Por um sindicato comprometido com o trabalhador


Por Magali Moser.

Será um dia histórico para Chapecó. Em 1º de setembro, pela primeira vez em 22 anos, o município do meio oeste catarinense vai testemunhar uma eleição para o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados (Sitracarnes). A ausência de eleição foi denunciada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) que processou o sindicato e seus dirigentes por estabelecerem acordos coletivos em prejuízo dos trabalhadores e por fraude nas eleições. O MPT apontou ainda que “há uma verdadeira legião de jovens lesionados nos frigoríficos e o sindicato atua em prejuízo à própria saúde do trabalhador”. A maioria dos trabalhadores do Sitracarnes é da Sadia, fundada em 1944 a partir da compra de um pequeno frigorífico em Concórdia e hoje considerada uma das maiores empresas de alimentos da América Latina e uma das principais exportadoras do país.

Duas chapas concorrem à eleição. A chapa 1, da situação, e a chapa 2, da Oposição Sindical. A ânsia por mudança é tanta que Neucira Terezinha Rosa Enderle, 40 anos, chegou a sonhar por duas vezes com a vitória da chapa 2. Ela via o carro de sonho anunciar a vitória dos trabalhadores e participava da comemoração. Operadora de produção do setor de Hambúrguer da empresa há cinco anos, Neucira faz parte da legião de 1200 trabalhadores lesionados pelo trabalho e que estão afastados da empresa. Nascida em Irani, município vizinho, ela abandonou a vida na roça depois de acumular prejuízos e se viu obrigada a trabalhar como empregada.

_  Demorei um ano pra me acostumar. Aquele paredão de concreto, sem janela, sem contato com a natureza, sem poder conversar direito com as pessoas. Quando me acostumei com o ambiente, fiquei doente, com tendinopatia _ conta.

A lesão nos braços impediu Neucira de fazer atividades básicas como varrer a casa, descascar uma mandioca ou esfregar uma meia. Ela mora no Efapi, bairro operário onde fica a fábrica da Sadia e estão concentrados os trabalhadores. Dos R$ 648 que recebe, R$ 150 vai para o aluguel da quitinete chamada por ela de “porãozinho”, onde mora com a filha. Jamais pensou em fazer parte de um sindicato, mas sentiu que precisava denunciar o que chama de trabalho escravo.

_ A gente estava com os olhos tapados. Só pensava em trabalhar. Mas aqui um frango tem mais valor que a vida de um trabalhador _ resume João Anildo Iora, 46 , que trabalha há 20 anos como operador de máquina no setor de Embalagem de Peru e perdeu parte de dois dedos na empresa.

Os trabalhadores colecionam histórias de mutilação como a de João Francisco Felippi, de 29 anos. Ele escorregou dentro da máquina de mistura de temperos e perdeu a perna direita. O acidente foi em dezembro de 2007, quando a filha tinha 23 dias. A mulher dele, que na época também trabalhava na empresa, entrou em depressão e foi demitida. Hoje, Felippi recebe metade do salário – R$ 360 – da previdência e aguarda por uma prótese. A constatação da ausência de precauções para evitar mutilações em empregados pode ser vista pela placa, em frente à empresa. Dia 20 de agosto anunciava: “estamos trabalhando há oito dias sem acidentes com afastamento. Nosso recorde é 115 dias”.

_ O funcionário tem 8 segundos para desossar uma coxa. Não dá nem tempo de enxergar a faca. Se vencer, eles diminuem o tempo. Aqui ninguém mais quer trabalhar. Estão indo buscar gente no Rio Grande do Sul. Os trabalhadores ficam quatro horas num ônibus e depois mais 8 horas na empresa _ conta Laires Schneider, funcionário do setor de Evisceração de Peru por 26 anos e que foi demitido sob a “justificativa de redução do quadro” quando passou a manifestar seu envolvimento com a chapa 2.

_ O sindicato é uma ferramenta para o trabalhador. E aqui isso não acontece. Se alguém reclamava, eles mandavam embora. Sofri várias ameaças por telefone e pessoalmente. Diziam que era pra eu ficar fora disso, preservar minha vida. Vivemos uma ditadura sindical _ relata Jenir de Paula, candidato a presidente da chapa 2, que foi demitido após divulgada a participação no movimento sindical e conseguiu a reintegração na justiça.

Em Chapecó foi criada a primeira filial da Sadia, apontada como a marca mais valiosa do setor de alimentos brasileiro por quatro vezes. Na fábrica, são 6 mil empregados, a maioria é mulher. Os trabalhadores contam que são abatidos 200 mil frangos por dia. Em frente à fábrica, os caminhões lotados de aves não param de chegar. O cheiro é insuportável. Sindicatos de todo o Estado apóiam a chapa 2, inclusive centrais sindicais como CUT, Conlutas e Intersindical.

Foto tomada de: clauderioagusto.com.br

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5 COMENTÁRIOS

  1. “Sem paz Deus não está presente, onde existem guerras e conflitos Deus está ausente”
    “NOS TEMPLOS DE DEUS ONDE EXISTE PAZ, DEUS ESTA PRESENTE, NOS TEMPLOS ONDE EXISTE GUERRAS E CONFLITOS, DEUS ESTÁ AUSENTE”
    ONDE NÃO TEM JUSTIÇA NÃO TEM PAZ.

