PM é preso sob a suspeita de ajudar policiais na execução de jovens na zona norte de SP

 Por Carlos Castro e André Caramante.

Um soldado da PM identificado como Sanguini teve o mandado de prisão expedido na sexta-feira (28/07) sob a suspeita de ter colaborado com a execução de dois jovens na Brasilândia, zona norte da cidade de São Paulo, em 7 de julho deste ano. A informação foi confirmada em um documento assinado pelo comandante interino da PM, Uilson Roberto Rodrigues.

A prisão preventiva foi expedida após investigações do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, terem apontado colaboração do soldado com os demais policiais na ação.

Os policiais militares Ricardo Canto Bugallo e Douglas Eduardo Mestre, da 1ª Companhia do 18º BPM/M (Batalhão da Polícia Militar), foram presos em flagrante no dia 8 de julho sob a suspeita de terem praticado homicídio doloso (com intenção de matar) contra dois suspeitos de terem roubado uma carga de cigarros no bairro.

Segundo os PMs, eles haviam sido acionados para uma ocorrência de uma pessoa baleada na rua Alberto Buriti, na manhã do dia 7. De acordo com policiais que preservaram o local do crime, Bugallo e Mestre, da Rocam (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas), afirmaram que, assim que chegaram à rua, se depararam com manchas de sangue em frente a uma casa. Eles, então, chamaram a dona da residência e pediram para averiguar.

Durante a averiguação, na parte de cima da casa, os PMs afirmaram terem visto Kaique Sampaio de Sousa, de 24 anos, formado em Administração de Empresas, e o jovem Jhonatas Correia de Oliveira, de 22 anos. Ainda segundo os PMs, os jovens atiraram contra eles, que revidaram. A dupla chegou a ser socorrida e levada ao Pronto-Socorro Penteado, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo a Polícia Civil, momentos antes desse acionamento ao qual os PMs se referiram, já havia uma ocorrência nas intermediações envolvendo roubo a um caminhão que transportava carga de cigarros. E, segundo a polícia, essas duas ocorrências poderiam ter ligação.

No entanto, durante investigações preliminares de agentes do DHPP, da Polícia Civil, a versão dos PMs foi contrariada por mais de uma testemunha.

Os dois jovens, bastante machucados, teriam procurado ajuda dentro da casa. Eles eram conhecidos da dona da residência. Com a chegada dos PMs, eles subiram para o telhado, fugindo dos policiais, que localizaram e renderam a dupla. Segundo as testemunhas, mesmo rendidos, os suspeitos foram baleados, o que fere o Código de Conduta da PM.

Com as informações, a suspeita da Polícia Civil é de que não houve homicídio decorrente de oposição à intervenção policial, e sim um homicídio qualificado doloso (com intenção de matar), praticado pelos PMs.

O motorista e o ajudante, que haviam sido roubados naquele mesmo dia, reconheceram os dois como os assaltantes que praticaram o crime. No entanto, eles reconheceram apenas uma pistola, de brinquedo, que teria sido usada pelos jovens.

Segundo a versão dos PMs, havia uma outra arma e houve troca de tiros. Troca de tiros com a pistola reconhecida, por ser um simulacro, não houve. E nenhuma testemunha, nem as vítimas do roubo, reconheceram a outra arma, calibre 38, apresentada pelos PMs como sendo dos jovens mortos.

Com essas provas, o delegado Paulo Francisco Bilynskyj, do 74º DP (Distrito Policial), na Parada de Taipas, lavrou auto de prisão em flagrante contra os PMs, que foram encaminhados ao presídio militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé, zona norte de SP.

A reportagem da Ponte Jornalismo solicitou entrevista aos PMs através da corporação e também da SSP (Secretaria da Segurança Pública), por meio de sua assessoria de imprensa, paga com dinheiro público à empresa CDN Comunicação para fazer o relacionamento da pasta com a imprensa. A pasta não se manifestou sobre o assunto.

Fonte: Ponte Jornalismo.

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