Passageiros da Liberdade. A viagem começou!

Os Passageiros da Liberdade palestinos viajarão para Jerusalém em ônibus para uso exclusivo dos assentados.

Inspirados nas Viagens da Liberdade do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos, ativistas palestinos tentarão subir aos ônibus de assentados israelenses para irem até a Jerusalém Leste ocupada.


[Ramallah] Grupos de Passageiros da Liberdade tentarão subir nos ônibus de assentados israelenses para viajar em direção a Jerusalém Leste através da Cisjordânia ocupada na próxima terça-feira 15 de novembro, em um ato de desobediência civil que se inspira nas Viagens para a Liberdade do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos. O objetivo é desafiar as políticas israelenses de apartheid, a proibição dos palestinos entrarem em Jerusalém e a realidade de segregação criada por uma ocupação militar e de colonos que é a pedra fundamental do regime colonial israelense. Apesar de existirem paralelos entre la Palestina ocupada e o segregado Sul em termos de racismo e o trato humilhante que sofriam os negros naquele momento e, agora os palestinos, também tem diferenças significativas. Nos anos 60 no Sul dos Estados Unidos, as pessoas de raça negra tinham que sentar na parte de trás dos ônibus; na Palestina ocupada nem sequer tem permissão para SUBIR no ônibus nem para circular pelas estradas por onde esses ônibus andam, estradas que foram construídas em terras roubadas dos palestinos.

Os palestinos não procuram que lhes seja permitido o acesso aos ônibus dos colonos, porque a presença desses colonizadores e a infraestrutura que os serve é ilegal e tem que ser desmantelada. Como parte desta luta pela liberdade, justiça e dignidade, os palestinos exigem voltar a transitar livremente por suas próprias estradas, na sua própria terra, o que inclui o direito de viajar a Jerusalém.

Os ativistas palestinos tem ainda a intenção de deixar em evidência as duas empresas que lucram com as políticas de apartheid de Israel e incentivar o boicote legal. A empresa de ônibus israelense Egged e a francesa Veolia operam várias linhas segregadas que circulam pela Cisjordânia ocupada e Jerusalém Leste; muitas das linhas são subsidiadas pelo estado.

Ambas empresas também estão envolvidas no Jerusalem Light Rail, um projeto de trem que une assentamentos ilegais em Jerusalém Leste com a parte oeste da cidade. Egged e Veolia facilitam a transferência da população ao território palestino ocupado, o que demonstra a cumplicidade ativa no empreendimento de assentamentos de Israel, fato que o Tribunal Internacional de Justiça determinou como uma violação à lei internacional, e particularmente do artigo 49 da Convenção de Genebra que proíbe à potência ocupante a transferência da sua população para esse território.
Na próxima terça-feira, os Passageiros da Liberdade palestinos se dirigirão aos pontos de ônibus só para judeus na Cisjordânia e tentarão subir aos ônibus de assentados. Os palestinos sabem que este ato de desobediência não violenta pode ter como consequência atos de violência e até a morte em mãos dos assentados israelenses que são para Israel o que o Klu Klux Klan foi pro Sul de Jim Crow, ou por parte das autoridades que os protege. Contudo, os Passageiros da Liberdade acreditam que este ato de resistência civil é necessário para atrair a atenção do mundo para a imoralidade da ocupação e o sistema de apartheid israelense e também para que as pessoas amantes da justiça boicotem empresas como Egged, Veolia e as companhias que, fazem possíveis o funcionamento e se beneficiam da ocupação.

Ativistas do mundo todo se unirão aos Passageiros da Liberdade através de atividades realizadas nas suas respectivas cidades que denunciarão a opressão sistemática dos palestinos e a necessidade de boicotar Egged and Veolia.

Mais informação, escreva a [email protected].

Antecedentes

Os ônibus que os Passageiros da Liberdade abordarão são operados por Egged, a maior empresa de transporte público de Israel e pela transnacional francesa Veolia. Ambas empresas são cúmplices nas violações de Israel à lei internacional devido ao seu envolvimento e lucro da infraestrutura de assentamentos ilegais de Israel. Os Passageiros da Liberdade apoiam o chamado ao boicote de ambas empresas e de todas as outras envolvidas nas violações aos direitos humanos e à lei internacional por parte de Israel [1].
Em julho de 2011, uma subsidiária de Egged ganhou uma licitação pública para operar serviços de ônibus na região holandesa de Waterland, ao norte de Amsterdã. A empresa ganha dinheiro esmagando os direitos dos palestinos e tem sido um dos alvos da campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), apoiada por uma impressionante maioria da sociedade civil palestina. Passageiros da Liberdade conclama o povo dos Países Baixos a intensificar o boicote a empresas, como Egged, envolvidas em violações aos direitos humanos.
Veolia é alvo da campanha internacional BDS por operar ônibus na Cisjordânia que ligam assentamentos com Jerusalém e por seu envolvimento em Jerusalem Light Rail , que une assentamentos ilegais de Israel dentro e em volta de Jerusalém Leste ocupada com a região oeste da cidade. Através disto servem diretamente tudo o que tem a ver com os assentamentos.[2]
Mais de 42 por cento de território palestino na Cisjordânia foram ocupados para construir assentamentos judeus e todo o regime associado[3] (incluindo o muro que foi declarado ilegal pela Corte Internacional de Justiça em 2004). As comunidades locais tem o acesso proibido aos seus recursos como a água e terras cultiváveis. Assentar israelenses no território da Palestina ocupada constitui um crime de Guerra de acordo com Quarta Convenção de Genebra [4] e o Estatuto de Roma do Tribunal Criminal Internacional.[5]

A Cisjordânia ocupada e a Faixa de Gaza representam só um 22 por cento da Palestina histórica, onde 750.000 palestinos sofreram uma limpeza étnica em 1948 quando o Estado de Israel foi criado. Desde então, os refugiados palestinos languescem em campos de refugiados e outros lugares no exílio, porque tem o direito ao retorno aos seus lares negado. A infraestrutura inclui centenas de quilômetros de estradas segregadas proibidas para os palestinos. Elas se internam Cisjordânia adentro e separam os palestinos de suas cidades e aldeias.

Notas:

[1] Chamado da Sociedade Civil Palestina ao BDS, disponível em: http://www.bdsmovement.net/call.

[2] http://www.bigcampaign.org/veolia/

[3] Relatório B’tselem: “By Hook and By Crook, Israeli Settlement Policy in the West Bank, July 2010; resumo disponível em: http://www.btselem.org/publications/summaries/201007_by_hook_and_by_crook.

[4] Ver “Israel’s settlement policy is a war crime under the Fourth Geneva Convention,” Centro Palestino para os Direitos Humanos, Gaza, que destaca os artigos relevante da Quarta Convenção de Genebra apra sustentar a determinação de qie assentamentos são um crime de guerra, em http://www.pchrgaza.org/Intifada/Settlements.conv.htm; see também “Demolitions, new settlements in East Jerusalem could amount to war crimes – UN expert,” UN News Centre, Junho 29, 2010, em http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=35175&Cr=Palestin&Cr1.

[5] Artigo 8(2)(b)(viii) do Estatuto de Roma do Tribunal Criminal Internacional que proíbe: “A transferência, direta ou indireta, por uma potência ocupante de parte da sua população civil para o território que ocupa ou a deportação ou transferência da totalidade ou de parte da população do território ocupado, dentro ou para fora desse território”.

 

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Twitter: @palfreedomrides

Fonte: http://palfreedomrides.blogspot.com/view/magazine

Versão em português: Tali Feld Gleiser.

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