de gênero e levantar o debate do tema nas unidades. “A gente defende a USP como uma instituição que deveria aderir à cultura de paz e não de violência”, explicou a professora de psicologia.

Um terceiro grupo pretende fazer um diagnóstico institucional e revisar os regimentos éticos e normativos de comportamentos da universidade, para estudar a possibilidade de incluir a violência sexual como uma violação de natureza grave, que implique em expulsão caso um estudante seja considerado culpado.

O último grupo vai coordenar atividades localizadas em cada unidade, de acordo com a realidade delas.

Liderança nacional
Na reunião, de acordo com ela, relatos semelhantes às denúncias investigadas na FMUSP apareceram em “praticamente” todas as unidades.

Segundo a professora Vera Paiva, uma segunda reunião da rede será feita no fim de maio, e outro objetivo do grupo é se articular com coletivos de alunas, alunos e professores da instituição. “A médio prazo, queremos articular essas redes para fazer da USP uma liderança nacional no enfrentamento desse problema, que atinge muitas outras universidades”, disse.

27/4/2015Geledés Instituto da Mulher Negra
*Do G1. 

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