Pobres estão mais expostos à poluição, diz estudo europeu

A Agência Europeia do Ambiente (AEA) publicou nesta segunda-feira (4) um relatório que chama a atenção sobre a estreita ligação entre os problemas sociais e ambientais em toda a Europa. Quanto mais pobre e vulnerável é o cidadão, mais exposto ele está aos efeitos da poluição, diz o estudo.

Por Rádio França Internacional – RFI

“De uma forma geral, mais você é pobre na Europa, mais os riscos são elevados de se morar em uma região com uma qualidade de ar pior”, explicou o diretor da AEA, Hans Bruyninckx, durante a apresentação do relatório à imprensa, em Bruxelas, na Bélgica.

Pela primeira vez, a Agência Europeia do Ambiente, que tem sede em Copenhague, na Dinamarca, e existe há 25 anos, publicou um estudo que faz “uma análise” da relação entre desigualdades socioeconômicas e ambientais. O relatório ressalta que é necessário um melhor alinhamento das políticas sociais e ambientais e melhores ações locais para abordar com êxito as questões da justiça ambiental.

“A saúde de cidadãos europeus mais vulneráveis continua impactada de forma desproporcionada pelos riscos ligados à poluição do ar e a poluição sonora, ou ainda às temperaturas extremas (frio ou calor), afirma a AEA. Embora ao longo das últimas décadas as políticas e a legislação da UE tenham conduzido a melhorias significativas nas condições de vida, tanto em termos econômicos como em termos de qualidade ambiental, ainda persistem desigualdades regionais.

Europa do Leste em pior situação

O relatório mostra que algumas regiões do Leste (Polônia, Hungria, Romênia ou Bulgária) e do sul da Europa (Itália, Espanha, Portugal e Grécia), que têm uma taxa de desemprego mais alta e um nível de escolaridade abaixo da média, estão mais expostas às partículas finas (poeira, fumaça, fuligem, pólen etc.) e ozônio.

Nessas mesmas regiões da Europa, a vulnerabilidade dessas populações, que também tem uma idade média mais elevada, “pode ??reduzir as capacidades individuais para se proteger de ondas de calor, e, assim, impactando a saúde de maneira negativa”, acrescentou a agência.

Até mesmo nas áreas urbanas mais ricas da UE, que sofrem com a poluição por dióxido de nitrogênio (NOx, emitidas pelos motores diesel), “são sempre as comunidades mais pobres que tendem a estarem expostas a níveis locais mais altos “. Estas desigualdades são apenas “parcialmente” levadas em conta nas atuais políticas ambientais da UE, diz a AEA. “As políticas da UE não exigem explicitamente ações específicas dos Estados membros para reduzir as desigualdades de exposição e vulnerabilidade”, observam os autores do relatório.

A agência, no entanto, ressalta algumas respostas consideradas “eficazes” para combater esses diferentes tipos de riscos ambientais. Ela cita a gestão do tráfego rodoviário (por exemplo, na cidade belga de Ghent, que proibiu o carro no centro), o incentivo à caminhada (Malmö, Suécia e Edimburgo, no Reino Unido estão pedindo para que os pais caminhem com as crianças até a escola) e à bicicleta. Sem esquecer moradias de melhor qualidade, incluindo o isolamento que permite um combate mais eficaz contra o frio e o calor.

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