Pesquisa eleitoral é distração

Por Leandro Monerato.

A imprensa burguesa e golpista deu grande destaque ontem ao resultado da pesquisa realizada pela CNT/MDA que aponta Lula na liderança disparada em todos cenários de segundo turno.
Mas 30% é o eleitorado fixo de Lula. É o número com que Lula começa qualquer disputa eleitoral há anos. E que sobre a base da dinâmica eleitoral arrastou os votos suficientes para ganhar as últimas quatro eleições presidenciais, inclusive ganhar para Dilma, antes desconhecida.
Se a pesquisa não aponta nenhuma novidade, porque o alarde?
A direita perdeu na eleição de 2014 e sabendo que 2018 seria um novo fiasco, acelerou as engrenagens golpistas que há anos vinham sendo preparadas. 
O golpe se deu, exatamente, porque via eleição a direita não conseguiria alçar o poder e garantir a destruição do patrimônio nacional, a entrega de nossos recursos para o império, não conseguiria acabar com CLT, e desfechar um ataque em toda a linha contra a classe trabalhadora.
Mas o golpe de estado foi um investimento de alto risco. Dezenas ou até centenas de milhões foram gastos por investidores como Soros, magnatas como irmãos Koch, FIESP, etc. na compra de capas de revistas, no financiamento da sua fauna intelectual, na transformação de insetos (Kataguiri e Holliday) em líderes de rua, etc.
Investimento tão alto necessitava de um fiador a altura: o exército. E os áudios de Jucá, as declarações de generais e a recente atuação das forças armadas não deixam dúvidas sobre o acordo firmado.
Ora, com Congresso, STF, Ministério Público, TSE, Exército, imprensa, tudo pago e controlado pelos golpistas, acreditar que deixariam uma nova eleição com Lula acontecer normalmente já não é ingenuidade, é uma auto-ilusão patológica.
Não é coincidência que a pesquisa é divulgada enquanto na coxia Moro segue um cronograma para recuperar o timing e prender Lula.
Não é coincidência que a imprensa burguesa alimente esperanças nas eleições de 2018, enquanto o exército ocupa as ruas e mata gente.
Os golpistas querem que joguemos o jogo segundo sua vontade. Querem que confiemos novamente nas regras do jogo, sendo que alteram essas regras durante o jogo quando o resultado lhes desagrada. Querem nos levar novamente para o terreno eleitoral, onde controlam tudo, vide o resultado das últimas municipais.
E encontram eco, porque na esquerda, a covardia política não é uma exceção. Há desde aqueles que não viram o golpe ainda, e aqueles que já se deram por vencidos.
Continuar o jogo pensando em 2018 é de certa forma legitimar o golpe. Se petistas querem Lula 2018, isso só ocorrerá com base na derrota do golpe. Uma derrota que só terá efeito se for nas ruas, com um grande enfrentamento popular contra os golpistas. E para derrotar o golpe é necessário colocar o golpe no centro da nossa propaganda, no centro da nossa estratégia e tática.
Assim, quem quer Lula 2018, deve antes focar na anulação do impeachment, no restabelecimento da legalidade. Deve, ademais, preocupar-se com a integridade física de Lula em 2017. Deve-se lutar contra a cassação de direitos políticos e sua prisão, que os golpistas não deixam de discutir um dia sequer há mais de um ano.
A esquerda que tergiversa a cada hora apresenta uma solução mágica diferente: Diretas Já, Fora Temer, lutas parciais e pontuais, e agora Lula 2018.
Que Lula inicie sua campanha é compreensível até como método de lutar contra a sua iminente prisão. Mas é preciso ver a movimentação golpista que quer insuflar uma tendência a capitulação de um setor oportunista.
Não há atalhos para derrota do golpe de estado. É preciso encarar a realidade de frente. Os golpistas cartelizaram todas as instituições. Não será via eleitoral, via jurídica ou via congressual que a derrota deles se dará. Nesses espaços somente se dará, quando muito, a oficialização de uma derrota deflagrada nas ruas, nos locais de trabalho.
A única forma de retomarmos aquelas gigantescas manifestações antigolpistas e amplia-las é sermos coerentes e levantar bem alto: Abaixo o golpe! Fora todos os golpistas!
Artigo enviado a Desacato pelo autor.

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