Palocci troca de advogado e, depois dos marqueteiros, pode dar novo golpe em Lula e Dilma

“Empresas de comunicação tiveram sérios problemas neste período [quando ele era ministro da Fazenda], inclusive com algumas empresas declarando default nos seus compromissos externos”, disse Palocci em um trecho de seu depoimento ao juiz Sergio Moro, em Curitiba. A fala foi omitida pela mídia corporativa, especialmente pela TV Globo, que é provavelmente a empresa à qual o ex-ministro se refere.

Da Redação

Com a Operação Bullish, deflagrada pela Polícia Federal para investigar empréstimos do BNDES à JBS, o cerco se fecha ao ex-ministro Antonio Palocci.

Ele dispensou o advogado José Roberto Batochio e contratou Adriano Bretas, que também atende ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque, indicado para o cargo pelo PT.

Palocci e Duque dividem cela em Curitiba.

Pela importância das posições que ocupou no PT e nos governos Lula e Dilma, Palocci pode causar grande danos não apenas a aliados, mas também a gente do mercado financeiro e das empresas de comunicação — que ele mencionou de passagem no depoimento ao juiz Sergio Moro (ver íntegra acima).

Os marqueteiros João Santana e Monica Moura disseram que tanto Lula quanto Dilma conheciam detalhadamente os esquemas de pagamentos da Odebrecht, por fora, às campanhas do PT, inclusive na Suíça (ver abaixo a íntegra dos depoimentos de ambos).

Eventual delação de Palocci e seus desdobramentos podem ter profundo impacto na campanha eleitoral de Lula ao Planalto em 2018.

Palocci entra na fila das delações

Ex-ministro negocia benefícios

De O Dia, 12/05/2017

Brasília — Uma nota do agora ex-advogado do ex-ministro Antonio Palocci confirmou: vem aí mais uma delação premiada no âmbito da Lava Jato capaz de provocar grandes estragos nos meios político e empresarial.

“O escritório José Roberto Batochio Advogados Associados deixa hoje o patrocínio da defesa de Antonio Palocci (…) em razão de o ex-ministro haver iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a Força Tarefa Lava Jato”, disse a nota.

Palocci, preso desde setembro de 2016, teria comunicado a Batochio que a saída dele teria sido uma “primeira exigência” da força-tarefa da Lava Jato. O advogado sempre se posicionou contra a delação como estratégia de defesa.

Palocci foi peça-chave nos governos do PT, como ministro da Fazenda no mandato Lula e da Casa Civil na gestão de Dilma, tendo sido afastado dos dois cargos após envolvimento em escândalos.

Palocci teria recebido a promessa de que “muito em breve” poderia ganhar a liberdade. Em abril, ao ser interrogado por Sérgio Moro em ação na qual é acusado de receber, em seu nome e do PT, R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht, o ex-ministro chegou a oferecer ao juiz “nomes e operações” e “um caminho, talvez, que vá lhe dar mais um ano de trabalho”.

Quando o Supremo Tribunal Federal concedeu habeas corpus ao ex-ministro José Dirceu, no início do mês, Palocci parecia ter recuado na intenção de delatar, o que foi desmentido pela nota de Batochio.

“Palocci não resistiu ao sofrimento psicológico que lhe foi imposto na Guantánamo meridional”, declarou o advogado, referindo-se a Curitiba. O especialista em delações Adriano Bretas assumiu a causa de Palocci.

Com as revelações das delações da Odebrecht, a situação de Palocci ficou ainda mais complicada. Por outro lado, tornou as informações supostamente detidas pelo ex-ministro mais valiosas. Marcelo Odebrecht afirmou que Palocci geria R$ 40 milhões de uma conta separada para “demandas que viessem de Lula”.

Clique aqui para ver a íntegra dos depoimentos de João Santana e Monica Moura, marqueteiros do PT nas campanhas de 2006, 2010 e 2014.

Clique aqui para ouvir os depoimentos de Monica Moura e João Santana ao juiz Sergio Moro.

Batochio, que defende Lula, referiu-se à prisão de Curitiba como “Guantánamo meridional”

NOTA DOS ADVOGADOS DO EX-PRESIDENTE LULA

O ex-presidente Lula nunca tratou direta ou indiretamente do financiamento das campanhas eleitorais em que foi candidato ou apoiador.

