Plano de retomada das aulas no ES prevê rituais de despedida para alunos e professores que morrerem

“Havendo óbitos de alunos ou de profissionais da escola, e se for algo desejado pela comunidade escolar, o grupo pode organizar ritos de despedida, homenagens, memoriais, formas de expressão dos sentimentos acerca da situação e em relação à pessoa que faleceu, e ainda atentar para a construção de uma rede socioafetiva para os enlutados."

Foto: Rubén Rodriguez/Unsplash
Por  Joaquim de Carvalho.

Muita gente pensou que era fake news um item da Plano de Retomadas das Aulas Presenciais para a Educação Básica divulgado pelo governo do Espírito Santo, de responsabilidade de Renato Casagrande, do PSB, mas não.

Está na página 65: os redatores do Plano preveem óbitos (o risco, de fato, é grande com a volta das aulas presenciais) e orienta os educadores sobre como proceder em caso de morte.

“Havendo óbitos de alunos ou de profissionais da escola, e se for algo desejado pela comunidade escolar, o grupo pode organizar ritos de despedida, homenagens, memoriais, formas de expressão dos sentimentos acerca da situação e em relação à pessoa que faleceu, e ainda atentar para a construção de uma rede socioafetiva para os enlutados. Simbolizar a dor de alguma forma contribui para o processo de luto, lembrando sempre que cada um vive esse momento de uma maneira, como uma experiência pessoal e única e que, por isso, precisa ser respeitado”, diz o texto.

Para ler o plano na íntegra, clique aqui.

A volta às aulas está prevista para outubro, e vai começar pelo ensino médio. A ideia que as turmas se revezem — enquanto metade da classe vai à escola, a outra estuda em casa. No dia seguinte, a metade que ficou em casa terá aula presencial. Duas semanas depois, será a vez dos alunos do 6o. ao 9o. ano, no mesmo sistema de rodízio. E, em seguida, os estudantes do 1o. ao 5o. ano, também com revezamento.

Um estudo divulgado pela Rede Brasil Atual revelou que, mesmo com todos os protocolos de segurança sendo seguidos, a volta às aulas no Estado de São Paulo causaria contaminação pela covid-19 em até 46,35% dos estudantes e professores após três meses.

Em outros Estados, o resultado não será diferente.

A projeção é o resultado de um estudo com simulação do contágio pelo novo coronavírus, realizado por pesquisadores de sete universidades de três países.

Em outros Estados, o resultado não será diferente.

Segundo a pesquisa, seria necessário um limite de presença de 6,86% dos estudantes para garantir a segurança da comunidade escolar, o que tornaria a reabertura das escolas inviável — os alunos compareceriam à escola a cada 14 dias.

No caso do Espírito Santo, que prevê dividir a turma em duas, pelo menos o governo está sendo sincero e, de certa forma, incluiu no plano educacional orientação para que as crianças e adolescentes enfrentem a dor do luto.

O Amazonas retomou as aulas do ensino médio no dia 10 de agosto: mais de 100 mil alunos voltaram a ter aulas presenciais. Cerca de duas semanas depois, o governo resolveu testar 1.064 professores que estavam trabalhando nessas escolas, e o resultado fez com que o governador Wilson Lima (PSC) desistisse do plano de retorno do ensino fundamental: quase um terço desses professores (342) testaram positivo para o novo coronavírus.

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