Plebiscito: Neoliberais atemorizados diante de possível saída do Reino Unido da UE

Jeremy Corbyn, em Manchester, fala a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia
Jeremy Corbyn, em Manchester, fala a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia

Nos principais jornais da Europa foram publicados dezenas, centenas de artigos que pretendem projetar os prejuízos que tal decisão acarretará à economia do país e da União Europeia. Muitos concordam que será o Reino Unido o que sofrerá o maior impacto com a saída, que será relativamente menos sofrida para os demais 27 membros.

Segundo a consultoria britânica Oxford Economics, a perda no PIB deverá ser de -0,1% e -3,9% em 2017. Isso no cenário mais pessimista. Em uma visão mais otimista, ela crê que os investimentos flutuem até 2,5 bilhões de libras nos anos vindouros até 2030. Mas também pode haver redução nos investimentos de 21,1 bilhões de libras.

Esses cenários, segundo os economistas, foram considerados levando em consideração os futuros custos do comércio, com barreiras tarifárias, subsídios e benefícios fiscais de 35 áreas da economia britânica.

Segundo o professor Thomas Sampson, do Centro de Performance Econômica da London School of Economics (LSE), o primeiro efeito da saída da UE seria o aumento dos custos comerciais com o bloco. Provavelmente haverá queda do PIB entre 1,3% e 2,6% a curto prazo.

Ele revela também que os Estados Unidos apostam firme, e pressionam, na permanência do Reino Unido na comunidade. Os EUA já afirmaram que vão privilegiar as negociações com o bloco europeu, em detrimento ao Reino Unido, o que aumenta ainda mais o temor entre os partidários da permanência.

Segundo a LSE, quando o Reino Unido começou a fazer parte da Comunidade Europeia, em 1973, cerca de 30% das exportações do país tinham o bloco como destino. A partir de 2008, mais da metade dos produtos produzidos em terras britânicas segue para os países do bloco, o que perfaz cerca de 15% do PIB do Reino Unido.

Em relação ao mundo do trabalho, Sampson crê que o desemprego pode ter pequena variação no curto prazo, mas que será insignificante no longo prazo. Ele acredita também que salários e padrão de vida podem cair.

Trabalhistas pela permanência

Os trabalhistas, que há muito tempo deixaram de lado as políticas sociais-democráticas para aplicar no país as fórmulas neoliberais – como se viu durante os anos de governo de Tony Blair – estão ao lado dos conservadores que querem a permanência no bloco.

Seu líder, Jeremy Corbyn, afirmou aos militantes do partido para que votem pela permanência no bloco. “As próximas horas determinarão o futuro do Reino Unido”, afirmou, em um discurso na cidade de Manchester, berço de importante parcela do operariado britânico.

Corbyn entrou totalmente na campanha após uma pausa que se seguiu ao assassinato, na semana passada, da deputada trabalhista Jo Cox, atingida por tiros e facadas, em uma rua no norte da Inglaterra.

“No dia 23 de junho, teremos de tomar uma decisão. Ficamos para proteger os empregos e a prosperidade do Reino Unido que depende do comércio na Europa? Ou damos um passo para um futuro desconhecido se sairmos?”, questionou.

No passado, Corbyn foi crítico à adesão ao bloco e chegou a votar, em 1975, contra a participação na então Comunidade Econômica Europeia (CEE) no plebiscito realizado dois anos após a entrada britânica na União.

O apoio dos trabalhistas é visto pela campanha pela permanência como crucial para ganhar a consulta, dada as divisões que há no Partido Conservador, do premiê David Cameron, que, por um lado, pedem para ficar na UE e, do outro, respaldam o Brexit, entre eles o ex-prefeito de Londres Boris Johnson.

Além de Corbyn, outros trabalhistas destacados, como o antigo primeiro-ministro Gordon Brown e o ex-líder do partido Ed Miliband continuaram a campanha pró-europeia na cidade escocesa de Glasgow e na inglesa de Birmingham, respectivamente.

Do Portal Vermelho, com agências

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