Primeiras notícias

 

28 de fevereiro e 1º de março

Guarulhos

O avião saiu de Florianópolis com mais de quarenta minutos de atraso e em suas poltronas encontravam-se passageiros dos mais variados tipos. A maioria, turistas. No aeroporto de Guarulhos, as malas demoraram mais de uma hora para desfilarem pelas esteiras. Confesso que, além de cansada, fiquei preocupada e fiquei feliz por ter colocado os pertences mais essências na mochila que carregava nas costas. Conheci um rapaz que estava no mesmo vôo que eu e que também era de Florianópolis. Ele é formado em Administração e trabalhava em uma rede de hotéis. Estava a caminho da Austrália, onde irá fazer um curso de inglês e outro de hotelaria, no total mais de dois anos. Estava de mudança. Ele me ajudou a encontrar o guichê, onde provavelmente seria feito o meu check-in e foi fazer o seu. Sua escala seria em Johanesburgo e seu sorriso estava largo e confiante. Despedimos-nos e desejamos sorte um ao outro.

Sentei em um dos bancos perto do guichê, pois, segundo um jovem funcionário, eu teria que esperar pelo menos até à 1h30 para fazer meu check-in para o vôo das 5h30. Àquela hora deveria ser, mais ou menos, 23h. Peguei meu livro de “Espanhol para viagem”, pois achava prudente terminá-lo antes de chegar no Panamá, onde seria minha escala antes de Tegucigalpa. Um pouco antes de chegas às ultimas paginas, outro rapaz se aproximou, sentou-se ao meu lado, trocou seus tênis por havaianas brancas e puxou papo. Ele havia acabado de chegar da Austrália também, onde passou seis meses fazendo um curso de inglês, e teria que esperar até às 5h para pegar um ônibus até o Terminal Tiete, onde depois, pelo que entendi, embarcaria em um ônibus para o interior de Minas Gerais, onde mora sua família. João também era formado em Administração e, entre uma pergunta e outra a respeito do Jornalismo, da manipulação de informações na revista Veja e dos meus hábitos de leitura, me contou entusiasmado sobre sua experiência, nas férias de verão de 2007, como membro de uma equipe jornalística, formada por cerca de sete colegas, em sua cidade natal. A publicação fazia denuncias, principalmente de corrupção e, de acordo com ele, seu fim foi lamentado pelos moradores da cidade.

Apesar de toda expectativa pela próxima etapa da minha viagem, foi muito difícil esperar até às 5h30. O cansaço e o sono só não me derrubaram porque ainda tinha o que ler e a quem ouvir. João falava um pouco demais, diga-se de passagem. Ainda sentados naqueles bancos duras de Guarulhos, pudemos observar funcionários de diferentes companhias aéreas. Uma equipe era fomada basicamente por negros vestindo um uniforme azul. As moças tinham penteados modernos e maquiagem bem feita. Observei também uma equipe que, provavelmente, era árabe. Vestiam um chapeuzinho, de onde saiam dois véus. Lembrei um pouco de Aladim. A quantidade de turistas estrangeiros já me impressionava. Pude ver e ouvir árabes, americanos, alemães e japoneses (ou chineses. Confesso que não sei).

Depois que João finalmente conseguiu trocar seus dólares australianos, fomos jantar. Perto de onde estávamos, podíamos optar ou dor Mc Donalds ou um café. Enquanto o rapaz cuidava das nossas malas, me dirigi ao café e pedi um chá gelado e um pedaço de torta de frango. O total da compra foi R$ 12,20. Meu lado universitário e trabalhador ficou um pouco tenso, mas sabia que seria assim: tudo absurdamente inflacionado para os turistas ricos que circulam pelo aeroporto. João foi pegar o seu lanche e depois tentamos revezar uns cochilos na mesa. Enrolamos bastante, consegui fazer meu check-in, enrolamos mais um pouco e, um pouco antes das 5h, despedi-me e dirigi-me ao saguão de embarque. Mais uma vez turistas e atraso.

Ao encontrar minha poltrona, uma mulher me perguntou se eu poderia trocar de lugar com o noivo dela, que estava em algumas fileiras para trás, entre duas poltronas. Lamentei não poder ficar ao lado da janela, mas preferiria não ficar entre noivos. Não senti muita falta da vista pois em alguns segundos fui tomada por uma moleza incontrolável. Não sei como consegui acordar em certo momento (impossível presumir o horário) para comer uns biscoitos e beber um suco, que a companhia aérea estava oferecendo, mas o fiz e voltei a cair no sono. Era um descanso entrecortado, um pouco desconfortável, mas fico muito contente por ter conseguido pelo menos isso, e aliviada por ter levado uma faixa para os olhos, que me salvou.

