Política espanhola desde a Catalunha, resumo para brasileiros, a propósito das eleições

Foto: reprodução

Por Flávio Carvalho.

Tudo em minha opinião, claro. Pois eu é que eu não vou perder meu tempo falando somente da opinião dos outros.

VOX é Bolsonaro. Fascista, muito mais que “extrema direita”, igual que Bolsonaro.

Ciudadanos é o partido mais recente da direita neoliberal e do nacionalismo espanhol (pior que o nacionalismo catalão).

PP, Partido Popular, é a velha direita corrupta de sempre. Da barriga do PP nasceu VOX, ex-militantes do PP que quiseram roubar mais ainda. Defendem a monarquia corrupta.

O Partido Socialista na Espanha é o velho MDB do Brasil. As grandes empresas e a monarquia corrupta adoram os socialistas, embora gostem mais do PP (monarquistas mais assumidos). Por isso as grandes empresas contratam todos os socialistas para trabalhar para seus interesses privados, depois que cansam de ganhar a vida com a política e querem aumento de salário. Como o ex-Presidente Felipe González, muito amigo de Lula (que foi preso político mas nunca apoiou os presos políticos independentistas, diferente de Dilma, que sim, os apoiou).

Podemos é a nova esquerda, não independentista, herdeira dos velhos comunistas. Defendem o direito de que a Catalunha possa decidir o seu futuro. Mas votariam, na maioria, contra a independência. E, ao mesmo tempo, pela anistia dos presos políticos catalães.

A direita nacionalista catalã não era independentista. Tornou-se independentista e mudou várias vezes de nome, quando já perdia espaço, pelo desgaste de mais de duas décadas no poder e escândalos de corrupção.

Esquerda Republicana de Catalunha tem um nome que já lhe define, desde mais de noventa anos (um dos partidos mais antigos em atividade na Europa). Seu líder é um preso político, junto com outros, e sofreu duro Lawfare, pior que o de Lula.

A CUP, Candidatura de Unidade Popular, nasceu da união de candidaturas de base municipais, independentistas, de extrema esquerda anticapitalista e foi dos primeiros a assumir-se como um partido feminista.

Eu sempre votei na CUP. A primeira vereadora brasileira na Catalunha, Katia Juncks, foi eleita pela CUP.

MARIA DANTAS E FLAVIO CARVALHO
Maria Dantas, deputada na Espanha, e o sociólogo Flávio Carvalho

Faço campanha para duas ativistas brasileiras pelos nossos direitos humanos e como migrantes, Maria Dantas e Maria Badet, independentistas não nacionalistas, como eu. Feministas, antirracistas e antifascistas. Lutamos juntos há muitos anos.

Não voto na direita independentista. Porque eu sou de extrema-esquerda: bem fácil de resumir.

Eu não tenho o menor problema em defender os direitos civis dos independentistas catalães também de direita (pois também são os meus direitos civis), perseguidos pela justiça espanhola franquista, com a conivência e interesses de poder do velho bipartidismo espanhol (Populares e Socialistas). Existem inúmeros perseguidos da esquerda independentista (em todo o Estado Espanhol), mas os grandes meios de comunicação só falam dos perseguidos mais famosos.

Eu respeito muito o Podemos e a sua versão catalã, o Em Comum–Podemos, liderado pela Prefeita de Barcelona, Ada Colau. Só não voto neles por dois motivos: porque voto numa opção sempre mais à esquerda (mais rupturista, mais radical, no sentido de ir mais à raiz dos problemas estruturais; que o Podemos também vai, mas menos, a meu ver). E porque não são independentistas. Eu acredito na estratégia independentista como a antítese do mais absurdo: a monarquia medieval e corrupta. E porque, para mim, não existe na Espanha nada mais antifascista do que o independentismo (catalão, basco, andaluz, galêgo e outros mais minoritários e invisibilizados). Mais que o comunismo (que eu também defendo e que também tem muitos matizes, preferindo falar em comunismos, no plural). Depois de tantos anos, eu defendo a estratégia (utópica) de forçar a ruptura. Demolir todas as estruturas, por apostar (sem ingenuidade) no novo. Nem saber o que virá ou como será, mas saber o que não quero.

Eu respeito a história dos socialistas na Espanha. Mas creio que o seu presente já renegou toda a sua história.

PP, Ciudadanos e VOX são herdeiros em maior ou menor grau do franquismo. E são o novo fascismo, com diferentes matizes de intensidade. VOX já se aproximou de Bolsonaro, abertamente.

Eu não acredito quando dizem (uma lenda urbana espanhola) que VOX cresceu por causa do independentismo. Seria o mesmo que dizer que Bolsonaro nasceu por culpa do PT. O Fascismo sempre existiu, no Brasil e na Espanha, mas muitos quiseram não perceber.

A Espanha é o país do mundo onde a ditadura fascista durou mais anos. A democracia espanhola é uma farsa, igual que no Brasil. A Espanha é o segundo país do mundo, depois dos Estados Unidos, onde as grandes empresas privadas ganharam mais dinheiro do Brasil.

A independência da Catalunha virá, mais cedo ou mais tarde. A questão é não saber-se quando nem como. Mas virá.

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