Porto Seguro: A matemática a partir da cozinha itinerante na FNSL com a professora Maiana e a turma de Ped IV

Por Elissandro Santana, para Desacato.info.

Como docente, há alguns anos tento aplicar/entender a Metodologia Ativa a partir de minhas próprias tessituras didáticas, mas compreender esse objeto por meio das empirias dos pares pelos espaços de ensino e de aprendizagem pelos quais passei, e ainda estou, é muito mais profícuo/produtivo e eficaz, dado que o Outro (Outra) sempre pode trazer algo novo/diferente, por isso, ontem, dia 27 do corrente mês e ano, às 20 horas, na Faculdade Nossa Senhora de Lourdes, em Porto Seguro, no Extremo Sul da Bahia, em visita à turma de Pedagogia IV, captei, na prática, como minha Maiana Miranda (Colega Professora da FNSL e Coordenadora da Escola Mater, instituição que coexiste no mesmo prédio com o ECE – Evolução Centro Educacional, instituição em que leciono linguagens) desenvolve saberes propiciando ao/à discente que ele/a seja personagem principal do ato de aprender abrindo caminhos entre a matemática e suas infinitas possibilidades de aprendizagem.

Ao adentrar o recinto, encantei-me, sentido lato sensu, com toda a estética do espaço. Uma cozinha itinerante montada em uma ambiência efervescente e fértil para o olfato e o paladar que quantifica, sente e saboreia didático-bioquimicamente o conhecimento. Nesse lócus, os/as alunos/as deram um show de saberes sobre alimentação no ambiente escolar, políticas alimentares saudáveis na educação ou sobre como aprender matemática pelo cozinhar, comer e servir. Um triângulo importante em vários sentidos.

A tríade cozinhar, comer e servir, arvorada na matemática, fez-me retomar estudos em torno de teóricos como John Dewey, importante pensador e estudioso do aprender fazendo, um defensor ferrenho da educação como um processo de reconstrução/reorganização de empirias conquistadas que podem influenciar outras experiências algures/alhures.

Ao rememorar John Dewey e refletir sobre o envolvimento de cada discente na cozinha itinerante, não tive dúvidas de que, assim como eu, os/as peripatéticos/as da Professora Maiana, ou, como é conhecida, carinhosamente, por May, também minhas alunas em Educação Ambiental, se deram conta de que tudo são experiências e possibilidades no saber que se constrói pelo movimento do educando na ação dos sentidos.

Durante o tempo em que fiquei na apresentação, registrei um corpo discente e uma professora com um forte senso voltado à absorção de conteúdos (e para além deles) de maneira autônoma e participativa.

Por último, o que mais me cativou foi ver que todos/as os/as discentes entendiam o conceito de cozinha itinerante e, assim como nesta proposta o ato de cozinhar ou preparar o alimento se dá em tempo síncrono, percebi arquiteturas mentais vivazes em uma atividade gigante de produção de informações para o público visitante.

Enfim, ao sair da turma e da cozinha toda organizada por eles, constatei um público satisfeito-cativado pelo olfato, pelo paladar e embevecido pelo saber-sabor que a matemática pode proporcionar à sociedade.

Elissandro Santana é professor da Faculdade Nossa Senhora de Lourdes e do Evolução Centro Educacional, membro do Grupo de Estudos da Teoria da Dependência – GETD, coordenado pela Professora Doutora Luisa Maria Nunes de Moura e Silva, revisor da Revista Latinoamérica, membro do Conselho Editorial da Revista Letrando, colunista da área socioambiental, latino-americanicista e tradutor do Portal Desacato.

A opinião do autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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