Paralisação Agrária e Popular na Colômbia prevê mobilizações em 10 estados

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Envolvendo setores sociais e contando com amplo apoio político, a Paralisação Nacional Agrária e Popular é realizada em várias localidades da Colômbia, desde o último 28 de abril, se estendendo, a princípio, até esta próxima quinta-feira, 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador/a. O objetivo é apresentar uma pauta de reivindicações unificada pela Cúpula Agrária, Camponesa, Étnica e Popular, que destacam, principalmente, as atuais políticas agrárias que têm fragilizado cada vez mais o setor rural colombiano.

Diversas entidades das lutas populares confirmaram adesão à paralisação e às mobilizações: Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic), Coordenador Nacional Agrário (CNA), Congresso dos Povos, Mesa de Interlocução e Acordos (MIA), Marcha Patriótica, Processo de Comunidades Negras (PCN), Mesa de Unidade Agrária (MUA), Associação Nacional de Zonas de Reserva Camponesa (Anzorc), Comissão de Organizações e Movimentos Sociais da Colômbia (Comosoc) e Federação Nacional Sindical Unitária Agropecuária (Fensuagro).

Em entrevista à agência Colombia Informa, o porta-voz da organização indígena Onic, Juvenal Arrieta, aponta um agravamento da crise rural por problemas com sementes, panorama minerador energético e Tratados de Livre Comércio (TLC), que prejudicam os pequenos produtores. Ele reclama o não cumprimento de acordos anteriores em mesas de negociação e assinala a impunidade diante de violações a direitos humanos contra participantes dos protestos do ano passado, que deixaram um saldo numeroso de mortos, feridos e presos.

Representante das comunidades negras, José Santos Caicedo destaca a incompatibilidade das ações estatais com as necessidades dos pequenos agricultores. “A política atual põe em risco a sobrevivência dos setores populares rurais”, afirma. Diante disso, o porta-voz da Marcha Patriótica, Andrés Gil, ressalta a exigência de uma comissão de “alto nível” que leve adiante as negociações entre as categorias e o governo, enfatizando as garantias legais ao exercício do protesto no país.

A paralisação é um desdobramento da reunião da cúpula agrária, realizada em março deste ano, congregando mais de 5 mil delegadas e delegados não apenas de organizações camponesas. No debate estão presentes temas como ordenamento territorial, economia justa, direitos políticos e sociais, garantias legais, relação campo-cidade, justiça social e cultivos específicos de coca, maconha e papoula.

Para o dirigente do movimento camponês Dignidade Agropecuária, César Pachón, o governo não demonstra vontade política nem compromisso com o cumprimento de negociações anteriores. “O governo se dedicou a subornar dirigentes, a dividir organizações e desprestigiar a mobilização. (…) Temos um governo que não tem palavra, que não cumpre nem seque o que está escrito, que tudo fica em promessas e que precisa dar um novo rumo ao país”, afirmou à Colombia Informa.

Em declaração, o coletivo de entidades expressa: “A partir de 1º de maio, saiamos a denunciar a destituição de nossos territórios, a exploração de nossos bens comuns, o terrorismo de Estado, o neoliberalismo, a ausência de direitos”. A pretensão é que a Cúpula Agrária, Camponesa, Ética e Popular mobilize mais de 30 mil pessoas nas ruas da capital do país, Bogotá, no próximo dia 1º. Desde o último 28 de abril, paralisações em 10 estados colombianos vêm sendo realizadas, com bloqueios o mobilizações, antecedendo uma jornada de protestos que incluirão, além dos camponeses, setores urbanos das grandes cidades.

* Com informações de FIAN Honduras, Agencia Prensa Rural, Colombia Informa (Agencia de Comunicación de los Pueblos) e Articulación continental de Movimientos Sociales hacia el ALBA.

Foto: Marcha Patriótica

Fonte: Brasil de Fato

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