Paraguai: Oposição apresenta pedido de impeachment contra presidente por escândalo de Itaipu

Dezenas de deputados da oposição apresentaram nesta terça-feira (06/08) um novo pedido de impeachment contra o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, por conta da crise gerada após a revelação dos termos de um acordo assinado entre as chancelarias paraguaia e brasileira sobre a hidrelétrica de Itaipu.

O pedido inclui não só o presidente, mas também o vice-presidente, Hugo Velázquez, e o ministro da Fazendo, Benigno López. Segundo Celso Kennedy, parlamentar do Partido Ganar, o documento de 172 páginas se baseia na acusação de mau desempenho das funções. “Vimos que as pessoas que deveriam ter responsabilidade nesta negociação não tiveram ou agiram de forma negligente”, disse o deputado.

Este é o segundo pedido de impedimento apresentado pela oposição desde que foram revelados os termos do acordo entre Paraguai e Brasil que pretendia aumentar os custos de energia para a estatal energética paraguaia, a ANDE.

A primeiro tentativa de impeachment foi apresentada no dia 1 de agosto, mas foi frustrada pela retirada de apoio da bancada Honor Colorado, fração do partido governista liderada pelo ex-presidente Horacio Cartes.

Reunião com Cartes

Integrantes da banca Honor Colorado se reuniram nesta terça-feira na residência do ex-presidente para definir se apoiariam ou não o novo pedido de impeachment contra Abdo Benítez, segundo o jornal ABC Color. 

Após horas de reunião, o periódico informou que os deputados “cartistas” decidiram não apoiar a nova tentativa de tirar Abdo Benítez do cargo.

Pedido inclui não só Abdo Benítez, mas também vice-presidente, Hugo Velázquez, e ministro da Fazendo, Benigno López. Foto: Facebook/Reprodução

Presidente sabia

Segundo uma série de mensagens de WhatsApp vazadas e reveladas nesta terça pelo jornal ABC Color, Abdo Benítez sabia das negociações do acordo firmado com o Brasil sobre Itaipu e ainda pediu para que não se “polemizasse” sobre o texto e se “guardasse silêncio”.

Nas mensagens, trocadas entre Abdo e Pedro Ferreira, então presidente da Ande (Administração Nacional de Eletricidade), aponta-se que o governo brasileiro pressionava para o cumprimento do acordo, assinado em maio e tornado público somente há duas semanas. O documento previa elevar os custos para a empresa paraguaia em mais de 200 milhões de dólares.

Os termos da ata levaram à renúncia do então ministro das Relações Exteriores, Luis Castiglioni, e do embaixador paraguaio no Brasil, Hugo Saguier. Importantes funcionários do setor de energia do país vizinho também pediram demissão do cargo: o titular paraguaio da usina hidrelétrica de Itaipu, José Roberto Alderete, e o atual presidente da Ande, Alcides Jiménez, que havia assumido o cargo poucos dias antes com a renúncia de seu antecessor (Ferreira), também por discordâncias em relação ao pacto.

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