    PLEBISCITO SOBRE A REFORMA AGRARIA

    Custo do programa Bolsa Família previsto no Orçamento de 2011 (R$ 13,4 bilhões) corresponde apenas a 4% do que os 150 mil brasileiros mais ricos têm aplicado na ciranda financeira (R$ 337 bilhões, segundo levantamento feito recentemente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais – Anbima). Um punhado de milionários detém disponíveis para investir e reinvestir, 96% mais dinheiro do que receberão os 40 milhões de brasileiros que dependem Bolsa Família para comprar algum alimento e enganar a fome.
    A necessidade de recorrer ao benefício do bolsa família é vista pelos beneficiários, como uma humilhação. Acredito se o país desse oportunidade de educação cursos técnicos de preparação para o trabalho e terra para trabalhar para as pessoas que estão passando fome, eles saberiam agarrar a oportunidade e produzir. O governo Lula deu comida para 40 milhões de irmãos nossos que estavam passando fome durante certo período, Agora já está mais do que na hora de dar trabalho e terra para que essas pessoas produzam divisas para o país e gerem vida. Essa reforma agrária para 40 milhões de pessoas que estão passando fome além de aquecer toda cadeia produtiva agrícola e industrial, indústria de máquinas agrícolas, tratores, colheitadeiras, plantadeiras, incrementaria mais receita no PIB brasileiro. Assentar sobre as terras agricultáveis consideradas improdutivas, filhos de pequenos agricultores rurais sem terra que possuem experiência na produção agrícola, desalojados pelas barragens, desalojados pelas demarcações de terras indígenas, pequenos agricultores que tiveram de sair de cima das terras onde eram reservas indígenas, tipo reserva da serrinha no norte do Rio Grande do sul, ou na reserva raposa serra do sol em Roraima etc. Pegar o modelo da fazenda chapada em Vacaria-RS, onde se produz agricultura familiar aliada á agricultura moderna com rotação de culturas e implementar nesses assentamentos, colocando os agrônomos, os técnicos agrícolas ou os profissionais desse segmento para ensinar esse povo trabalhar. Implementar produção agrícola para produção de alimentos, não utilizando transgênicos, e venenos em geral. A parte desse pessoal que não sabe cultivar as terras receberia cursos técnicos e superiores para atuar nas indústrias que seria aquecida pela produção de maquinário agrícola.
    Estatísticas do INCRA mostram que 1% dos proprietários rurais detém mais de 40% das terras agricultáveis no Brasil. Infelizmente, o governo Lula não teve coragem de enfrentar a oposição do agronegócio e a imposição de cortes orçamentários feita pelo FMI. Preferiu o caminho demagógico do assistencialismo barato.
    Em vista de toda essa problemática venho através desse documento sugerir um plebiscito ou um referendo sobre a reforma agrária em terras improdutiva terras que não cumprem a função social, criação de uma secretaria especial no governo da Dilma para fazer esse plebiscito de vital importância para a nação brasileira.
    Um assentamento bem planejado rende ao país não somente os frutos sociais de quem ganhou a terra, mas tb o retorno em produção, alimentos, impostos, etc. Muita gente critica aqui pelo que ve na televisão. Tomam por referência apenas as badernas que aparecem na mídia. Parecem nem se importar que enquanto escrevemos aqui, milhões de irmãos brasileiros estão na penúria. Gasta-se tanto dinheiro com tanta bobagem nesse país, pq não investir em assentamentos planejados? Temos know-how pra isso sim senhor
    Desde as capitanias hereditárias que nossas terras são roubadas por famílias influentes. Um verdadeiro assalto contra a União. O MST tem que invadir mesmo…reforma agrária sai na marra, doa a quem doer. Políticos da direita usa os meios de comunicação para desmoralizar o movimento.
    Pior que o MST são esses latifundiários que se dizem produtores. Basta o governo fazer um levantamento pra descobrir o histórico dessas propriedades. A grande maioria pertencia a União, cujos poderosos do Brasil colônia se apossaram. Uma verdadeira invasão. Bem feito pelo inferno que o MST provoca.

    VIANEI CORAZZA – (54) 3601-1548 (54) 9162-7615 – [email protected][email protected]
    PRESIDENTE DO BLEBICITO OU REFERENDO SOBRE A REFORMA AGRÁRIA

  2. Viva os trabalhadores e que vençam esta eleição.
    Nós do oeste paranaense também verificamos todos os dias estas atrocidades cometidas por estas empresas alimentícias aos trabalhadores.

    Viva a luta! E boa sorte nas eleições.

    Abraços

    • TOMARA QUE OS COVARDES DA ATUAL DIREÇAO DO SITRACARNES NAO PASSEM A SUA COVARDIA E SUA PREPOTENCIA COMO UM VIRUS PARA OS COMPONENTES DA CHAPA II QUE AO QUE PARECE JA COMEÇARAM A MOSTRAR A VEDADEIRA CARA DA PREPOTENCIA E DO AUTORITARISMO POIS JA COMEÇARAM A EXCLUIR OS VERDADEIROS LIDERES TRABALHISTAS QUE LUTARAM COM UNHAS MENTES E DENTES PARA QUE ESSA VITÓRIA FOSSE CONSEGUIDA TOMARA…

      Hildo corazza Chapeco Um abraço a cada trabalhador e boa sorte

  3. isso tudo e verdade os salario e muito pouco,e apoio chapa 2 pois e a ultima esperança que mude alguma coisa
    gosto de fazer parte da Sadia mas seria covarde em convir com sertas barbaridade que acontese dentro da Sadia,e com os pelegos da atualidade do sitracarne, um sindicato onde nunca deu sua cara a tapa,uns covarde,inclusive seu Miguel padilha.

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