Panamá City

Reparei que estava amanhecendo. Não muito pela claridade, mais pelos turistas brasileiros, que não paravam de tagarelar. Resolvi tirar a venda e ver o que estava acontecendo ao meu redor. Pessoas muito bem dispostas e eufóricas. Não me identifiquei muito. Naquele momento, eu já estava sofrendo com os sintomas da gripe e de vez em quando, caia no sono sem querer. Os turistas eram 60 e estavam todos juntos numa excursão. Finalmente chegamos à Panamá City.

Andei um pouco, enfrentei fila no banheiro, enquanto me perguntava por que raios aquelas mulheres estavam se maquiando para viajar de avião. Não entendia onde estava a parte glamurosa. Quando encontrei o portão 28, olhei para o painel e lá estava: Tegucigalpa. A ansiedade e o nervosismo me encontraram mais uma vez, mas fiquei muito contente por finalmente estar chegando.

Nessas andanças todas, avistei passaportes da Guatemala, Costa Rica, Panamá, Venezuela, entre outros. O perfil das pessoas era mais de empresários e residentes do que turistas. Fizemos uma escala em San Jose. Sem reparar, caia no sono.

Tegucigalpa

Não conseguia parar de sorrir já na rampa de saída do avião. No guichê de entrada, mostrei o passaporte, o comprovante internacional de vacina contra febre amarela e um documento com informações minhas, como nome, número do passaporte, país de origem e etc. A atendente me fez várias perguntas, como quanto tempo pretendia ficar, onde ficaria, porque estava lá, o que iria fazer, porque eu iria fazer, com quem eu iria ficar e etc. Olhei para o painel acima, onde dizia que eu havia chegado em Tegucigalpa. O horário: 13h36. Eu havia avisado ao Rony Martinez, jornalista que iria me pegar no aeroporto, que minha chegada estava prevista para às 15h30. Tanta preparação e eu lhe avisei o horário errado. Que esperta! Tive medo, confesso.

Peguei minha mala e atravessei o portão de desembarque. Obviamente não havia ninguém lá me esperando. Algumas pessoas me olharam estranho, mas achei por bem não ficar encarando demais. Pensei rapidamente nas minhas possibilidades, arrisquei meu espanhol com alguns hondurenhos, saí do aeroporto e fui atrás de internet ou cartão telefônico. No caminho, me ofereceram câmbio, mas como não me parecia nada oficial, achei arriscado e fui com meus reais e dólares mesmo. O estabelecimento não aceitava nenhum deles e nem meu cartão. Voltei ao aeroporto e troquei uma nota. No guichê de uma companhia telefônica, emprestei um celular e pude ligar para Rony. Consegui falar com ele, que é claro, ficou surpreso.

Alguns minutos depois, Rony chegou com quatro colegas: Dania, Alfredo, Fernando e Noel. Foram muito simpáticos e receptivos. Dania segurava um cartaz de boas-vindas e um livro. Conversamos um pouco e fomos em direção ao carro. Eu, Rony e Noel seguimos para a casa do Rony. No caminho, reparei que o calor nao era tanto quanto eu imaginava e a vegetacao, mais seca do que eu esperava.

****

Vou terminar essa publicacao aqui pois já nao estou mais usando meu computador e estou tendo problemas com a pontuacao e para usar o internet explorer para copiar e colar textos. Depois de publicar este, tentarei colocar algumas fotos e um video. Assim que puder, continuo com o diário.

Beijo e saudades.

 

8 COMENTÁRIOS

  1. Que bom ler notícias suas, Lari!
    Confesso que fiquei cansada só de ler sobre sua correria hahaha
    Espero que esteja tudo bem e que possamos ler mais sobre seu dia-a-dia aí!

    Beijos e saudades!

  2. Pessoal, muito obrigada pelos comentários e pelo apoio! Fico muito contente de vê-los aqui.

    Um abraço cheio de saudade,
    Lari.

  3. Lari, está tudo muito lindo. Quero ver histórias assim todos os dias. Ser jornalista não é fácil, mas recompensa, né?
    Um abraço para todos os hondurenhos aí!

    Beijos

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