Por que a agressão contra o comunicador Marcos Weber não é notícia?

Marcos não apareceu na capa do jornal, nem no blog do escritor "famoso" da cidade, no site de notícias também não.... Você sabe o motivo? Vamos entender isso.

Marcos Weber , comunicador da rádio Palmeira FM, de Palma Sola/SC. Foto: Arquivo pessoal.

Por Claudia Weinman, para Desacato. info.

Marcos Weber é comunicador da rádio comunitária Palmeira FM de Palma Sola/SC. Conheci o colega de profissão em um festival de música nesse município, em dezembro de 2017, bem recente. Também o contato com os demais membros da rádio se fez nas mobilizações aqui pelo Oeste do estado há mais tempo.

Na sociedade que a gente vive comunicar subvertendo a ordem não é fácil.  Aliás, tudo o que se faz, seja na comunicação ou em outra tarefa não é tranquilo pois o sistema não permite, não serve e jamais vai nos possibilitar ter liberdade, dignidade, entre outras coisas.

Mas precisamos, mesmo assim, falar da omissão, do cerceamento, contar que a mídia regional não escreveu nem mesmo uma frase sobre a violência sofrida por Marcos ontem de manhã, quando a sede da Palmeira FM foi invadida por um grupo de 15 homens, os quais foram filmados pelo radialista enquanto proferiam palavras ofensivas e com um comportamento de histeria.

Imediatamente, tomando conhecimento das agressões, junto com a colega Jornalista, Izabel Cristina Rhoden Fávero, da Associação Catarinense de Rádios Comunitárias, fizemos a denúncia via Portal Desacato, por compreender a gravidade dos fatos que poderiam ter resultado em um linchamento, como a própria comunidade palmasolense tem mencionado.

Mas por que falar que a mídia regional não fez nada sendo que ela não nos representa? Porque é preciso entender, especialmente quem ainda não compreendeu, que essa imprensa nunca vai se posicionar para defender seja um jornalista, um educador/a, uma faxineira, o cara que varre a rua, nunca vai defender pois não é seu interesse. Os agressores são pessoas que nasceram em berço esplêndido, os “coroné” da região. Então se voltar contra eles (no caso da imprensa tradicional) seria, primeiro, uma ofensiva, segundo, quem sabe deixariam de pagar aquela graninha para sair a notícia do seu agrado.

Então, o que precisamos entender e assumir enquanto tarefa, é contribuir no extermínio da desinformação que esses meios transmitem quando fazem o povo engolir na hora do almoço aquela notícia falsa, mentirosa, que aprofunda os conflitos. Precisamos acabar com a cultura do ódio, com essa imprensa que jamais vai atuar defendendo trabalhador/a.

Trabalhei seis anos em um veículo comercial, mas nem precisava tanto para entender que o que sustenta um meio assim é a troca de favores, a grana do empresário que sai na capa do jornal quando abre o bolso. É assim que funciona. A notícia é válida quando tu tens dinheiro para bancar ela nesses veículos tradicionais se não, acontece como o caso do Marcos, que fez um comentário crítico a respeito do pessoal que foi pra rua jogar alimento e pedras na caravana do ex-presidente Lula e quando menos esperou, teve o seu ambiente de trabalho invadido pelos caras que tentaram intimidá-lo e só não fizeram algo pior porque o Marcos se defendeu como todo comunicar se defende, usando equipamentos de trabalho, no caso dele, um celular.

Essa conduta de invadirem nossos ambientes de trabalho, de nos atacarem precisa ser denunciada. As pessoas devem contribuir, necessitam entender que a imprensa que atua lado a lado dos/as trabalhadores/as é a independente, são essas rádios comunitárias, são esses comunicadores/as que não vendem os seus posicionamentos por bagatelas. Por isso somos constantemente alvos de agressões, de perseguições.

Toda nossa solidariedade ao Marcos e que essa comunicação prevaleça.

Esse é o vídeo que mostra as agressões sofridas pelo comunicador. Ajude a denunciar para que essa prática não se torne palavra de ordem dessas pessoas.

Fala de Marcos Weber, que resultou na violência sofrida ontem, em Palma Sola/SC.

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Claudia Weinman é jornalista, diretora regional da Cooperativa Comunicacional Sul no Extremo Oeste de Santa Catarina. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).

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