Lula sempre considerou este assunto de competência dos tesoureiros do partido e das campanhas, que prestam contas à Justiça Eleitoral.

São mentirosas, portanto, as afirmações atribuídas ao Sr. João Santana e à Sra. Monica Moura, claramente vinculadas à negociação de benefícios penais na Operação Lava Jato.

Hoje está muito claro que citar o nome de Lula tornou-se condição obrigatória para que réus e até condenados obtenham os favores na promotoria no âmbito da Operação Lava Jato. Há pedido formal de investigação protocolado na Procuradoria Geral da República com base em denúncia veiculada por órgãos de imprensa.

Nenhum dos delatores, no entanto, apresentou qualquer prova das menções feitas a Lula. Todas as menções se referem a supostas conversas com terceiras pessoas, ao ouvir dizer ou a conclusões subjetivas.

Uma ação penal se decide na base de provas. E provas contra Lula não há, porque ele sempre atuou dentro da lei.

Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins

NOTA DA ASSESSORIA DE DILMA ROUSSEFF

Mais uma vez delatores presos, buscando conseguir sua liberdade e a redução de pena, constroem versões falsas e fantasiosas.

A presidenta eleita Dilma Rousseff nunca negociou doações eleitorais ou ordenou quaisquer pagamentos ilegais a prestadores de serviços em suas campanhas, ou fora delas. Suas determinações sempre foram claras para que a lei seja sempre rigorosamente respeitada. Todos aqueles que trabalharam, ou conviveram com ela, sabem disso.

São mentirosas e descabidas as narrativas dos delatores sobre supostos diálogos acerca dos pagamentos de serviços de marketing. Dilma Rousseff jamais conversou com João Santana ou Monica Moura a respeito de caixa dois ou pagamentos no exterior. Tampouco tratou com quaisquer doadores ou prestadores de serviços de suas campanhas sobre tal assunto.

É fantasiosa a versão de que a presidenta eleita informava delatores sobre o andamento da Lava Jato. Essa tese não tem a menor plausibilidade. Dilma Rousseff jamais recebeu de quem quer que seja dados sigilosos sobre investigações. Todas as informações prestadas pelo Ministério da Justiça ocorreram na forma da lei. Tal suspeita é infundada e leviana.

Causa ainda mais espanto a versão de que por meio de uma suposta “mensagem enigmática” (estranhamente copiada em um computador pessoal), conforme a fantasia dos delatores, a presidenta tivesse tentado “avisá-los” de uma possível prisão. Tal versão é patética. Naquela ocasião, já era notório, a partir de informações divulgadas pela imprensa, que isso poderia ocorrer a qualquer momento.

Mais inverossímil ainda é a afirmação de que Dilma Rousseff teria recomendado que os delatores ficassem no exterior, uma vez que todos sabem que mandados de prisão expedidos no Brasil podem rapidamente ser cumpridos em países estrangeiros.

É risível imaginar que a presidenta da República recebeu informações de forma privilegiada e ilegal ao longo da Lava Jato. Isso seria presumir que a Polícia Federal, o Ministério Público ou o próprio Judiciário, por serem os detentores e guardiões dessas informações, teriam descumprido seus deveres legais.

O governo Dilma Rousseff sempre foi acusado, por diferentes segmentos políticos, de deixar as investigações prosseguirem de forma autônoma, “descontroladas”, não buscando interferir ou obter previamente informações a respeito. E, espantosamente, as acusações agora vão em sentido contrário. É preciso lembrar as declarações do senador Romero Jucá, de que era preciso tirar a presidenta para “estancar a sangria”, “num amplo acordo com Supremo”, “com tudo”.

No TSE, foi possível comprovar, nas alegações finais entregues no início desta semana, que tanto João Santana quanto Monica Moura prestaram falso testemunho perante a Justiça. A defesa já pediu investigação e a suspensão dos efeitos da delação premiada, tendo em vista que ambos faltaram com a verdade. As provas estão contidas nos autos do processo no TSE.

Dilma Rousseff acredita que, ao final de mais uma etapa desse processo político, como já provado anteriormente em relação a outras mentiras em delações premiadas, a verdade virá à tona e será restabelecida na Justiça.

Fonte: Viomundo.

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